Relatos de pessoas que são memória viva dos mais diferentes períodos e cenários, bem como uma visita ao Museu Histórico Municipal Nice Antonieta Schüler, são formas prazerosas de aprender história. Boa parte do acervo do local é oriunda de doação da comunidade e cada objeto traz junto uma história a mais que não encontramos nos livros oficiais.
O cubo que remete há mais de meio século e a uma profissão que deixou de existir está exposto no Museu ao lado do “frade de pedra”, blocos de granito e serviam para amarrar cavalos no início do século XX. Tinha 1,3 metro de altura e sua forma lembrava um frade, devido à semelhança da cúpula com a cabeça raspada, características desses religiosos.
Os frades de pedra eram colocados próximos às igrejas, hospitais, escolas e clubes. Conforme os registros disponíveis no Museu Histórico, em cidades maiores como Porto Alegre, eram encontrados em esquinas, utilizados também para proteger as calçadas das manobras ousadas das charretes, desde o final do século XIX. A viagem no tempo proporcionado por um passeio no museu é facilitada pela forma como estão algumas das peças expostas.
Dispostas em ambientes alusivos à vida privada, escolar, social e profissional de antigamente, estimulam a memória de alguns e oportuniza mais conhecimento a outros.
A cozinha com móveis e utensílios antigos é rica em detalhes. O mesmo acontece no quarto, onde além da cama há objetos na penteadeira. Curisoamente, a cama de casal é a junção de duas. A historiadora Lisiane da Silva Lopes explica que era costume de antigamente, pois desta forma as camas poderiam ser separadas quando um estivesse doente.
Noivas são tema de duas exposições
As exposições “Retratos de Casamento” e “Noivas do Tempo”, no Arquivo Histórico Maria Eunice Kautzmann e no Museu Histórico Nice Antonieta Shüler, abriram nesta semana em alusão ao mês das noivas. O objetivo é mostrar um pouco a história do casamento à comunidade montenegrina. O término das exposições é no dia 31 de maio.
Uma das organizadoras da apresentação fotográfica e funcionária do Arquivo, Maria da Glória Esswein destaca que a intenção é utilizar a fotografia como linguagem para transmitir a cultura através do tempo. “Temos impressões do fim do século XIX e começo do XX. O registro é para mostrar como eram consolidados os matrimônios antigamente. O casamento acompanha a história do homem”, afirma.
Maria explica que mesmo com a contemporaneidade e não obrigatoriedade do sacramento, ele ainda representa união, família e festividade. “Na idade média, o costume era o senhor feudal desposar a noiva. Outro costume antigo era as mulheres casarem-se de preto”, frisa.
As fotos registram datas como o ano de 1923 e casamento de figuras ilustres da cidade como Germano Roberto Henke. “Todas elas foram retiradas do nosso arquivo digital. Temos ainda certidões e um contrato de casamento”, enfatiza a funcionária do Arquivo.
A sala onde estão sendo mostradas as imagens foi toda contextualizada. As gravuras são afixadas em molduras antigas, assim como os buquês artificiais são feitos de flores utilizadas nos séculos em questão. Mara Rozelani Haas, também funcionária, ajudou a construir o espaço.
Já no Museu Histórico, 16 vestidos de noivas antigos estão expostos, além de acessórios, como véu, grinalda e buquês. . Intitulado “Noivas do tempo” e organizado pela equipe de colaboradores do Museu, os vestidos são de modelos variados, como cetim, seda, em detalhes de pedraria e até tricô. Todas as peças são do acervo. O modelo mais antigo data 1985.