A radiação solar pode ser mais perigosa no Rio Grande do Sul do que no nordeste do país durante o verão, ao contrário do que se imagina. A informação foi muito debatida na 42ª Jornada Gaúcha de Dermatologia, que ocorreu em outubro, em Porto Alegre. Nos próximos meses a radiação ultravioleta no Estado deve crescer consideravelmente, atingindo níveis que preocupam a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Estes níveis são normais para esta época do ano, entre outubro e março, mas é necessário manter a atenção quanto a eventos de efeito secundário, como baixa concentração de ozônio, que parte da Antártica e que atinge o RS. “Isso torna os raios UV ainda mais perigosos”, explicou a engenheira e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM-RS) Damaris Kirsch Pinheiro durante a Jornada.
A importância da fotoproteção – conjunto de medidas usadas para diminuir a exposição solar e prevenir o dano na pele – também foi assunto da explanação da dermatologista e professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Tania Cestari. A especialista salientou que algumas substâncias orais ajudam na proteção ao envelhecimento, como é o caso de derivados da vitamina C, E, resveratrol e polypodium leucotomos. “Essa época do ano é muito propícia para debatermos a importância da fotoproteção. Todo dermatologista recomenda a proteção aos pacientes e, mesmo assim, percebemos que pessoas que trabalham em locais muito abertos ou no período do verão, podem ter danos relacionados a radiação ultravioleta, que são cumulativos”, explicou Tania.
O sol é uma das principais causas de câncer não melanoma
Por conta das altas temperaturas nessa época do ano, é preciso que os cuidados com a pele sejam dobrados para evitar os efeitos nocivos dos raios solares, uma das causas principais do aumento nos índices de tumores de pele entre a população brasileira. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é cerca de 180 mil novos casos de câncer de pele ao ano, o que corresponde a 30% de todos os casos de tumores malignos no Brasil.
O câncer de pele ocorre quando há um crescimento excessivo de melanócitos e queratócitos – as células que compõem a pele – podendo ser distinguidas em melanoma e não melanoma. De acordo com a oncologista Daniela Pezzutti, do Centro Paulista de Oncologia do Grupo Oncoclínicas, em geral, as pessoas tendem a relacionar o câncer de pele exclusivamente ao melanoma. Contudo, 95% dos casos de tumores cutâneos identificados no Brasil são classificados como não melanoma, um índice que está diretamente relacionado à constante exposição à radiação ultravioleta (UV) do sol.
“Geralmente, os principais sintomas de câncer não melanoma são lesões cutâneas com crescimento rápido, sangramento, ulcerações que não cicatrizam, seguidas de coceira e algumas vezes dor, em áreas muito expostas ao sol como rosto, pescoço e braços”, explica Daniela. Para pessoas que costumam ficar expostas ao sol, é preciso reforçar o uso do protetor solar diariamente, principalmente no rosto. Se a exposição for maior, como na praia ou piscina, por exemplo, é importante abusar do protetor no corpo todo, usar chapéus e evitar horários em que a incidência solar esteja mais forte. “Pessoas de pele clara, cabelos claros e sardas são mais propensas a desenvolver o câncer de pele. A idade é um fator que também deve ser considerado, pois quanto mais tempo de exposição da pele ao sol, mais envelhecida ela fica, aumentando também a possibilidade de surgimento do câncer não melanoma.”, destaca a oncologista.
É importante a avaliação frequente de um dermatologista para acompanhamento das lesões cutâneas. A análise da mudança nas características destas lesões auxilia no diagnóstico precoce. O dermatologista tem o papel de orientar uma proteção adequada para descobrir os possíveis riscos que os raios solares de verão podem causar na pele.
7 dicas
1- A proteção deve ser precoce. Recomenda-se o uso de protetores solares após os seis meses de idade. Antes disso, porém, as crianças devem usar chapéu e roupas para proteger, além de evitar a exposição.
2- Utilize sempre um filtro solar com fator de proteção igual ou superior a 15, aplicando-o pelo menos 20 minutos antes de se expor ao sol.
3- Utilize chapéus e barracas grossas, que bloqueiem ao máximo a passagem do sol.
4- Evite o sol no período entre 10 e 15 horas.
5- Não se esqueça de proteger os lábios e orelhas, locais comumente afetados pela doença.
6- Procure um dermatologista se perceber manchas na sua pele que estão se modificando. Feridas que não cicatrizam ou lesões de crescimento progressivo dever servir de alerta.
7- Faça uma visita anual ao dermatologista.