Responda rápido: qual a sua religião? Você tem uma? Vai ao seu templo? Presta suas homenagens e orações? Responda rápido novamente: se, por algum motivo, você não fosse da sua religião, de qual religião seria? Teria alguma? Se você respondeu sim, talvez você não seja um torcedor religioso, se respondeu não, também. Confuso? Nem tanto.
Muitas pessoas nascem dentro de uma religião, geralmente porque a família já professava aquela crença há muito tempo; mesmo que nem sempre de forma correta ou com prática regular. Porém, a verdade é que a maioria das pessoas nasce com uma religião padrão, de berço, por assim dizer; o que pode ser bom, pois a maioria das religiões, em sua essência, professa os mesmos princípios, ainda que suas interpretações acabem sendo distorcidas ao longo dos anos e novas ramificações venham a surgir.
De um modo geral, falar da palavra religião, pode nos trazer duas formas muito importantes de entendê-la. Alguns veem sua origem no termo ‘religare’, isto é, religar-se ao divino; para outros, religião vem de ‘releger’, ou seja, re-ler, ler novamente, diversas vezes. E do que se trata esse ler? Ora, ler o mundo manifestado, para, estudando-o e refletindo sobre a manifestação, poder chegar a Deus.
E a pessoa que re-lê a vida até que se religue a Deus, consegue atingir um estado de união com o divino de forma a entender, a ver a essência dos princípios espirituais que são o cerne da maioria das religiões do mundo. Por isso arrisco a dizer, sem medo de errar, que a pessoa que é uma torcedora religiosa, que tem “seu time” e o acha melhor ou correto, não possui espiritualidade nenhuma, pois o verdadeiro religioso é aquele que entende os princípios espirituais e consegue percebê-los nas outras religiões. Sendo assim, para uma pessoa dessas, ser intolerante é impossível. Ela não é um torcedor fanático.
E aqui não estou dizendo que todas as religiões estão corretas. Seria um erro crasso sem tamanho. O que quero dizer é que a maioria delas nasce dos mesmos princípios, porém, vão se distorcendo ao longo de sua existência, perdendo-se do caminho inicial. Todavia o princípio está lá, no âmago da religião.
Esses princípios são o que ainda permitem aquele religioso se aproximar, mesmo que lento e aos tropeços, de Deus. Entretanto, é claro que existem aquelas religiões que, já avessas aos princípios espirituais que antes as regiam, passam a representar um perigo ao seu seguidor mais do que se este não tivesse nenhuma religião. Pois, nesses casos, antes ser apenas um espiritualista do que estar sob o jugo pesado de dogmas sem sentidos e que mais prendem e oprimem a alma do que estimulam sua busca espiritual.
O verdadeiro buscador da espiritualidade é aquele que, antes de tudo, tenta encontrar os princípios espirituais e reconhecê-los nas suas mais diversas embalagens dentro da história humana, ao redor das religiões que nasceram e que ainda vivem, que são professadas no mundo. O verdadeiro religioso é uma pessoa espiritualista, que busca a essência de Deus na manifestação e, por isso, é incapaz de se tornar um torcedor religioso fanático e intolerante. Por isso pare, repense, veja se você é uma pessoa espiritualizada de verdade. Busque sua evolução como ser espiritual, como ser mais humano.