Ao falar em ambiente de trabalho, engana-se quem pensa que a poluição sonora está relacionada somente a máquinas e indústrias, ou a equipamentos do gênero, que fazem muito barulho e prejudicam as atividades e a saúde dos funcionários. Mesmo dentro de um escritório, a saúde sonora do ambiente é um fator a ser considerado, visto que certos ruídos podem atrapalhar a produtividade, estressar o indivíduo e, por consequência, baixar sua imunidade a certas doenças.
“No escritório, em especial, por ser um ambiente de trabalho fechado, é muito importante que tenhamos cuidado com a intensidade dos ruídos. Às vezes, um ar condicionado, por exemplo, pode apresentar um ruído mais alto e isso poderá atrapalhar a concentração”, exemplifica a fonoaudióloga Ana Fell. Uma grande quantidade de pessoas, com colegas que falam alto, e barulhos de digitação, também são fatores.
Foi levando em conta essas possibilidades que nasceram os Programas de Conservação Auditiva (PCA’s). Eles são um conjunto de medidas coordenadas que buscam analisar a situação do ambiente de trabalho de uma empresa para adequá-la e melhorar a qualidade de vida do trabalhador. “Para avaliarmos a necessidade de implantação deste Programa dentro da empresa, uma das ações é a necessidade de medição do ruído através de um equipamento chamado Decibelímetro, que mede a intensidade sonora encontrada no ambiente por Decibel”, explica Ana. É um fonoaudiólogo contratado que realiza este trabalho.
Além dos ruídos específicos, a opção pela música no ambiente também deve ser cuidada, com o volume colocado no aparelho não ultrapassando o som da fala. Para o caso de fones de ouvidos, a fonoaudióloga orienta que a intensidade escolhida deve permitir que seja possível a comunicação do usuário com outras pessoas, mesmo com o uso do equipamento. “Assim você garante que o volume do seu fone de ouvido não está tão alto”, coloca. Usar os fones com o intuito de abafar o som ao redor é uma atitude potencialmente nociva à saúde auditiva.
Sendo a fonte que for, é rara uma atividade onde a pessoa não esteja condicionada a existência de algum ruído. A nocividade dele, no entanto, está relacionada a fatores como o tempo de exposição; a distância entre o indivíduo e o emissor do barulho; e a forma como ele é emitido. Qualquer que seja o som, ele é propagado pelo ar, gerando vibrações na parte interna do ouvido, que, se emitidos de forma harmônica e/ou em baixos tons, não trazem problemas. A situação começa a se complicar quando ele se torna uma mistura de vibrações e intensidades, trazendo alguns riscos.
Conheça alguns problemas relacionados
Respeitando as intensidades e a situação individual da cada empresa e funcionário, o portal Segurança do Trabalho listou alguns possíveis problemas de saúde relacionados à má gestão de ruídos dentro do ambiente de trabalho:
Perda de audição: sons altos e intensos podem provocar a perda da capacidade auditiva, total ou parcial, de acordo com o tempo e grau de exposição do trabalhador ao som.
Dores de cabeça e no ouvido: as vibrações ocorrem na membrana timpânica, que passa a vibrar também com a chegada do som. O ruído pode provocar incômodos como dores de cabeça e dores no ouvido.
Problemas psicológicos: devido ao fato do ruído atuar internamente, seus efeitos são bastante incômodos, impedindo o raciocínio, calma e tranquilidade, ocasionando problemas de estresse, que por sua vez pode provocar depressão, fadiga, ansiedade e outros transtornos mentais.
Problemas indiretos: um ruído pode atrapalhar um trabalhador também por conta da distração, quando um som influencia na atenção do funcionário, no exercício de seu cargo, bem como pode evitar que o trabalhador não consiga ouvir conversas, ordens e alarmes.