O final de 2017 trouxe ao Brasil uma marca de pioneirismo na Medicina. É que no último dia 15, em São Paulo, nasceu o primeiro bebê gerado em um útero transplantado de uma doadora morta. A cesariana ocorreu no Hospital das Clínicas da capital paulista. O transplante de útero é uma cirurgia muito rara no mundo. Em 2014, a Suécia realizou o primeiro parto de uma criança gerada em útero transplantado. O que torna o caso brasileiro ainda mais especial é que nos procedimentos anteriores a doadora do útero estava viva.
O transplante aconteceu em 2016. Meses depois, foi feita a inseminação artificial. O feito é uma conquista da equipe de ginecologia do Hospital das Clínicas em colaboração com o grupo de transplante hepático da Universidade de São Paulo (USP).
Como em qualquer outro transplante, o de útero requer o uso de medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição. Por isso, após o parto, o órgão foi retirado e a mãe poderá parar de usar os medicamentos. Terá uma vida normal, agora com o sonho realizado. A gestante não teve o nome divulgado.
Médicos da Turquia e dos EUA já haviam tentado gerar uma criança a partir da doação de um útero de doadora com morte cerebral. Porém, no caso americano o corpo da receptora rejeitou o órgão e, no turco, houve um aborto espontâneo. A técnica ainda é experimental, mas o caso de sucesso realizado no Brasil abre a possibilidade para inúmeras mulheres que sonham em ser mãe e não têm essa possibilidade. A doação do útero ocorrerá como a de qualquer órgão, com a família autorizando após confirmada a morte cerebral.