Uma aula de como dirigir em situações adversas

Lição. Instrutor de pilotagem ensina que o melhor é guiar com segurança

Dirigir um veículo é considerado uma técnica. Isso porque não é somente ligar e acelerar. Requer atenção, prudência e habilidade. Nada que exija o condutor ser um piloto de provas, bastando apenas seguir técnicas simples. E com a chegada dos dias de neblina e chuva – somados as estradas e rodovias em péssimo estado – o Motores foi pedir orientação a um especialista.

Chuva, ou apenas pista molhada, são as armadilhas a serem evitadas. Fotos: Internet/ilustrativo
Jorge Raimundo Fleck é professor de pilotagem, que por três anos trabalhou no autódromo Velopark de Nova Santa Rita, nas áreas esportivas, entretenimento e formação de pilotos e motoristas amadores. Isso depois de 30 anos no segmento de transportes de passageiros e cargas, onde ainda é instrutor de Condução Econômica e Condução Segura (direção defensiva).

Feita a apresentação, é hora dele apontar qual a postura adequada para uma condução segura, sob qualquer clima e em qualquer terreno. “São, minimamente, necessários; conhecimento, atenção, previsão, decisão e habilidade”, listou. A primeira questão colocada ao especialista diz respeito a direção sob chuva.

Fleck ressalta que com as condições adversas é fundamental entender que a visibilidade é restrita, a aderência é reduzida e que poças d’água podem causar ‘aquaplanagem’. Aquaplanar é um descontrole causado por lâmina de água entre o piso e o pneu, que perde a aderência. Aliás, dificuldades que se repetem na pista molhada, mesmo que não chova, mas sem a agravante da visibilidade reduzida.

Como piloto profissional, Fleck conquistou 16 títulos, entre regionais e nacionais. Foto: Arquivo Pessoal
Instrutor destaca reações bruscas e velocidade
Jornal Ibiá: Sob essas condições – chuva e pista molhada – como reagir em caso de emergência, sendo necessária frenagem ou desvio? Aliás, é aconselhável tentar uma mudança de direção para evitar choque?

Fleck: “Tendo reduzidas as condições ideais por conta da chuva ou pista molhada, o ideal é que sejam evitadas as situações de emergência. Referes na primeira pergunta qual a postura que se deve adotar nas mais diversas situações. Postura quer dizer comportamento, ou seja, é preciso que os motoristas reconheçam as limitações e restrições que as condições adversas apresentam. E, a partir daí, tenham uma condução segura, de acordo com as exigências do terreno. O freio ABS (Anti lock Breaking Sistem) foi desenvolvido por engenheiros aeronáuticos europeus, pois no pouso, quando os aviões tocavam o solo e os pilotos acionavam os freios, o pneu que estivesse sobre uma película de gelo bloqueava, fazendo com que o avião atravessasse na pista. Ou seja, o objetivo principal do ABS era não perder a dirigibilidade enquanto freava em pista escorregadia. A evolução do sistema ABS resultou na manutenção da dirigibilidade e frenagem em distância menor quando os pneus não arrastavam (atrito estático/cinético). Hoje, todos os veículos vêm de fábrica equipados com ABS. Portanto, a habilidade e o conhecimento definem que em uma frenagem em emergência, em veículos equipados com ABS, tenha se carga máxima no pedal de freio e, simultaneamente, permita desviar do obstáculo.”

Ibiá: Qual a forma segura de dirigir sob forte neblina? Faróis luz alta, normal ou de posicionamento?
Fleck: Para o tráfego com neblina ou chuva intensa, o correto é usar faróis baixos e, se disponíveis, os faróis específicos para neblina.

Ibiá: E em terrenos irregulares, como no chão batido, como se deve dirigir? Isso vale também para asfalto extremamente deteriorado, muito cheio de buracos e desgastes?
Fleck: “São situações diferentes. Chão batido constitui baixa aderência, e para isto uma velocidade adequada. Quanto aos buracos, sempre que possível evitá-los, tendo o cuidado com freadas bruscas em linha reta; pois é possível que o motorista que venha atrás não veja o buraco e por isso não espera uma freada do veículo à frente. Assim também como os devidos. Cuidado com mudança de trajetória, evitando a invasão da pista contraria.

Ibiá: Tudo isso se aplica a automóveis, camionetes, vans e caminhões? Ou os pesados é outro tipo de sistema?
Fleck: As técnicas de condução segura são as mesmas para todo e qualquer tipo de veículo, desde que respeitadas as diferenças e exigências características de cada um. O peso é uma variável importantíssima. Mesmo um veículo leve, vazio ou carregado, ele tem comportamentos diferentes. Não existe peso bom, quanto mais pesado mais difícil, maiores os cuidados. Além do peso, altura, comprimento, veículos com articulação (reboques) exigem habilidades diferentes.

Ibiá: Qual o fator que o senhor ainda destacaria como de grande importância?
Fleck: Ainda, a questão velocidade, é um quesito fundamental. Considere que a 80 km/h são percorridos 22,2 metros por segundo. O tempo médio de reação – ver, pensar e agir – leva de 0,8 a 1,2 segundos em motoristas “normais”. Some-se a esta distância percorrida no tempo de reação o tempo e distância de parada, aproximadamente 2 a 3 segundos. Ou seja, mais de 60 metros entre ver, pensar, agir e parar.”

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