Dar os primeiros passos no palco de dança nunca é tarefa fácil. No entanto, quando há um objetivo e amor pelo que se faz, tudo se torna possível. Após cinco anos de muitas aulas, ensaios e espetáculos, Juan Bolivar, de 22 anos, forma-se neste sábado como bailarino pela escola montenegrina de ballet Plié&Cia. Ele é o primeiro homem que conclui o curso, num universo dominado pelo sexo feminino.
O jovem montenegrino iniciou oficialmente sua carreira no ballet em 2012, aos 17 anos, quando decidiu participar de um dos espetáculos da escola e posteriormente entrar no curso. “A Débora (proprietária) me convidou para fazer um personagem masculino e aí me apaixonei de vez pelo estilo”, conta. Juan sempre gostou da dança em geral e que deu seus primeiros passos nos galpões de CTGs, tradição que ainda mantém. O formando afirma que a técnica do ballet trabalhou muito sua movimentação e sua musculatura, e que isso facilitou no desempenho nas danças tradicionalistas.
O encanto pelo ballet surgiu na família por meio de sua irmã mais nova. “Eu levava ela aos ensaios e ficava observando os passos, as técnicas. Como sempre gostei e pratiquei dança, logo me despertou o interesse e, após o convite, entrei no ballet também”, explica Juan. Aliás, ele chegou a se apresentar ao lado de sua irmã, em 2013.
As maiores motivações vieram da família. Todos apóiam muito a sua paixão pela dança e comparecem às apresentações. “Acho que isso também é um motivo para dar continuidade. Serve de motivação. É muito especial para mim”, define. Apesar da formatura, a dança não deve ser a sua profissão. Isso porque Juan está cursando Enfermagem e pretende seguir na área médica.
Curso gratuito na Plié
Um projeto de incentivo à participação masculina foi criado pela escola. Devido ao baixo número de meninos fazendo ballet, a escola decidiu oferecer bolsas de estudos totalmente gratuitas, como a que ele usufruiu. A ação visa chamar a rapaziada para os palcos, lembrando que a falta de meninos acaba prejudicando as meninas na hora de passos em duos, que são em duplas, um representante masculino e um feminino.
Hoje, o número de garotos ainda é pequeno. Dos 150 alunos da escola, apenas sete são do gênero masculino. A Plié oferece gratuitamente uma aula experimental, para ambos os sexos, no período de matrículas, que deve ser agendada previamente no local (Rua Ibiá, 21 – Centenário) ou pelo contato (51) 99702-2332, com Débora. A idade mínima para frequentar as aulas é três anos.
O grande dia
Neste sábado, a Plié&Cia fará, às 18h, o espetáculo de encerramento do ano letivo, no palco aberto do Parque Centenário, o Centro de Eventos Romeu Kirch. Com entrada franca, a promoção contará com apresentações de todas as turmas, do Baby Class ao Avançado, que dançarão coreografias do espetáculo Hércules. O Pas de Deux Final fica a cargo do par romântico Hércules e Mégara, que será interpretado pelos alunos formandos 2017: Anita Schweig e Juan Bolívar.
Com aproximadamente 45 minutos de duração, ao final do espetáculo haverá a já tradicional chegada do Papai e Mamãe Noel da Plié&Cia. É necessário levar uma cadeira para melhor acomodação.
Exemplos de sucesso no palco
O preconceito ainda é grande contra homens que decidem cursar ballet. No entanto, muitos simplesmente decidem seguir seus sonhos, o que costuma dar certo. Veja alguns exemplos de bailarinos que superaram as dificuldades e tiveram seus nomes gravados na história do ballet:
Mikhail Baryshnikov – Nascido na Letônia e naturalizado norte-americano, começou seus estudos de ballet em 1960. O talento de Baryshnikov era evidente, porém, mais baixo que a maioria dos colegas, ele não poderia segurar uma bailarina em pontas e, por isso, foi relegado para segundo plano. Hoje é considerado um dos maiores bailarinos da história.
Marcelo Gomes – Um dos grandes bailarinos brasileiros é o amazonense Marcelo Gomes, que começou a dançar aos cinco anos e, na adolescência, ganhou bolsas de estudos para fazer ballet fora do Brasil. Aos 17, entrou para o American Ballet Theater, em Nova York, onde ocupa o posto de primeiro bailarino desde 2002.
Thiago Soares – Thiago Soares é outro bem sucedido bailarino brasileiro. Chegou aos palcos das grandes companhias de ballet, tendo iniciado a sua arte na dança com o breakdance e hip-hop, até tornar-se primeiro bailarino do Royal Ballet, de Londres