Levantar a bandeira do Rio Grande do Sul e defender essa querência é uma das honrarias mais preciosas que boa parte da gauchada carrega no seu dia a dia. O bom chimarrão, a música poética e campeira, andar a cavalo, se pilchar e, é claro, prosear, até mesmo pelo Whats App, com os amigos: tudo isso e muito mais se encaixa no tradicionalismo. Certamente, há 50 anos, o movimento era totalmente diferente. Relembrar a história e projetar o futuro é sempre prioridade para esse grupo que não se priva dos CTGs.
Para debater várias questões referentes ao movimento é que a 1ª Prenda da 15ª Região Tradicionalista, a montenegrina Samantha Drower, de 19 anos, organizou o 1º Fórum da 15ª RT. A atividade acontecerá no CTG Os Lanceiros, a partir das 19h30min de hoje, e é uma das fases do seu projeto “Núcleo de Fortalecimento”, que contará para o seu relatório para a 49ª Ciranda Cultural de Prendas. “Reúne todos os departamentos culturais da nossa região, que é a 15ª. O evento oferece certificado para os peões e prendas, que depois é anexado aos relatórios para as etapas de concursos”, explica.
O assunto abordado será “O jovem no processo de construção para os próximos 50 anos”. Samantha conta que ela, junto à 2ª e 3ª prendas, montaram na primeira ação uma caixa com perguntas que os departamentos culturais da região fizeram. “No evento, vamos sortear essas perguntas para debatermos sobre como o jovem pode ajudar no processo de construção dos próximos 50 anos de Movimento Tradicionalista Gaúcho”, comenta.
O debate sobre o próximo meio século surgiu porque, no ano passado, o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) comemorou o seu cinquentenário. A discussão sobre os próximos 50 anos também é uma diretriz do presidente do MTG, que discursa muito a respeito e acredita na ideia do jovem ser o futuro dessa tradição. “Ele sempre fala, nas suas manifestações públicas, sobre a inserção dos jovens no Movimento Tradicionalista e no caminho para os próximos 50 anos”, observa Samantha. Sobre a participação dessa nova geração, a jovem afirma que é muito grande e que os concursos de prendas e peões são praticamente movidos por esse público.
O passado serve de exemplo
Para o tradicionalista Ubirajara Pires, de 74 anos, essa dedicação vai muito além de declamar poesias e se pilchar com as vestes típicas. Com 61 anos de vivência na tradição, este gaúcho, natural de Frederico Westphalen, comemora o crescimento do movimento no Estado. “O início mesmo foi lá na década de 1940, na Praça da Alfândega, em Porto Alegre. Depois disso foi que surgiram os CTGs”, conta. Aliás, de acordo com Ubirajara, Montenegro era uma das poucas cidades que tinham uma entidade tradicionalista: o Grêmio Gaúcho.
Ele, que apresenta um programa tradicionalista de rádio na cidade, afirma que o movimento é muito significativo para ser resumido em apenas alguns eventos ou celebrações. “O tradicionalismo é um estado de espírito. Nós, mais velhos, devemos apoiar para que os jovens sigam nesse caminho”, declara.
Ubirajara destaca ainda que participar do movimento é um modo de preservar os costumes da família gaúcha e uma forma de afastar o jovem das drogas.
O futuro está logo ali e deve ser mais jovem
O atual 1º Peão do Estado, Jhonatã Leindecker, vê os próximos 50 anos com muitas mudanças. Ele afirma que atualmente o movimento já está passando por transformações importantes de conceitos e ideologias, que considera fundamentais para chegar aos 100 anos. “Vejo o movimento daqui a 50 anos como um movimento muito melhor e maior e, quando digo maior, não só em números, os quais já são expressivos, mas sim em qualidade, com tradicionalistas mais engajados na nossa causa e dedicados a não só fazer tradicionalismo, mas sim uma sociedade melhor”, comenta.
Para ele, a nova geração mudará muitas formas de pensar, de fazer tradicionalismo, de proceder. Ele acredita que o movimento terá jovens participativos, agindo, pensando e fazendo na sociedade tanto quanto nos CTGs. “Pois o jovem é mais que o passado, presente ou futuro do movimento, ele se destaca por fazer existir o Movimento Tradicionalista Gaúcho. Então é essa a grande mudança que vejo, mas sem nunca perder a essência de o porquê ele existe e o que busca”, afirma.