Nuvem de gafanhotos: calor favorece o deslocamento dos insetos

Nos últimos meses, algumas nuvens de gafanhotos se aproximaram do Sul do Brasil e causaram preocupações em agricultores gaúchos. Desde maio, os insetos têm destruído lavouras no Paraguai e na Argentina, em regiões com condições adequadas de temperatura, umidade e disponibilidade de alimentos. A movimentação dos gafanhotos em migração é potencializada pelas temperaturas acima de 25°C. Apesar disso, existe possibilidade desses insetos chegarem ao Vale do Caí?

Chefe da Defesa Sanitária Vegetal do Estado, Ricardo Augusto Felicetti. Foto: arquivo pessoal

A resposta é sim, mas a chance é mínima, de acordo com o Chefe da Defesa Sanitária Vegetal do Estado, Ricardo Augusto Felicetti. “No momento, as chances são remotas, pois o gregário que estava próximo na Argentina foi controlado. Contudo, se houver direcionamento de nuvens para o Rio Grande do Sul ou for verificada geração de crias da nuvem que estava próxima, poderá haver esse risco”, explica.

Além das altas temperaturas – que devem predominar no Vale do Caí e em todo Estado nesta semana –, o deslocamento dos insetos é favorecido de acordo com a direção dos ventos. No entanto, conforme o comportamento dos gafanhotos, a direção pode ser distinta dos ventos. As temperaturas baixas tendem a diminuir a mobilidade dos insetos.

Segundo Ricardo Felicetti, o inseto adquire modificações morfológicas e passa a adotar comportamento gregário e migratório a partir do aumento da densidade populacional. Na América do Sul, a região mais propícia é na tríplice fronteira da Argentina, Paraguai e Bolívia, próxima ao deserto do Chaco, associada à condição remota e dificuldade de acesso, o que dificulta o controle preventivo.

Em relação ao Meio Ambiente, o Chefe da Defesa Sanitária Vegetal salienta que não se pode afirmar que há relação direta da formação de gregários de gafanhotos com desequilíbrios ambientais no continente, uma vez que a espécie ocorre com este comportamento muito antes da presença dos seres humanos na América do Sul. Contudo, a elevação de temperaturas e monoculturas tendem a facilitar as ocorrências.

O uso de agrotóxicos para eliminar os insetos pode, sim, gerar riscos ao meio ambiente, desde que não seja realizado com as exigências legais, como qualquer aplicação ilegal. “Os ingredientes ativos disponibilizados para o controle de surtos no Brasil, caso ocorram, são registrados nacionalmente e passaram por avaliação de impacto pela Anvisa e Ibama, sendo considerados seguros se utilizados, conforme a orientação na bula e prescrição por responsável técnico”, explica Felicetti.

Além disso, a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural estará fiscalizando as aplicações caso sejam necessárias.

Movimentação dos gafanhotos
A nuvem de gafanhotos atacou, inicialmente, lavouras do Paraguai, no mês de maio. Depois, os insetos avançaram para Santa Fé, na Argentina, e seguiram se deslocando em direção à fronteira com o Brasil. A movimentação do gregário gerou preocupação e passou a ser monitorada por órgãos públicos ligados à agropecuária no Brasil.

No fim do mês de junho, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento emitiu um alerta sobre a nuvem de gafanhotos que avançava em direção ao Uruguai e ao Sul do Brasil. Mais recentemente, no final de julho, a elevação das temperaturas no RS favoreceu o deslocamento dos insetos. De acordo com os especialistas, a estimativa era de que os gafanhotos, da espécie Schistocerca cancellata, chegassem a cerca de 120 quilômetros da cidade de Barra do Quaraí.

A nuvem de gafanhotos pode destruir plantações. Os insetos se alimentam de qualquer material vegetal e podem comer o equivalente a algo entre 30% e 70% de seu peso.

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