“E nessa loucura de dizer que não te quero
Vou negando as aparências
Disfarçando as evidências
Mas pra que viver fingindo
Se eu não posso enganar meu coração
Eu sei que te amo.”
Um microfone na mão, a música Evidências, de Chitãozinho e Xorororó ao fundo, e qualquer brasileiro já sabe o que fazer. A onda dos Karaokês, aos poucos, tem retornado à cena montenegrina – ou talvez nunca tenha saído.
Antecedida pelas antigas máquinas jukebox de karaokê, a prática teve algumas mudanças com o passar dos anos. Atualmente, basta um DVD habilitado para a cantoria ou um microfone e palco nos pubs da vida. E quem não recorda da expectativa pela nota ao final de uma apresentação, onde a avaliação podia chegar até 100 (nível cantor profissional)?
Os empreendedores de diversos estabelecimentos viram que o karaokê ainda dá certo e têm investido nele. Além de chamar o público, ele integra, diverte e mostra talentos (próprios ou alheios). Mesmos nas festas de casa, o costume não chegou a se perder completamente. Eu mesma lembro de ter participado de inúmeras festividades em família, embaladas pela cantoria de músicas clássicas do Kid Abelha, Rosana e Tim Maia.
Marion Torriani, 43 anos, conta que muito teve contato com o microfone. Ela tinha, em meados de 2000, um bar chamado Barcelona na cidade. Com diversão do Karaokê, Marion conta que era comum o público arriscar um agudo ao microfone – e lotar o espaço – todas as quartas e quintas-feiras.
“Lembro que, às vezes, eu ia até altas horas da madrugada, quase amanhecendo. Tinha fila pra cantar, tinha gente que chegava a ir à tarde pra colocar o nome na lista”, recorda.
Entre as mais tocadas, Marion destaca Galopeira, Bem que se quis e muitas de Rita Lee.
Liberdade para extravasar
De acordo com o facilitador de TI, Rafael Ferreira Herbert, 26 anos, cantar no karaokê é sensacional. “É uma liberdade de poder extravasar, de poder desopilar, poder cantar acertando ou não. Acompanhado ou sozinho mesmo, como diz um velho ditado ‘quem canta seus males espanta’. É exatamente assim. Uma terapia, confraternização. Ninguém que canta no karaokê quer ser uma Whitney Houston, mas também não deixa de tentar ser o melhor possível”, relata.
Segundo o jovem, que canta nos pubs montenegrinos, sem vergonha alguma e muita afinação, todos entram na brincadeira, em momentos únicos de descontração. “Também é uma maneira de curtir com os amigos e esquecer-se da rotina cansativa”, conclui.
O montenegrino Maicon Garcia, 32 anos, que atualmente reside em Portugal, relembra das cantorias nas noites de Montenegro, em meados de 2000. O já extinto bar TNT era onde soltava a voz nas canções de Roberto Carlos, Tim Maia, Leandro e Leonardo. “Músicas mais fáceis, né? E tinha outro estabelecimento, mais rock and roll, em que saía um Mamonas Assassinas, Legião Urbana. Mas eu gostava mesmo de ir a eventos de Anime e cantar lá. A primeira vez foi quando tinha 17 anos, uma música japonesa. E só agradeço que não existiam filmagens como hoje”, brinca.