Eu sou doente. Pelo menos é o que leio em muitos artigos de psicologia quando tento entender porque sou o tempo todo positivo com tudo (e não que eu não goste de ser positivo para me dar ao trabalho de pesquisar isso, mas quis entender porque eu sou assim, enquanto muitas outras pessoas não são). Sempre busco ver o lado bom e, mesmo nos momentos mais adversos, eu busco um equilíbrio emocional positivo e lido com o problema da melhor forma possível. E sim, existem muitos artigos psicológicos que dizem que isso é um problema. Por quê? Eu sei o porquê eles dizem isso, mas vou deixar para vocês refletirem sobre.
Ser positivo não significa que eu não fique irritado ou bravo com algo. Fico, claro; é uma resposta emocional instantânea a uma adversidade inesperada, mas em seguida eu já resolvo esse problema internamente e vejo o lado positivo. Todavia, isso também não significa que eu ignore o problema; não é isso. Eu lido com ele da forma mais otimista possível e, mesmo que o resultado não seja favorável, ainda assim, passada a resposta emocional instantânea de descontentamento, absorvo aquilo à luz da minha paz. Afinal, existem muitas coisas que são difíceis de controlar ou prever na vida, tornando certos problemas quase inevitáveis. Quase.
É verdade que eu me irrito com algumas coisas e resmungo muito na hora, mas sempre encaro de forma positiva. Entretanto, são raríssimos os momentos em que me pego triste. Raríssimos mesmo; geralmente por algo muito forte, como o passamento de alguém muito querido por mim. E, sim, mesmo nesses momentos, o choro possui uma compreensão positiva e é uma tristeza lúcida, sobre a qual eu mantenho a razão. Nesses casos, o choro é uma escolha, porque faz bem, mas não significa tristeza. Não evoca necessariamente esse sentimento.
Eu não sei bem quando comecei a desenvolver essa paz emocional; e não recordo da última vez que passei por um momento conflitante onde entrei em desespero. Bem, talvez aos quinze anos, por um amor adolescente não correspondido. Pode ser, mas foi breve, disso tenho certeza.
Uma das coisas que me mantém em constante paz é a luz que trago em mim, resultado da forte busca espiritual, por assim dizer. E paz, nesse sentido, não é a ausência de raiva ou indignação, mas o controle sobre essas coisas ao ponto de não ser dominado jamais por sentimentos negativos. Pois, através desse cultivo espiritual de uma vida, eu aprendi a observar esses sentimentos, percebê-los crescendo e, assim, compreendi como impor minha vontade sobre eles, cessando-os sem muito esforço. Mas, sim, é resultado da dedicação de uma vida em prol desse aprofundamento espiritual. Não é algo simples que se conquista da noite para o dia.
Mas nessas décadas de dedicação, uma coisa aprendi: voltar-se para dentro e buscar a verdadeira espiritualidade é o primeiro passo para extirpar toda solidão, vazio e tristeza que pode devorar a vida humana.