Importantes imunizações tiveram acentuada queda nas aplicações. Assim como é registrado por todo o país, a pandemia acelerou um processo preocupante que já vinha ocorrendo: queda no número de crianças que recebe imunizações básicas e importantes para se manterem saudáveis. Considerando as doses aplicadas de janeiro a agosto de 2019 com o mesmo período de 2020, a situação mais preocupante em Montenegro é da Tríplice Viral (Dose 1) que, em 2019 tinha 90.77% de imunização e neste ano teve 63.08%, numa queda que beira os 30%. Esta vacina protege as crianças contra sarampo, caxumba e rubéola, doenças evitáveis, mas possivelmente graves e que podem deixar sequelas sérias.
A enfermeira Nicole Ternes, chefe do setor de Imunizações em Montenegro, explica que todas as vacinas preconizadas pelo Ministério da Saúde são de extrema importância. Porém, existem algumas selecionadas através de pacto entre os municípios, Estados e Distrito Federal, que estão incluídas em rol de prioridades. “As vacinas selecionadas estão voltadas para o controle de doenças de significativa importância, sendo fundamental a manutenção de elevadas e homogêneas coberturas vacinais como estratégia para manter e ou avançar em relação à situação atual”, destaca Nicole.
A Tríplice Viral é justamente uma delas. As outras são a Pentavalente, que previne a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B, entre outras doenças. Entre janeiro de agosto de 2019 Montenegro alcançou 86.82% de imunização, enquanto no mesmo período de 2020 o número cai para 61.23%. Já quanto a vacina Pneumocócica 10-valente, que previne as infecções causadas pelo pneumococo, responsável por doenças com elevadas cargas de mortalidade e morbidade na população infantil, a imunização caiu no mesmo período de 2019 para 2020 de 87.08% para 66.46%. A proteção contra a Poliomielite, doença grave em fase de erradicação global também está neste rol das vacinas importantíssimas. Mas, em Montenegro, sua aplicação caiu de 85.69% para 60.00% no período comparado.
Esta baixa na imunização não é algo restrito a Montenegro. Ao contrário. Os números de 1ª Coordenadoria em Saúde do Estado (1ª CRS) – que inclui, além de Montenegro, cidades como Brochier, Maratá, Pareci Novo, São José do Sul, São Sebastião do Caí e Triunfo – e do Rio Grande do Sul como um todo, apresentam dados similares, ou, até piores. Em 2020, a Pentavalente (Dose 3) teve na 1ª CRS apenas 55.09% de imunização.
A pandemia do novo coronavírus teve papel relevante nesta baixa na procura pelas imunizações. Com medo da contaminação, muitos pais evitaram levar os filhos até os postos de saúde ou clinicas particulares para se vacinarem. Um erro, dizem os especialistas, que precisa ser corrigido o quanto antes. Para a chefe do setor de vacinação em Montenegro, a queda brusca na procura pelas vacinas se deve ao momento delicado que o mundo está passando, porém, no nosso país, os números estão em decadência há alguns anos. Ela cita diversos fatores que contribuem negativamente para que as metas não sejam atingidas, estando entre eles Fake News desenfreadas, movimentos anti-vacinas que se fortalecem a cada ano, falta de imunobiológicos na distribuição aos municípios e, consequentemente, nas salas de vacinas.
“A população deve se conscientizar que doenças graves, que já estavam erradicadas há anos no nosso país, podem retornar caso a proteção da população não esteja efetiva, como foi com o sarampo em 2019. Com a cobertura vacinal adequada, também estarão protegidas as pessoas, que por algum motivo, não podem receber determinado imunobiológico” incentiva Nicole Ternes, num pensamento de proteção individual e também coletiva. Ela lembra, ainda, a importância de respeitar o esquema completo das doses, recomendado para cada vacina. Apenas com o esquema completo que se pode considerar a criança imunizada.
Onde e quando se vacinar
– ESF1 Germano Henke – 8h30 – 11h30/ 13hs – 16hs
– ESF3 Industrial – 8h30 – 11h30/ 13h30 – 16h30
– SMS Timbaúva -7h30 – 17h30
– UBS Centro – 7h30 – 18hs
Aviso: devido ao baixo quantitativo enviado aos municípios, as vacinas BCG e antirrábica são aplicadas exclusivamente na SMS em datas e horários específicos devido ao prazo de validade do frasco após aberto. A BCG aplicada em segunda-feira das 13h30 às 17hs e em sexta-feira das 7h30 – 12hs. Já a Antirrábica, diariamente, das 10hs às 16hs.
O risco do retorno de doenças antes erradicadas
Quando as armas disponíveis contra as doenças não são utilizadas como deveriam, corre-se o risco de ver crescer o registro de doenças perigosas. É o caso do sarampo, uma doença infecto contagiosa da qual os mais jovens pouco ouviram falar, mas que reapareceu e que atualmente é fonte de preocupação. É o que destaca a pediatra da prefeitura de Montenegro Juliana Motta Sebben. “As doenças que podem retornar são todas aquelas cobertas pelas vacinações, como meningite, pneumonias graves, sarampo, rubéola”, lista a especialista. Ela e a também profissional do executivo montenegrino, enfermeira Cleusa Kunrath, reiteram que não há nenhuma justificativa razoável para deixar de imunizar as crianças. “Todas as vacinas são testadas em ensaios clínicos e são seguras para a população. Inclusive pacientes com alguma contraindicação, existem vacinas específicas para esse grupo populacional”, diz Cleusa.
Respeitar o calendário vacinal é importante. A imunização deve ser oferecida no período em que a criança está com o sistema imunológico em formação, mais frágil, portanto mais suscetível a contrair doenças. Levar a criança após o recomendado aumenta a chance de contrair a doença. Mas, se passou da hora, a orientação é levar mesmo assim. Melhor imunizar tarde do que não oferecer a proteção. O calendário vacinal oferecido pelo SUS é considerado muito completo. “Se todas as crianças forem vacinadas corretamente, será evitada a incidência de muitas doenças, em crianças e adultos, visto quer as crianças podem contagiar outras pessoas”, destaca a pediatra Juliana Motta Sebben. Isto seria capaz de reduzir, por consequência, a necessidade de internações hospitalares e melhora a qualidade de vida da população em geral.
Vacinação em Montenegro
Campanha multivacinação
Público-alvo: Crianças e adolescentes de zero a menores de 15 anos
Avaliação da caderneta de vacinação e aplicação das vacinas em atraso.
Atenção: É necessário portar a caderneta de vacinação.
Campanha Poliomielite
Público-alvo: Todas as crianças de um ano a menores de cinco anos receberão a vacina da Poliomielite
Salas de vacinas e horários de atendimento:
ESF1: Germano Henke: das 8h30min às 11h30min e das 13h às 16h
ESF2: Industrial: das 8h30min às 11h30min e das 13h30min às 16h30min
SMS: das 7h30min às 17h30min
UBS Centro: das 7h30min às 18h
DIA D: 17/10 das 8h Às 17h nas mesmas salas de vacinas
Ressurgimento do sarampo no Brasil
2016: Brasil recebe da Organização Panamericana de Saúde (Opas) a certificação de país livre do sarampo.
2018: País registra primeiros relatos da doença em território nacional.
2019: Foram mais de 13 mil casos confirmados e 15 mortes.
2020: foram confirmados 7.929 até o final de agosto e 603 estão em investigação. Foram sete óbitos registrados no país.