Rosto estampado em outdoor e em famosas campanhas publicitárias. Desfiles na passarela de renomados nomes da moda. Concursos de beleza conquistados com excelência. O sonho de muitas meninas é se tornar modelo, viajar por diferentes lugares e ter uma vida badalada de fama e glamour. Mas a realidade do mundo das passarelas é de muito trabalho duro, regras, rotina longe da família, abdicação e dedicação.
Morando desde 2016 no México, Nicole Damasceno Werlang, 24 anos, conta que começou a modelar aos quatro anos. Ela descreve que, ao chegar no solo mexicano, dividiu o apartamento com mais três gaúchas, dominando o inglês, mas sabendo apenas ‘Holá, qué tal’ em espanhol.
“Para poder mudar de país, minha agência de Porto Alegre, Fun Models, teve contato com a agência daqui. E os papéis funcionam assim, a agência mexicana tem que conseguir uma permissão de imigração para poder contratar um estrangeiro, com as exigências de ter onde morar, um saldo fixo por mês e trabalhos por uma temporada de três a quatro meses”, informa.
Após comprovações de trabalho e entrevistas meticulosas, o visto de trabalho é então concedido pelo consulado mexicano. Com diversos comerciais, campanhas, inclusive do shopping Total, desfiles e eventos em seu portfólio, a jovem afirma que se sentiu realizada em sair do Brasil e se arriscar em outra cultura, longe do conforto de casa, mesmo com todos os obstáculos.
“Ter coragem pra tudo isso foi maravilhoso para que eu crescesse e tivesse mais visão do mundo como é. Mas há dias de trabalho que acordo antes do sol nascer e chego em casa já à noite. É necessário, na profissão, sempre cuidar da alimentação, da pele, cabelo, corpo, e manter uma rotina de exercícios”, relata.
Com regras de profissão menos rígidas no México, Nicole explica que no Brasil há mais exigências. “Já aqui não precisa ser alta e nem tão magra como estamos acostumados. Eles gostam de um perfil mais mexicano, como pele bronzeada, cabelo largo e escuro. Eu acabei ficando todo esse tempo porque as coisas foram fáceis para mim. Por ter custos menores aqui, vivo muito melhor do que no Brasil, infelizmente”, diz.
Uma vez por ano a modelo mantém o plano de retornar ao país natal para rever amigos e familiares e matar a saudade. “É difícil descrever tudo que já vivi. Foi muita coisa”, conclui.
Precisa empenho, como em qualquer profissão
Michele Santos de Campos, 22 anos, já foi Miss Montenegrina Latina, princesa da festa Expomonte e participou de clipes de artistas locais e diversos ensaios fotográficos para lojas e estabelecimentos.
“Assim como em qualquer outra área profissional, é necessário lutar e dar o seu melhor. Como outros sonhos de vida, tem suas dificuldades”, acredita.
Em 2012 foi o início de toda a sua carreira de modelo, quando Michele concorreu ao seu primeiro concurso de beleza, levando o título de princesa e colocando na bagagem muita experiência. Após, foram trabalhos e mais trabalhos, desfiles, ensaios fotográficos e concursos como Rainha do Sol, Musa do Outono- em que venceu segunda princesa.
“A partir do Miss Montenegrina Latina, em 2014, foi que os trabalhos começaram a surgir e colho os frutos até hoje. Tem lojas daqui e de fora que faço fotos, desfiles. Mas, por causa da odontologia, área que escolhi, deixei um pouco de lado essa profissão e as passarelas, mas nunca falta trabalho”, diz.
A jovem conta, agradecida, que muitos concursos foram possíveis graças aos apoios e patrocínios que recebeu de pessoas da cidade e que atualmente trabalha em eventos, na divulgação e recepção deles. “Eu tentei iniciar como modelo aos sete anos, mas, infelizmente, na época algumas agências não eram confiáveis, e minha família perdeu dinheiro, nos decepcionamos bastante na época. Hoje, faço o trabalho mais por hobby, já que amo minha profissão na área odontológica”, termina.