A ignorância como ponto de vista

Formei-me no ensino fundamental e médio em escola pública, e tive a oportunidade de fazer meu ensino superior em uma universidade incrível particular. Porém, em ambos os lados, seja público ou privado, uma mesma coisa aprendi: senso crítico. No ensino fundamental e médio, aprendi ciência básica, matemática básica, e me foram dadas as ferramentas para poder medir e interagir com o mundo. No ensino superior foram me dadas as chaves para entender aquelas ferramentas. Foi me ensinado como eu poderia, por mim mesmo, checar verdades que, antes, eram dogmáticas; ou seja, aquelas onde “é assim porque é assim”.

Hoje em dia, é inacreditável o cansaço e o esgotamento a que levam a luta contra a ignorância que, amparada pela “liberdade de pensamento”, acha que pode simplesmente declarar que é “seu ponto de vista” e ele precisa ser aceito. Ele não precisa, não. Liberdade de pensamento só tem aquele que pode duvidar, checar e que pode questionar. Isso é liberdade de pensamento.

Nos dias de hoje, inacreditavelmente, ainda existem pessoas que defendem a Terra Plana, ou desacreditem na eficácia das vacinas. Quais suas fontes? Nenhuma além da própria ignorância. Diversos argumentos infundados dos mais diversos, que nem mesmo entre eles são coesos, são cansativamente vencidos e explicados, um por um, por quem tem a verdadeira liberdade de pensamento, que são livres buscadores das respostas, livres de dogmas: os cientistas.

A ciência não cogita, não imagina, não acha. A ciência verifica. E ela não verifica por meios particulares de cada um, por meios subjetivos. A ciência trabalha com o objetivo. A ciência é capaz de descartar ideias que não são validadas no fim de uma pesquisa. Ela não fica apegada ou magoada. Ela simplesmente evolui. Porém, aquilo que já foi exaustivamente comprovado, diversas vezes, por diversos métodos e pessoas, torna-se um fato. Tal como a queda de uma caneta largada de um prédio em direção ao chão. Ela vai cair, não importa se quem larga acredita ou não. A verdade é imutável e ela não depende de nossa aceitação. Nós é que devemos buscar entendê-la da melhor forma, dentro das nossas capacidades. E se algumas coisas não se entendem ainda aos olhos da ciência, não são descartadas. Elas aguardam a evolução da própria ciência para, quem sabe um dia, serem revisadas.

A Terra Plana e as vacinas são dois tópicos que hoje, infelizmente, dividem pessoas. Divide entre as que pensam e as que não pensam; que só se apegam ao dogma e fecham os olhos para os fatos. E, infelizmente, a maioria dessas pessoas, se não todas, são religiosas (por isso o dogma). E está tudo bem. Eu sou cristão. E, como eu, existem muitos outros que têm senso crítico. Porém, aqueles que não têm, pensam assim por não conseguir entender as próprias escrituras das quais são crentes. Não as estudam direito, não as conhecem de verdade e, assim, são presas ao que os outros dizem a elas. E, tudo aquilo que não se encaixa com sua verdade dogmática, precisa veementemente ser rebatida, nem que para isso tenha-se que criar as mais mirabolantes teorias sem embasamento nem validação nenhuma.

A ciência não nega a religião. De fato, uma deveria andar de mãos dadas com a outra. Uma é objetiva, a outra subjetiva. Uma trata da matéria, a outra do espírito. Uma leva a compreensão do mundo humano, a outra, de Deus. E a harmonia de ambas deveria trazer o ápice da perfeição humana. Por isso, abra os olhos, estude, cresça, evolua.

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