Em Campo do Meio, na zona rural de Montenegro, a semana começou em ritmo de colheita da Bergamota Montenegrina. A abertura oficial da safra da principal variedade cultivada no Vale da Caí foi realizada no último domingo, durante uma festa na comunidade.
Ao longo de toda a safra, a expectativa deste ano é de que sejam colhidas 162 mil toneladas de citros, sendo 107 mil de bergamotas. Os dados são fornecidos pelo assistente técnico regional em Sistemas de Produção Vegetal da Emater/RS-Ascar, engenheiro agrônomo Derli Bonine.
Na localidade, para quem não estava nos pomares, a manhã de segunda–feira foi de palestras técnicas com engenheiros agrônomos da Emater. Uma das primeiras foi com a extensionista Anna Cristine Xavier. Ela falou aos produtores sobre segurança em saúde na aplicação de agrotóxicos. “A nossa preocupação é para quem aplica e também para quem consome a fruta”, explica Anna. Na explanação, ela falou sobre a origem dos agrotóxicos, associados ao início do século passado para uso militar. Em razão disso, os trajes de segurança para agricultores são similares aos usados por soldados. “Evoluiu muita coisa na agricultura, menos esse traje quente, desconfortável para os aplicadores de agrotóxicos”, analisou a engenheira agrônoma da Emater, ressaltando os perigos que a aplicação envolve.
Certificação vai ser necessária para colocar produtos na Ceasa
A Emater foi escolhida pela Ceasa para ministrar cursos aos produtores familiares sobre boas práticas na agricultura. A duração deve ser de duas horas, e o certificado vai ser exigido de quem vende a produção para a Central de Abastecimento. “Estamos na fase de sensibilização, mas vamos cobrar de todos que negociam lá dentro; se possível ainda em 2017”, aponta o diretor técnico operacional da Ceasa/RS, Ailton dos Santos Machado. Já o gerente regional adjunto da Emater de Lajeado, Carlos Augusto Lagemann, afirma que, cada vez mais, o produtor tem que enxergar toda a cadeia produtiva, para além da atividade em si. “Tem que pensar na saúde do consumidor. Tem que pensar na repercussão da manipulação dos agrotóxicos.
Passamos a eles informações sobre os efeitos”, destaca Lagemann.
O produtor rural Ildo Ketermann, que também foi organizador da série de palestras junto à Emater, aponta que as práticas conservacionistas podem ser lucrativas, se bem manejadas na propriedade. “Estamos buscando que o produtor se qualifique cada vez mais sobre manejo de pragas, de forma mais ecológica e com uso racional de agroquímicos”, aponta.
Entre os participantes do encontro, há o entendimento de que toda informação técnica que vise boas práticas ao produtor é muito bem vinda. “Isso é pra melhorar a agricultura. A gente é carente de informações. Bom pra se atualizar e levar pra casa e fazer o manejo correto”, diz o produtor Luiz Sérgio Kremer. O secretário de agricultura de Pareci Novo e produtor rural Fábio Schneider também considerou válidos os conceitos de produção de citros em sistema agroflorestal. “Dá para aproveitar na propriedade. Muitas vezes, o agricultor não acesso à informação. Agora já fica sabendo como poupar agrotóxicos, ter ganho um em saúde e com rentabilidade no pomar”, destacou Fábio.