Olhos atentos, movimentos corporais sendo imitados e muito brilho no olhar. Assim é a reação de uma plateia de crianças que assistem à contação de uma história infantil. A arte de contar histórias infantis tem agrado muito o público, além de contribuir significativamente para o incentivo da leitura de livros voltados aos pequenos.
A hora do conto vai além da leitura, pois também pode ser acompanhado por crianças que ainda não dominam os conjuntos de palavras escritas. Com isso, apresentar um enredo com personagens por meio da fala e usando outros elementos cativa todos os públicos e torna-se, de certa forma, mais democrático.
Estas atrações são bem comuns em eventos relacionados com literatura, principalmente em feiras do livro. Há, em todo o Brasil, diversos cursos que habilitam e ensinam as melhores formas e alternativas diferenciadas para se contar uma história, seja ela conhecida do público ou criada pelo próprio.
O encantamento aumenta com simplicidade
Durante a 16ª Feira do Livro de Montenegro aconteceram duas sessões de Contação de Histórias com a escritora e professora Márcia Funke Dieter, de Ivoti. Trazendo vários personagens e relembrando os grandes clássicos da literatura infantil, a contadora de histórias conseguiu prender a atenção dos pequenos espectadores.
A música e pequenos acessórios fizeram parte dos momentos, mas sem muitos efeitos. De acordo com a profissional, a contação é uma arte. “Não estamos mais sozinhos a partir do momento em que escutamos alguém falar da história. Estamos em grupo, compartilhando, diferente de uma leitura silenciosa de um livro, por exemplo”, diz.
Segundo Márcia, é preciso encantar as crianças e a música consegue alcançar isso. “Ao contar uma história, eu consigo atingir mais leitores. É um incentivo muito intenso para a leitura”, afirma. A professora também relata que com este trabalho é possível aguçar a imaginação de quem assiste, em relação à história e seus personagens.
Para a contadora, são detalhes mínimos que despertam os pequeninos. “Gosto de utilizar poucos elementos durante a apresentação. Uso fitas e outros poucos objetos mais discretos”, aponta Márcia, que também faz questão de utilizar uma vestimenta mais leve e maquiagem natural. Além disso, a voz também não tem alteração, a fim de deixar a apresentação o mais natural possível.
Todos podem ser contadores de alguma história, desde que sejam de boa qualidade e educativas. “Quem deseja seguir este caminho precisa ler bastante e bons livros para que sejam contados”, afirma a escritora. Márcia já transformou um livro de 300 páginas em uma excelente história, do jeito que ela quis. “Ficou tão especial e diferente que as pessoas se emocionam ao final da apresentação”, revela.
Sobre a diferença nas reações das crianças que leem e nas que assistem à contação, Márcia define que na segunda opção é mais perceptível o encantamento. “Os olhos deles brilham. As crianças entram na história”, diz. Ela complementa que toda a história é um ato de muito afeto. “Eu não preciso dizer à elas que amo contar, elas percebem isso. Aqui teve uma espectadora na plateia que disse: isso é muito amor”, ressalta.
O amor depositado faz diferença no resultado
A professora Márcia Funke Dieter diz que para ser um bom contador é preciso ser leitor e procurar dentro de si o que há de melhor e diferente e aplicar isso na hora de apresentar a história. “Ter amor e acreditar no que está sendo falado também são importantes. Devemos ser uma eterna criança”, aponta.
Para Márcia, a história é “o prato principal”. “Não podemos esbanjar no figurino, voz e elementos, pois o importante é o conteúdo falado”, revela. Isso parece realmente fazer a diferença. A personagem Borboleta Gabriela foi a que mais despertou as crianças e ela trazia consigo dois livros, incentivando os pequenos a lerem.
Os alunos da Escola Dona Clara Camarão, de Alfama, aprovaram o momento, comprovando que o resultado é positivo. Anderson Mundel, 6 anos, confirmou: “a borboleta foi o mais legal”.