Renato Borghetti se apresenta hoje na Estação da Cultura

Já vai separando a tua cadeira confortável, escolhe a cuia e os apetrechos para o mate e não esquece de pegar o pala antes de sair de casa, porque a noite vai ser de frio. Um dos maiores nomes da música tradicionalista gaúcha chega a Montenegro e garante a boa trilha sonora aos gaudérios dessa querência. Renato Borghetti se apresentará as 20h, na Estação da Cultura. A entrada é franca e a classificação é livre.

Para o show na Cidade das Artes, Borghetti contará com a participação da Fábrica de Gaiteiros. Ele afirma que desenvolveu esse projeto há quase cinco anos e tem um carinho muito grande. “Consiste em fabricarmos a gaita ponto ou a gaita de oito Baixos e utilizá-las nas aulas que oferecemos gratuitamente para crianças de sete a 15 anos”, conta. Os alunos têm uma hora de aula por semana e, a cada 15 dias, há aulas coletivas. Eles também podem levar o instrumento para estudar em casa, devolvendo alguns dias depois para outro colega, como se fosse um livro de uma biblioteca. “O projeto fábrica de gaiteiros atende hoje mais de 300 crianças em nove unidades estabelecidas em oito cidades”, acrescenta. A fábrica tem sede no município da Barra do Ribeiro, próximo a Montenegro, e ali também são oferecidas as aulas junto ao espaço da fabricação.   O show que será apresentado em Montenegro acontecerá com os alunos da unidade da sede, de Barra do Ribeiro, com o acompanhamento do violonista Diego e do professor Eduardo Vargas.

Borghetti afirma já ter apresentado diversas vezes em Montenegro e lembra que a primeira já faz, pelo menos 34 anos, quando estava divulgando o primeiro disco. “Toquei também com a Orquestra de Câmara do teatro São Pedro e com a formação instrumental que me acompanha no meu trabalho nestes quase 40 anos de música”, completa. Ele também faz trabalhos no exterior, principalmente na Europa, há mais de 20 anos. “São pelo menos três turnês anuais”, garante. Borghetti gravou por lá cerca de cinco discos e consegue manter uma agenda de shows com regularidade.

Ele diz que o fato de fazer música instrumental facilita bastante, pois não esbarra no problema do idioma. “Também o instrumento que eu toco, o acordeão ou gaita, como chamamos no Rio Grande do Sul, chegou a nossas terras pelas mãos dos imigrantes, principalmente os italianos e alemães e o que eu faço agora é somente devolver o instrumento a sua origem, com estes cerca de 150 anos de aculturação no Brasil”, explica.

Gaiteiro desde sempre
Com uma carreira solida, Borghetti relembra os primeiros passos. Questionado quanto o porquê da escolha da gaita como seu instrumento, ele responde que foi a gaita quem lhe escolheu. “Eu ganhei uma gaitinha de oito Baixos da minha família quando eu tinha uns 11 anos de idade, mas não como um instrumento musical e sim como um brinquedo. Alguns meses depois eu descobri que deste brinquedo saía música”, explica . Borghetti afirma ter sido autodidata, aprendeu a tocar simplesmente ouvindo e tentando tocar. Ele pretende com o projeto fábrica de gaiteiros é abreviar esse início para as crianças e jovens que queiram tocar o mesmo instrumento. “Lembro também que a gaita é hoje, por lei, o instrumento símbolo do estado do Rio Grande do Sul”, observa.

Ele gravou no ano passado e lançou no início desse ano o seu 34º trabalho, entre vinil, CD e DVD, nomeado como “Gaita na Fábrica”. “Foi gravado na Barra do Ribeiro dentro das instalações do nosso projeto Fábrica de Gaiteiros. Lá existe um pequeno anfiteatro com um tratamento acústico maravilhoso, eu retirei todas as cadeiras e utilizei o espaço como uma grande sala de gravação”, conta. Na avaliação do gaiteiro, o ambiente não poderia ser melhor, já que estavam na beira do rio com toda a energia da natureza e das pessoas amigas ao redor. Este ano, ele lançará também um DVD com o violonista Yamandu Costa, que já está gravado e pronto, apenas faltando alguns detalhes de finalização de vídeo. “E o que tem me dado o maior prazer, sem dúvida é o projeto Fábrica de Gaiteiros. Tenho certeza que essa meninada orgulhará muito o Rio Grande do Sul e o Brasil”, garante.

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