Tenho quase certeza de que, se você já sofreu por amor, você já pensou algo parecido com essa frase. Mas, por que pensamos que o amor deveria ser algo eterno? Só há uma única verdade no universo: tudo é cíclico. Tudo muda. Nada é absoluto. A própria vida é efêmera e, em um piscar de olhos do universo, toda uma civilização nasce, cresce, desenvolve-se e desaparece para nunca mais ser lembrada; como se nunca tivesse existido. Por que o amor deveria ser diferente? Por que o amor deveria superar o tempo e o próprio universo?
Não tenho muitos anos de vida, mas a experiência não é medida por tempo, mas por intensidade. E, nesses mais de dez anos em um relacionamento feliz e amoroso com a mesma pessoa, aprendi algumas coisas sobre o amor. Uma delas, e talvez a mais importante, é que o amor é um fluxo de harmonia, de altos e baixos, de alegria e tristeza, de dor e alívio. É assim porque é o reflexo do próprio universo. Tudo tem fluxo e refluxo, isto é, suas marés. O universo é o modelo e, nós, as réplicas.
Mente a mente, de cima a baixo, presos às causas e efeitos. E, ao entender que as coisas seguem nessa ordem, nós podemos nos libertar desse pensamento de que o amor é eterno e o sofrer por amor torna-se alegrar-se por amor. Saber perceber os momentos em que o amor está em alta e, nos momentos em que está em baixa, conseguir nutri-lo ativamente para que, então, ele tenha tempo para voltar a ficar em alta.
É importante ter em mente que você só é responsável por si mesmo e só pode nutrir seu próprio amor pela outra pessoa. Não pode nunca, jamais, nutrir o amor da outra pessoa. Um erro muito comum é achar que o fato de darmos amor a alguém constitui a obrigação de termos amor em retorno. Não é assim que funciona. Você é responsável unicamente por si mesmo. Cada ser humano é único e livre. Estar com outra pessoa é um mimo da vida, é um presente, uma dádiva. Não é um direito seu.
No meu relacionamento, percebi que, depois de muitos anos de amor, amizade e companheirismo, o amor se torna algo além, quase que uma adoração. E não no sentido de depender de outra pessoa, não, mas no sentido de saber aproveitar e agradecer cada segundo ao lado dela. E, exatamente por isso, quando você aprende que o amor é uma dádiva e que alguém está dedicando parte de sua vida a você e, por isso, você deveria ser imensamente grato, você compreende a dança linda e harmoniosa dos altos e baixos do amor. Que ele não é uma linha reta e eterna de felicidade, mas um puxo e repuxo de pólos opostos, mas complementares.
E quando você sabe que atingiu esse ponto de harmonia? Ora, quando você acordar, depois de muitos anos de relacionamento e, olhando para o seu lado, ficar imensamente grato de poder, por mais um dia, contemplar a beleza daquela vida que pulsa junto a você, dividindo tudo o que ela é, todos os seus sonhos e, de quebra, perceber que ainda estão de mãos dadas.