Esses dias, tendo uma conversa filosófica com um grande amigo, debatemos o que era a vida e se alguém, nos caso ele ou eu, sabíamos mais da vida um do que o outro. Uma pergunta com resposta complicada, porque primeiro se faz necessário saber o que é a vida propriamente dita. Um trabalho ainda sem respostas até hoje. Logo aquela questão era sem sentido.
Porém, ele continuou, cético que é, a questionar o propósito da espiritualidade; se existisse algo além, algo incrível, uma espécie de iluminação, por que ela não estaria disponível a todos? Alguém iluminado compartilharia algo tão grandioso com o mundo. E prosseguiu levantando alguns argumentos usados por ai de que “a iluminação é para quem merece, quem segue os preceitos ou coisas assim”, quase como uma bonificação, um prêmio para quem anda na linha, no qual ele desacredita fortemente,e eu também.
Ora, de fato, eu levantei outra reflexão para ele: e se esse conhecimento fosse tão simples, tão acessível, tão fácil de compreender e estivesse disponível desde sempre de tal forma que não nos déssemos conta e achássemos, como ele mesmo disse, “balela”? Não seria então um prêmio para os escolhidos, mas a nossa arrogância e incapacidade de ver a simplicidade das coisas que nos impediria de acessar tamanho conhecimento.
Algumas pessoas acham de extrema arrogância alguns religiosos dizerem que tudo existe para o ser humano, mas o inverso é tão verdade quanto, pois acham que o ser humano sozinho é capaz de tudo. E que só existe o que seus limitados sentidos externos conseguem observar. De fato é triste pensar que alguém só consegue perceber seus sentidos externos e nada mais. Há, nessas pessoas, um vazio interno, uma solidão que elas não conseguem preencher, nem compreender de onde vem, pois sequer estão dispostas a se abrirem para outros sentidos mais sutis e, assim, lhes falta sempre uma parte.
“Ah, mas se existe isso, me prove!” Ora, o que é passível de ser provado pelos meios que eles esperam são coisas que são aptas ao escrutínio dos cinco sentidos externos. Essas pessoas estão limitadas dentro dessa bolha e nada fora disso lhes pode ser apresentado, pois não veem além de suas limitações. É uma pena, de verdade, pensar que alguém que está dentro de uma caixa fechada acredite que tudo o que existe é somente o que está dentro dos limites daquela caixa; uma vez que um mundo completamente vivo se estende além de seus básicos sentidos externos.
É saudável entendermos, através da ciência, o quão pequenos somos perante o Universo cheio de estrelas longevas, e quão ínfima e breve é a passagem do ser humano pela manifestação; mas é plenamente mais saudável entender que, mesmo nessa pequenez, o sentido da existência humana ultrapassa o das próprias estrelas que não podem mudar nada no curso de seu propósito e nem perceber as sutilezas das transformações da vida, da qual o ser humano é parte e, por isso, eterno em existência. A vida não termina quando o corpo deixa de se manifestar. A vida continua. E não falo por espíritos, almas, fantasmas, mas pela própria vida, que segue existindo por si e, sendo o ser humano parte dela, com ela segue.
Perceber essa grandiosidade na pequenez humana é o que faz de nós a manifestação mais sublime da existência, pois toda a beleza do Universo só existe, de verdade, através de nossos olhos.