Nas últimas semanas, as altas temperaturas se fizeram presentes em todo estado do Rio Grande do Sul, o que levou a população a se adaptar ao típico clima do Verão. Entre as tantas tentativas de escapar do calor, um fato chamou atenção no jogo do Internacional contra o São José, no Passo D’Areia, em Porto Alegre. Em um gramado sintético, a partida rolou sob uma temperatura que chegou a marcar 61 graus, e para evitar que os pés dos atletas sofressem lesões, os jogadores do Inter mergulharam as chuteiras em recipientes com gelo e água fria.
Além do uso do gelo, o Inter também pediu para arbitragem realizar duas paradas técnicas no primeiro tempo. A ideia da comissão técnica foi de dar a chance de hidratação ao elenco diante do sintético quente e sensação térmica na partida do dia 27 de janeiro.
A temperatura elevada é uma das características do Passo D’Areia desde 2011, quando o estádio recebeu o novo de gramado artificial. No final do ano passado, o São José iniciou uma reforma e instalou novo sistema de irrigação. De acordo com os dirigentes do clube, o ato de molhar o campo ajuda a minimizar o calor excessivo.
O fisioterapeuta Osteopata, Luis Felipe Contri, explica que a técnica funciona como uma medida preventiva contra possíveis processos de inflamação. “Por ser um material sintético, ele retém mais calor e se você está com os pés o tempo todo em contato com essa superfície, de corpo aquecido e circulando sangue, isso vai te deixar mais sensível para que surjam aquelas bolhas”, disse o especialista. “Dessa forma, surge um processo inflamatório por conta da lesão, assim, como uma resposta natural do corpo, a inflamação vai querer curar esse lessaõ.”
Conforme o especialista, essa é uma técnica profilática, que são medidas preventivas tomadas para evitar ou curar determinados traumas, assim, o gelo serve para estancar a chegada do sangue que leva a inflamação para o local da lesão.
“Se você teve uma entorse no tornozelo ou uma queimadura, por exemplo, e colocar gelo no local, irá perceber alguns benefícios, mas as pessoas precisam saber que, dependendo de cada caso [tipo de pele e traumas], o gelo deve ser utilizado de 15 a 20 minutos, não mais que isso”, alerta o fisioterapeuta.
“Nada de usar pano, o contato com o gelo deve direto porque essa área precisa ser congelada para evitar a circulação de sangue”, completou o especialista.
Crioterapia utiliza o frio para recuperação de atletas
Apesar de aguçar a curiosidade dos gaúcho nos últimos dias, a crioterapia (processo terapêutico baseado em aplicações de gelo) é mais comum do que ser imagina dentro do esporte. Entre os atletas de alto rendimento, existe muito desgaste com a presença de microlesões de fibras musculares, ou seja, processos inflamatórios acontecendo. Para ajudar em situações como essas, jogadores de futebol e lutadores de MMA, por exemplo, chegam a entrar em banheiras repletas de gelo após as disputas ou treinamento.
“Por conta do desempenho, esses atletas tem uma saturação muito alta, então essas banheiras de gelo é uma prevenção porque existem essas pequenas rupturas no corpo todo, o que causa dor”, salienta Luis Felipe Contri.
Ao contrário do que muitos pensam, a inflamação é a responsável pelo processo de cura do corpo, mas de uma forma equivocada, o metabolismo lança excesso de inflamação no local do trauma, em uma tentativa de ajudar de forma rápida. “Assim, ela acaba atrapalhando gerando repercussões negativas como inchaço local, calor e desconforto de forma mais aguda”, completa o fisioterapeuta, destacando a importância do gelo nos processos de inflamação.