O fim bate à nossa porta

Amanhã é o último dia do ano de 2020 e isso significa muito. É o fim de uma jornada de 150 milhões de quilômetros ao redor do Sol, nosso astro rei. E estamos hoje, 11 bilhões e 600 milhões de quilômetros mais distantes de onde estávamos há um ano. É realmente uma longa jornada.

Esse ano foi um período de extremos. Tudo foi maximizado: o medo, o amor, a violência, a caridade, o desespero e, claro, a esperança. Umas famílias se tornaram mais unidas, enquanto outras foram completamente destruídas. Um ano para entrar, definitivamente, para os livros de história. Nunca o caráter das pessoas foi tão exposto como nesse espaço de 366 dias. Sim, esse foi um ano bissexto.

Porém, você que lê esse texto… você é um sobrevivente. Você superou o medo, o risco, a economia em queda e a própria doença. Você ainda está aqui. E isso é algo para se celebrar. Você venceu 2020. E, agora, passamos para 2021 com muitas cicatrizes de batalha e, obviamente, seguimos muito mais fortes. Nós nos reinventamos, nós nos adaptamos e evoluímos. E, quando digo nós, refiro-me ao mundo todo.

Essa foi uma batalha global como nunca antes tínhamos visto. Um esforço unificado de todos os cientistas do mundo, com o suporte psicológico e espiritual de todos ao redor, para que pudéssemos vencer, enquanto humanidade, essa doença que tentou nos extirpar.

Entretanto devemos ter esse evento de proporções bíblicas como uma mensagem muito clara da natureza: nós estamos em desequilíbrio com ela. Nós, que deveríamos manter a população abaixo da casa do bilhão, para que o planeta se mantenha sustentável, estamos acima de sete bilhões. Consumimos a natureza de forma tão predatória que a nossa mãe Terra não tem tempo para se recuperar. Não estamos deixando espaço para a natureza e, ela, é claro, vai lutar para sobreviver.

Todavia, esse acontecimento serviu para nos unir como humanidade, sob o manto da caridade e do amor ao próximo em um único pensamento: viver. Passamos a valorizar mais a beleza e o amor das coisas simples, pois perdemos uma liberdade que, até então, não tínhamos noção do quão importante era. Percebemos também que, em pleno século 21, ainda devemos controlar a paixão, a tradição e a crença cega, com a razão equilibrada; pois rapidamente a ignorância se sobrepõe e, com ela, vêm as diversas mazelas do mundo.

Então que 2020 seja um ótimo mestre para que encaremos 2021 com os olhos do sábio que entende que ele e a natureza são simbiontes, isto é, que deveriam coexistir de forma harmoniosa e integrada, um cuidado do outro. Por isso, desejo a todos, para esse novo ciclo que se inicia à nossa frente, que os eventos que passamos possam inspirar uma nova atitude em prol dos outros, da vida e da humanidade. Esta que se mostrou novamente muito frágil em diversos níveis sociais e psicológicos e que precisa se reconstruir atualizada e melhorada para poder enfrentar os desafios que ainda estão por vir; pois ainda há muito que fazer.

Sejamos, daqui para frente, melhores em tudo o que nos define como seres humanos. Sejamos amigos, pacientes, tolerantes e, acima de tudo, companheiros; pois é o que somos: navegantes desse astro que voa a mais de um milhão de quilômetros por hora pelo espaço infinito. E, ainda que sejamos menos que nada para o Universo, somos tudo o que temos.

Um Feliz Ano novo a todos e que 2021 seja de pura prosperidade! Um fraterno abraço a todos…

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