Uma das paixões dos brasileiros e também da jovem Daniele Santarem, de 19 anos, hoje serve como fonte de renda para a estudante de gastronomia. O “Brownies da Dani” teve início em setembro de 2018, em princípio de forma tímida, de porta em porta, assim como quase todo empreendimento. Hoje, Dani já possui vários pedidos por encomenda, e investe alto na divulgação pelas redes sociais que, segundo ela, dão cada vez mais retorno.
Motivada pela sua paixão pelos doces – tanto pra comer, quanto para fazer – Daniele tem o foco nos brownies, mas hoje já expandiu o seu comércio. “Eu pensava que o meu foco ia ser brownies, tanto que tem torta de brownie, docinhos pequenos de brownies, os doces que eu vendo avulsos e foi abrindo os ramos para outras coisas. Agora tem brigadeiro de vários tipos, bolo de cenoura, mas o foco ainda é o brownie”, comenta.
A montenegrina desde pequena acompanhava a mãe na produção de bolos e sempre pegava aquela raspinha da sobra, mas até então nunca tinha se aventurado na cozinha. Foi na época do vestibular, em 2018, que a sua grande paixão falou mais alto, e por influência da família, Dani escolheu a gastronomia como profissão.
No inicio do curso Dani ainda não tinha muita prática, e a idéia de vender brownies também já era uma forma de conhecer um pouco a área para se inserir no mercado. “Aprendo muita coisa que coloco em prática, já fiz várias coisas na Brownies da Dani que eu aprendo na aula. Já fiz muitos cursos também”, comenta.
Segundo pesquisa do Sebrae, nos últimos dois anos, a proporção de mulheres empreendedoras que são “chefes de domicílio” passou de 38% para 45%. O estudo constatou ainda que as representantes do sexo feminino empreendem movidas principalmente pela necessidade de ter outra fonte de renda ou para adquirir a independência financeira.
Sonho coletivo
Apesar de ainda não ter a sua marca registrada oficialmente e a sua produção ser em casa, o objetivo de Daniele Santarem é ter uma cozinha própria. “Já virou um sonho, não só meu, como da minha mãe e da minha família toda. É eu ter a minha cozinha e trabalhar sempre mais por encomenda, que é o que eu pretendo, mas claro, tendo um espaço onde o pessoal possa também comer no lugar”, declara.
Mulheres como Dani são potenciais empreendedoras do futuro. Elas representam hoje 48% dos microempreendedores individuais (MEI), atuando principalmente em atividades de beleza, moda e alimentação. Quanto ao local de funcionamento do negócio, 55,4% das MEIs estão sediadas em casa.
Mesmo no seu lar e ainda no início da grande caminhada, a jovem relata que quando está produzindo seus brownies é só alegria. “Com certeza é a coisa que eu mais gosto. Faço com muito amor. Já tenho um monte imagem de loja salva, coisas que ainda quero ter”, comenta.
Sobre as dificuldades, Dani diz que por enquanto no ramo dos doces não encontrou nenhuma, mas que percebe diferenças entre os gêneros na hora da venda. “Acho que fazer doce é uma coisa mais fácil para mulheres, mas que quando é salgado, eu vejo que tem muito uma hierarquia masculina”.
As análises feitas pelo Sebrae mostram que as mulheres empreendedoras são mais jovens e têm um nível de escolaridade 16% superior ao dos homens. Porém, elas continuam ganhando 22% menos que os empresários, uma situação que vem se repetindo desde 2015, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2018, os donos de negócio do sexo masculino tiveram um rendimento mensal médio de R$ 2.344, enquanto que o rendimento das mulheres ficou em R$ 1.831.
Com o sonho de ter o negócio próprio, ela ainda quer trabalhar em uma empresa para adquirir experiência, mas conta que a sensação é de gratidão por todo o momento que vive. “Eu acho que o mais legal é o feedback das pessoas, porque eu fico muito feliz quando me dão o retorno e é só elogios. Eu guardo no coração”, completa.