Por conta das crenças construídas socialmente, por muito tempo a sociedade carregou consigo a ideia de que os homens não podiam ser vaidosos, cuidar da pele, cabelo, barba ou bigode. Se o fizessem, estariam passando uma imagem fragilizada. Tal preconceito surgiu de forma irônica, pois se voltarmos à Grécia antiga, a beleza que mais chamava a atenção era justamente a dos homens. Não é a toa que Adônis é, até hoje, exemplo de corpo e beleza perfeita.
Nos dias atuais, isso tem mudado pouco a pouco e o paradigma machista está ultrapassado, já que a população no geral passa a entender que a vaidade masculina também é cuidar de si mesmo e do seu bem estar. Isso se vê nitidamente dentro das academias e barbearias das cidades, por exemplo. Esses estabelecimentos estão sendo cada vez mais frequentados pelos homens que estão buscando maior satisfação em sua aparência. Ao contrário do que muitos pensam, o Dia do Homem existe sim e é comemorado todo dia 19 de novembro, exaltando a figura masculina.
Albino Daniel Flores de Ávila, 32, é um exemplo de vaidade masculina. “Eu gosto de me vestir bem, me apresentar bem. Corto cabelo e faço a barba no barbeiro semanalmente. Minha autoestima fica muito melhor. É uma coisa muito bacana cuidar de si mesmo”, aponta.
Daniel já frequenta a barbearia há mais de um ano por indicação de um amigo. “Estávamos falando na brincadeira, aí ele perguntou porque eu não deixava a barba crescer, fazer algo diferente. Eu fiz isso e comecei a pegar gosto”, salienta.
Ele conta que após isso, sentiu um estímulo na auto-estima. “Eu acredito que seja basicamente como as mulheres se sentem quando saem para fazer a unha e cabelo, por exemplo”, afirma. Albino comenta ainda sobre o tradicionalismo dos homens e o quanto cuidar da barba e bigode fazem diferença. “Para nós [homens] geralmente é só cortar o cabelo. Então a barba tu tem que ter certo cuidado mesmo. Tem que aparar, realizar hidratação, usar produtos certos como shampoo, óleo, balm..” conta.
Cuidadoso, Daniel conta que adquire os produtos da barbearia que sempre frequenta e que nesse quesito, não economiza muito. “Apesar de o valor ser um pouco mais elevado dos demais, os produtos que eu uso têm uma rentabilidade maior e são profissionais, de alta qualidade. Muito bons.”
Além de ter todo esse cuidado, Daniel começou a levar seu filho de 10 anos junto para cortes de cabelo, o Daniel Junior de Ávila. “Na verdade eu levo gente para lá. Meus conhecidos e amigos. Tem meu compadre também, que leva o filho dele como eu então eles também podem se ver e brincar um pouco”, conta.
Ele conta que a barbearia que ele frequenta criou uma espécie de clube, onde fidelizam o cliente e então, uma vez por semana, ele pode realizar os cuidados necessários. Assim, além de incentivar o cuidado completo, eles têm uma roda de amizade em ambiente descontraído. Então se engana quem pensa que apenas as mulheres têm momentos amigáveis nos salões de beleza. Albino conta que nos fins de semana se torna quase um happy hour. “Nos reunimos para cortar a barba, jogar papo fora. Se torna bom até para a saúde da gente”, finaliza.