… é o que muitos repetem para si mesmos, depois de reincidir em um erro, ou então errar em algo relativamente simples. Muitos acreditam que o sofrimento é uma punição por uma ação incorreta, mesmo que esta não tenha sido feita com maldade, visando o mal alheio.
Essa noção de punição por algo errado é muito bem enraizada em nossa mente desde pequenos, quando os pais, buscando o bem dos filhos, ameaçam-nos com punições. Não é incomum ouvir uma mãe ou um pai por aí dizendo: “Tira a mão daí, ou vai apanhar”, “Não vá lá, ou vai se machucar!”. Somos ensinados a respeitar, a temer a punição. Porém, a punição divina, que muito é usada para guiar o rebanho religioso através do medo, é uma afronta a tudo o que é sagrado dentro da espiritualidade.
É muito claro para mim, e deveria ser para você também, que se alguém age corretamente por medo da punição, não o faz de coração e, assim, a ação não tem valor algum em si mesma. O valor se dá na ação pelo sentido da ação, não por sua obrigação.
De fato, quando pensamos em punição por “agir errado”, precisamos ter em mente que o que ocorre é tão somente a reação de uma ação. Ora, se você cai de uma árvore e quebra a perna, você não foi punido por um ente superior porque não deveria ter subido lá. “Viu, Deus castiga!”. Quantas vezes você já não ouviu essa frase? É claro que Deus não castiga; e sim, eu sei que você pode pegar diversos versículos bíblicos onde está escrito que Deus mandou um anjo para castigar um povo desobediente. E aqui podemos entrar em uma conversa muito longa sobre cultura semita e tradução dos textos originais de forma adaptada.
A punição que vem de desobedecer a Deus, não se dá na indignação divina, mas na reação natural da vida em cometer um erro, seguindo nossa falha condição humana como guia. Quem quebra a perna caindo de uma árvore o faz somente porque era da natureza da queda ferir e, por diversas variáveis, naquele momento foi a vez da perna ser quebrada, pois havia uma chance de isso acontecer. É estatística. Se Deus deliberadamente castigasse os maus, não haveria tantos salafrários se dando bem na vida. Por isso é importante nos livrarmos dessa noção de que “Deus castiga” quem erra. A vida é que apenas entrega a reação adequada de uma ação inadequada. É só um evento na existência, relacionado a péssimas decisões. Decisões essas que fazemos sem o auxílio inspiracional de um ente superior, pois quando somos inspirados ao caminho correto, a vida tende a se desenrolar de forma primorosa.
Quando agimos de acordo com os influxos mais sublimes, exercemos o trabalho de conduites da luz e da sabedoria na Terra, através de boas ações e do trabalho pelo bem comum. Somos levados por “bons ventos” pelo caminho mais interessante e mais correto para nós, de acordo com nossos próprios objetivos. Assim, nós e a vida entramos num acordo harmônico onde o melhor de ambos é exaltado, culminando na felicidade verdadeira.
Por isso abram os ouvidos e inspirem-se. Deixem o que há de mais perfeito guiar suas vidas pelo caminho, pois ninguém pode querer-nos melhor do que aquele que nos criou.