Já dizem os “sábios” contemporâneos da nova era gratiluz que deus está em nós; um deus pessoal interior com o qual precisamos nos conectar, para evoluirmos a um estágio superior, mais elevado de consciência. E é um pensamento válido (ainda que equivocado), porque ele permite práticas que podem levar o praticante a um momento interessante de descoberta (do que realmente é a espiritualidade), caso ele se dedique internamente ao que professa. O mesmo é válido para as orações reflexivas de religiões Abraâmicas, como o cristianismo (com exceção das formas mais inflamadas que se vê em muitas denominações que só causam mal), o islamismo e o judaísmo; e tantas outras.
A busca pela serenidade e o aprofundamento de si em si mesmo, levam, de formas diferentes, pelo mesmo Caminho. Seja a meditação budista ou da Yoga, o transe judaico durante a oração, a paz do muçulmano ao baixar a cabeça em oração, a oração contemplativa do cristão, todos têm por objetivo Silenciar a Mente Animal, causadora de todo os transtornos e tropeços da vida, para então ouvir a vontade de Deus; diferente de outros cultos, crenças e práticas que inflamam a emoção, entorpecem a mente em drogas alucinógenas e causam uma euforia exacerbada. Essas só criam mais caos na Mente Animal e geram um falso sentimento de espiritualidade que, na verdade, não passa de ilusão, pois a Mente Humana se afunda cada vez mais na teia escura da Mente Animal, e, assim, não consegue escutar verdadeiramente o que Deus lhe diz.
Compreender a verdade liberta a mente das amarras dos dogmas religiosos criados por seres humanos. Que, com o pouco que conseguiram alcançar de espiritualidade, preencheram as lacunas com seus problemas, crenças e anseios temporais e culturais de onde viviam. Mas longe de eu estar crucificando essas religiões; antes eu estou dizendo que foi a partir delas que se pode buscar, com o tempo, aprofundar-se nos Mistérios da Espiritualidade e desvendar mais e mais seus segredos.
Hoje, olhando em retrospectiva, percebo como todas as grandes religiões, as mais antigas, apontam, dentro de sua limitação, para o mesmo lugar. E, por isso, mesmo com todos os seus problemas, levarão seus fiéis pelo mesmo Caminho. Uns mais lentos, outros mais rápidos, mas todos, em algum momento, seja nessa ou em uma próxima, despertarão para a Verdade Última, e poderão ver e rir, ao entender como tudo funciona, de fato. Verão através das pessoas, sem notar mais a superficialidade da etnia, raça, sexualidade, crenças e dogmas. Entenderão o fluxo da vida e as necessidades de sua manifestação. Verão Deus em tudo; não porque deus está em tudo, mas porque tudo está em Deus. E, ainda que possa parecer a mesma afirmação, não é.
Quando abrirem-se os olhos para essa Verdade Última, então toda a ilusão de individualidade sumirá, não porque se quer acreditar nisso e porque se reforça isso racionalmente, mas porque o véu dessa ilusão se extinguirá, e será impossível não compreender a unidade de tudo dentro de Deus. Um Deus perfeito, sem começo e nem fim, cujo todas as ações são para a plenitude da felicidade da vida. E, quando os olhos de alguém se abrem para isso, um novo nascimento ocorre e os anseios serão de outras esferas, e então, aí, e somente aí, ele se encontrará na sua verdadeira concepção de ser humano.