A flecha e o alvo

Nestes 35 anos, o Ibiá encarou a Câmara – que em 2018 eu estou presidindo – como alvo e flecha. Alvo, para fiscalizar se estava sendo devidamente cumprido o interesse da população. Flecha, quando propagou bem longe, a milhares de casas, o trabalho dos representantes da comunidade.

O Legislativo é um dos poderes mais visado nos municípios, estados e país. Desde o seu início, o Ibiá entrou, com competência e profissionalismo, pela porta que sempre esteve aberta na Câmara. Compreendendo que no plenário, o palco dos vereadores, e na secretaria, são abordados assuntos que os montenegrinos falam uns com os outros nos bairros, empresas e instituições.

Mau estado de conservação das ruas, o esgoto a céu aberto, falta de luminárias, calçadas, etc. Encaminhar uma solução para isto tem tanta importância para os vereadores quanto discutir o impacto de milhões de reais na cidade com a instalação de uma nova empresa. Os projetos de lei trazem as consequências do gasto de dinheiro público que a Prefeitura terá que fazer, visando atrair um novoempreendimento. Posteriormente, os vereadores irão fiscalizar como a verbafoi aplicada e se trouxe o retorno esperado.

O Ibiá registrou minuciosamente os fatos e contribuiu para melhorar a expectativa que as pessoas tinham com relação aos vereadores. Sei que, em outros tempos, a maior procura a eles era para resolver problemas pontuais ou de um só indivíduo. Isto não deixou de ser praticado, porque ainda existem muitas necessidades. Mas a alternativa para a busca de solução percorre caminhos diferentes: o Pedido de Providências, o qual tem destino certo, a Prefeitura, em casos como a substituição de lâmpada queimada, patrolar estrada do interior, acompanhamento de caso isolado que envolve agente público, entre outras situações.

Sou presidente do Legislativo nesta época em que a maior parte das soluções para os problemas vem sendo buscada de forma coletiva. Promovemos inúmeras reuniões e tranquilamente posso revelar: em certos casos, uma questão polêmica, do interesse de grupo de pessoas ou entidades, que apareceu em matéria do Ibiá, é motivo mais do que suficiente para os vereadores convidarem as partes envolvidas a uma reunião na Câmara, com o objetivo de obter maiores esclarecimentos. O contrário é verdadeiro: o Jornal também se serve como fonte das discussões aqui geradas, um movimento benéfico para todos, pois o que se procura é melhorar o ambiente público, o funcionamento da Administração, a eficiência das Leis, enfim, fazer o que está ao alcance de um Poder com o raio de ação bem delimitado.

Falo por mim, mas creio que os presidentes anteriores também consideraram o Ibiá como um parceiro, que fez muito bem o seu papel. Crítico, nos momentos em que a comunidade, os seus leitores, quiseram que fosse desta forma, mas também estampando o reconhecimento,quando cumprimos nosso dever de agir certo. O Jornal esteve ao lado dos presidentes, não para bajulação, mas sim para amplificar, repercutir e criticar o seu trabalho. Mostrar-lhes o que os jornalistas ouviam, por parte da comunidade, que precisaria ser aperfeiçoado. Sem dúvida este foi, nos 35 anos, o melhor título e texto das edições do Ibiá.

Vereador Erico Velten
Presidente da Câmara de Vereadores de Montenegro

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