Essa semana, ouvindo uma querida amiga falar sobre metas internas e externas, e falando ela a verdade, recordei de uma conversa de muito anos, onde eram discutidas as necessidades do ser humano em busca de um propósito de vida.
É comum ser repetido hoje em dia de que todos temos um propósito específico e particular de vida já estabelecido, um destino, de certa forma, um motivo de existência; que bastaria descobri-lo para, fazendo-o, sermos completamente felizes. Eu mesmo já acreditei nisso há muito tempo, quando me faltava compreender mais sobre esse aspecto. Mas fica claro, com alguma dedicação reflexiva sobre o assunto de que não, o ser humano não possui um propósito particular pré-estabelecido para cada um.
Quando somos crianças temos muitos sonhos e um deles geralmente se sobressai. Gostamos mais disso do que daquilo, e podemos declarar: então esse é meu propósito. Já pensei assim há muito tempo, mas é tolice. O homem é um ser em completa mutação, seus anseios, suas convicções, suas histórias mudam a cada momento, a cada nova descoberta, a cada novo caminho trilhado. E isso ocorre por um único motivo: somos vivos! Nossos sonhos se atualizam conforme crescemos, conforme amadurecemos e conquistamos experiências das mais diversas.
É triste pensar que, ainda hoje, muitas pessoas são pressionadas por familiares e amigos a seguir um caminho definido logo cedo. Caso contrário estaria em situação de perdedor, de inferioridade, mas não é verdade. As pessoas que “não se encontram”, são as que mais experimentam a vida. Elas testam, arriscam, trilham caminhos únicos, diferentes. Isso também é parte da experiência da vida. Isso é viver também.
A vida não é uma moeda com dois lados apenas: vencedor e perdedor. A vida é uma roleta com diversos caminhos e opções. E ainda que a realização do ser possa parecer que se dá ao atingir uma meta externa, como diria minha amiga querida Michelle Wolf, ela mesma deixa claro que esse tipo de meta não causa realização a ninguém, porque não é uma meta real. Ela não resiste ao tempo, não é eterna. É ilusória.
E, por isso mesmo, não deve ser levada tão a sério como se somente na sua conquista fizesse valer a vida; pois não é assim. A única meta realmente verdadeira é aquela de grandeza humana, de realização interna, de crescimento. E esse é o real sentido da vida: viver. Obter experiências positivas que engrandeçam o nosso interior. Esses são os únicos sonhos que realmente fazem sentido e causam realização pessoal. O resto é passageiro, impermanente, e por isso mesmo causam um vazio tão logo são conquistados. Dessas metas exteriores, sempre queremos mais. Nunca estaremos satisfeitos e, por isso mesmo, não devem ser levadas com tanto apego, tanto desespero.
Por isso busque viver, experimentar a vida, as opções, os sonhos. Trilhe diversos caminhos, arrisque, erre, acerte e viva com leveza; pois tenha em mente que o único objetivo verdadeiramente real, é aquele de crescimento como ser humano em favor do bem.