O estado registrou, no dia 21, a primeira morte em decorrência da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica. A vítima foi um menino de sete anos, residente em Alto Feliz, município do Vale do Caí. A doença está associada à covid-19, tendo manifestações de três a quatro semanas após a infecção.
De acordo com o infectologista pediátrico da Santa Casa de Porto Alegre, Fabrizio Motta, a síndrome é considerada rara, pois até agora atingiu apenas 0,05% das crianças infectadas pela covid-19. “O Estado teve 25 casos confirmados dessa síndrome dentre os 45 mil casos de coronavírus em crianças de 0 a 15 anos. Então se a gente for dividir vai ver que é 0,05% dos casos que tiveram essa síndrome inflamatória”, explica. Mas apesar da baixa incidência o médico alerta que é importante que os pais conheçam os sintomas da doença para procurar atendimento ainda no início, pois o diagnóstico precoce é fundamental.
A Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica passou a ser diagnosticada após o surgimento da covid-19. “Quem causa essa síndrome é o vírus, ela surge depois que a criança já está assintomática e volta causando um quadro no organismo totalmente inflamatório”, destaca Motta. Os principais sintomas são: febre, vermelhidão nos olhos, boca vermelha, vermelhidão na pele, dor abdominal, diarréia, vômito e quadro de irritabilidade.
Segundo o médico, o diagnóstico da doença é clínico. Associado a isso, é importante avaliar se teve algum caso de coronavírus na família no último mês ou se a própria criança foi diagnosticada com a doença no mesmo período. O tratamento usado para conter a síndrome busca combater o processo inflamatório. “A gente tem algumas drogas, principalmente imunoglobulina humana, que é um pool de anticorpos que agem diminuindo a inflamação. Em casos mais graves usam-se os corticóides, geralmente em doses altas, e assim se consegue acabar com o processo inflamatório, que é o que causa todo o estrago”, explica Motta.
Em quadros inflamatórios mais graves a doença também pode levar a complicações cardiológicas, como arritmia e falência cardíaca. “Muitas vezes a criança precisa de ventilação mecânica até que a gente consiga, com as medicações, cortar as inflamações e começar aos poucos a voltar ao normal”, aponta o infectologista.
Segundo o médico, a principal forma de prevenção é evitar que a criança adquira o coronavírus. Para isso é necessário manter o distanciamento social, usar os equipamentos de proteção individual e evitar o contato com pessoas que estão infectadas com a Covid-19.