Trabalho artístico e social no ambiente escolar

Movimentos corporais e marcha compassados; músicos que trazem em mãos instrumentos de metais e percussão. O retumbante som do bumbo contamina o público. A maioria das pessoas está acostumada a prestigiar bandas marciais nos desfiles cívico e farroupilha de 7 e 20 de setembro. Mas além das datas comemorativas, o estilo musical tem importante papel socializador e artístico dentro das escolas.

Com aulas ministradas no contraturno escolar, em terças e quintas-feiras, 21 alunos da Escola Municipal Lena Rozi da Rocha Pithan ensaiam sob as batidas e comando do professor Diogo de Souza Pereira, 30 anos. A parceria acontece entre a instituição escolar e a Associação de Hip Hop de Montenegro.

Diogo de Souza Pereira, 30 anos, é professor de Música da banda marcial da Escola Municipal Lena Rozi da Rocha Pithan

Além da música, da integração e da disciplina, o projeto propicia aos alunos conhecimento em outras áreas, como o cinema. “Comecei a ensiná-los em junho deste ano e, no início, alguns alunos não tinham conhecimento sobre instrumentos musicais. Então, durante um mês, ministrei a parte teórica para eles, indicando, inclusive, diversos filmes sobre o assunto”, afirma o professor.

E com um brilho no olhar que só quem ama ensinar tem, Diogo conta que, de junho até setembro, os estudantes aprenderam nove batidas. “Eu me surpreendi positivamente porque foi em um curto prazo. Eles ficam ansiosos pelos ensaios. O horário marcado é às 16h30min, nos dias combinados, e às 14h eles já estão na escola”, relata.

Em recente entrevista ao Ibiá, Paulo Ryan da Rosa, 13 anos, contou que a integração proporcionada pela banda, quando saem para se apresentar em outros locais, é muito produtiva. Confirmando o que disse Diogo, ele fica na expectativa pelas aulas. “E quando não tenho nada para fazer em casa, aproveito para ensaiar”, conclui.

Alunos ensaiam em terças e
quintas-feiras no contraturno escolar, aprendendo sobre música, arte e ocupando o tempo disponível

Pela democratização do estilo musical em todos os ambientes
Com enorme apreço pelas manifestações artísticas e culturais trabalhadas com os alunos, o professor destaca que o principal empecilho para que o estilo musical seja democratizado é a falta de incentivos. “Além da questão financeira que envolve, com o corte de verba do Governo, falta uma mostra de bandas. Deveria haver mais eventos do gênero. Nós temos a Praça Rui Barbosa, a Estação, Centenário. Isso ajudaria, sem dúvida, a divulgar mais as bandas marciais”, defende Diogo.

A história de Diogo com a música começou muito cedo. Sem ter formação na área, foi a partir do talento, e através do amigo Talis Reis, que ele aprendeu a tocar instrumentos musicais. “Eu recordo que o primeiro foi o surdo. Depois dele fui aprendendo vários. Mas foi com uns 15 anos que me interessei realmente. E como ensino nos colégios, já participei como monitor do Mais Educação e, atualmente, com projeto de dança no Abrigo Menino Jesus de Praga.

“Acredito que não só a música, mas a arte muda a sociedade. Os professores disseram que depois de iniciarem na banda, as crianças melhoraram até o rendimento nas disciplinas. E, ao invés de estarem pelas ruas, eles passaram a se interessar por outras atividades. A música é socializadora, além de que tocar na banda contribui com o desenvolvimento físico e motor deles”, pontua Diogo.

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