“A enfermagem é a profissão do cuidado. A minha função é estar aqui para atender, mas o meu objetivo é fazer a diferença”, afirma a enfermeira e especialista em lesões de pele, Sabrina Rosa de Oliveira Müller, 34 anos, que trabalha há quase um ano na Secretaria Municipal de Saúde, atendendo pacientes estomizados. “Estomia é a exteriorização do intestino, um procedimento cirúrgico de desvio feito em função de algum tumor, trauma, doença inflamatória, ou diversas outras causas. Para mim, representa uma possibilidade de vida”, explica a profissional. Pacientes que precisaram desviar o intestino através do estoma excretam as fezes na bolsa chamada colostomia. O atendimento a este público é realizado na Secretaria de Saúde, no ambulatório adulto, das 13h às 19h, de segunda à sexta-feira.
Há seis anos enfermeira municipal, Sabrina conta que foi na UBS Centenário que iniciou o atendimento a pacientes estomizados. Consciente da responsabilidade que é atuar nessa área, onde muitas vezes as pessoas procuram conforto e segurança através do auxilio profissional, a especialista afirma que soube desde muito cedo a profissão que queria seguir, saindo do ensino médio diretamente para o curso técnico de enfermagem. “Para a minha surpresa, é completamente gratificante atuar nessa área; é a que mais me motiva. É onde consigo acolher as pessoas em uma hora difícil de suas vidas”, relata.
O acolhimento e orientações ao paciente
Desde que chega com o encaminhamento do hospital, o paciente recebe suporte individualizado, com acolhimento emocional, reabilitação e orientação ao autocuidado. E não há faixa etária específica dos que precisam se adaptar à colostomia, desde jovens até adultos.
“Como é uma situação muito nova, pode assustar muito. Claro que diversas pessoas já chegam com sua própria autonomia dos hospitais à Secretaria, mas cada um tem seu tempo de adaptação”, salienta Sabrina.
O início, segundo ela, é sempre o mais difícil, mas no final das contas tudo fica bem.
“A primeira avaliação é a do estoma, para ver qual material mais indicado para o uso. Acompanhamos, então, todo o processo para ver como será essa ambientação do paciente a bolsa de colostomia. E aos que não passaram por aqui, nos procure que tentaremos ajudar”, declara.
Entre pacientes permanentes e temporários, o vínculo criado, de acordo com Sabrina, é muito especial.
“Passamos algumas instruções, como a troca da bolsa, com tempo máximo de sete dias, a atenção ao estoma, que deve estar sempre úmido, vermelhinho, aquecido e brilhante, e limpeza da bolsa de acordo com o volume, o ritmo intestinal”, evidencia.
Outra indicação é manter a alimentação adequada, com alimentos ricos em fibras e líquidos, evitando alimentos gasosos, para evitar qualquer desconforto. A Associação Gaúcha dos Estomizados também libera material informativo para sanar as dúvidas dos pacientes e informar como proceder neste momento.
“É preciso cuidado, sim, evitar carregar peso pelo risco de hérnia, mas é possível ter uma vida normal. Muitas pessoas inclusive mantêm suas atividades do dia a dia, com qualidade de vida. E as bolsas estão cada vez mais adaptadas ao corpo, dificilmente ficam perceptíveis”, termina.
Bolsas de colostomia
Com uma média de 58 estomizados cadastrados e que recebem acompanhamento, Sabrina conta com o auxílio de uma técnica de enfermagem para assistir a cada um deles, com consulta para orientações e sanar as dúvidas, entrega de bolsa de colostomia e demais materiais. “E a aquisição desse material envolve as três esferas governamentais. O Ministério da Saúde libera a verba para o Estado, que faz a compra e manda para o município gerenciar a distribuição via cadastramento online. O material é caro. A bolsa mais simples, para se ter uma noção, não custa menos do que R$20,00”, informa.
A enfermeira ainda explica que existem aproximadamente 60 itens fornecidos pelo Estado, alguns conforme necessidade específica, entre adjuvantes – assessório- e as bolsas, que podem ser do tipo recortável, não recortável, opaca, transparente e convexa.
“O Estado dá direito, a cada cadastrado, a oito bolsas por mês. Mas uma certeza é de que o paciente nunca ficará sem. Além de o município possuir estoque, se houver necessidade há a possibilidade de solicitar mais, mediante avaliação mais criteriosa”, conclui.