Empreender sem agredir o meio ambiente e sem desperdiçar recursos naturais se tornou um princípio de vida para dois empresários em Montenegro. Com o objetivo de abrir um negócio onde fosse possível conciliar rendimento financeiro e sustentabilidade, os irmãos Leonardo e Roberto Becker de Oliveira, 35 e 36, respectivamente, trouxeram para o município o primeiro Lava Jato a vapor.
A iniciativa foi de Roberto, que depois de trabalhar na Petrobrás e viajar por vários estados do Brasil, pode conhecer propostas diferentes de empreendedorismo sustentável. “Foi nessa organização que pude aprofundar o debate acerca do meio ambiente e conheci diferentes propostas de negócios”, diz Oliveira, ressaltando que entrar em contato com outras culturas e realidades do país é fundamental para que novas ideias surjam.
Ter o próprio negócio sempre foi o desejo dos irmãos Oliveira. Depois de muitas pesquisas e da vasta experiência adquirida, eles decidiram encarar um novo projeto e partir para uma proposta ecológica. Assim, optaram pelo lava jato a vapor. Uma das maiores vantagens da máquina é a quantidade de água utilizada, uma média de 5 a 8 litros dependendo do tamanho do veículo. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cada ser humano consome, em média, 110 litros de água por dia para, além de beber, suprir necessidades básicas como higiene pessoal e limpeza de roupas. No Brasil, os números são maiores, cerca de 154 litros diários, 44 acima do recomendado pela ONU. No que diz respeito à lavagem de carros, o gasto fica em torno de 300 litros cada.
Os percentuais mostram um cenário preocupante com relação ao uso desenfreado dos recursos naturais. “Essa era uma preocupação que eu sempre tive, então, como fiquei fora de Montenegro durante muito tempo e queria voltar, trouxe essa ideia junto”, comenta o empresário. “Prestação de serviço é uma área em constante expansão, por isso decidimos encarar esse negócio juntos”, completa Oliveira.
Além de reduzir os impactos ambientais, a pequena máquina, que mais parece um robô, é multiuso e ainda realiza limpezas completas de móveis, tapetes, cortinas, entre outros. O processo acontece a partir de um mecanismo básico: a ejeção de vapor em alta temperatura, resultante do aquecimento da água armazenada dentro do aparelho.
“O elevado grau de calor do vapor de água consegue remover até as sujeiras mais complicadas, sem contar a higienização, que tem efeito antimicrobiano”, ressalta o empresário Roberto Becker de Oliveira. “O objetivo é uma limpeza ecológica completa, seja no carro ou em casa”.
Saiba Mais
O corpo humano é formado por quase 70% de água. A mesma proporção da superfície do planeta é coberta por oceanos, lagos e rios. No entanto, apenas 2% das reservas são de água doce. E a quantidade potável e disponível para matar a sede é ainda menor, não chega a 1% do total.
A água doce também é imprescindível para a nossa higiene, para a indústria e, principalmente, para a agricultura. Em todo o mundo, de cada 10 litros de água, sete são usados na produção de alimentos e apenas um vai para o abastecimento público.
No Brasil, segundo dados do Instituto Sócio-Ambiental (ISA) e da Agência Nacional das Águas (ANA), antes mesmo de chegar ao consumidor, quase metade da água produzida é desperdiçada devido a fraudes, vazamentos e falta de manutenção na rede de abastecimento. O volume equivalente a 2,5 milhões de litros de água seria suficiente para abastecer quase 40 milhões de pessoas.
840 mil litros de água são consumidos no Brasil a cada segundo. Deste total, 70% são destinados à agricultura e cerca de 20% ao uso doméstico e comercial.
Cada brasileiro gasta, em média, 150 litros de água por dia. O índice de desperdício de água no Brasil chega a 40% entre a produção e o consumo final.
Fonte: Manual de boas práticas ambientais, publicado pelo Senado Verde
Energia solar
A proposta do empreendimento sustentável dos irmãos Leonardo e Roberto Becker de Oliveira vai muito além da lavagem a vapor e da redução no consumo de água. Para o futuro, eles pretendem instalar na empresa um sistema de energia solar para reduzir consideravelmente os impactos ambientais causados pelo empreendimento.
“Essa é a segunda parte do nosso projeto, sempre tendo em mente que os recursos naturais do planeta são finitos, o que nos faz repensar a forma como usamos cada litro de água e as consequências das nossas ações sobre isso”, conclui Roberto Becker.