Ao avaliar a realização da feira comercial em um cenário econômico de recessão no país, o presidente da ACI Montenegro e Pareci Novo lembra que a situação não era diferente na edição anterior. Nesse contexto, Karl Kindel menciona a greve dos caminhoneiros, que refletiu na economia, além da crise institucional no governo federal.
Ele observa que o país chegou a demonstrar reação, revelando algum crescimento, mas agora mostra um pequeno retrocesso. “Esses indicadores seriam suficientes para desmobilizar e suspender o evento do ponto de vista econômico”, afirma. A escolha da entidade, no entanto, foi por estimular aos empresários a reagirem, a não ficarem esperando pelo poder público e mostrarem sua força econômica. “Penso que na medida em que o país mostrou crescimento, descolado da atividade pública, nós resolvemos instigar o crescimento da feira, instigar a comunidade empresarial como forma de reação ao que acontece”, acrescenta. “As empresas, o setor produtivo pode sair da condição de ficar esperando uma esmola do poder público, mostrar que pode fazer, planejando e executando a ação”, afirma.
Dessa forma, a feira é uma demonstração de que o setor é organizado e pode produzir e agir para mostrar o potencial econômico da região. “Ficamos muito tempo chorando as mágoas com o setor público, querendo alguma participação do poder público como se ele fosse promover atividade produtiva”, opina Kindel. “Esse evento mostra bem isso, que o setor produtivo tem potencial de crescer baseado na gestão dos seus negócios”, resume.
O presidente da ACI Montenegro e Pareci Novo afirma ainda que a crise sempre existiu, deixando o empresariado como se estivesse em uma gangorra nas últimas décadas. Mesmo assim, porém, Kindel observa que muitas empresas conseguiram permanecer no mercado, usando criatividade, com treinamento de pessoal, tecnologia… “Não adianta a gente ficar achando que o governo vai resolver ou salvar a atividade produtiva, a gente tem que descolar dessa dependência que no passado se exigia ou se cobrava do setor público”, finaliza.
Sem recursos públicos
A ACI Montenegro e Pareci Novo está promovendo a ExpoACI com recursos próprios. Inclusive o uso da Praça Rui Barbosa está sendo pago à Prefeitura e a entidade ainda proporcionará melhorias, com manutenção e limpeza do espaço, como reparos que sejam necessários em luminárias, bancos e sanitários.
A entidade optou por não reivindicar recursos públicos ao evento e pagar pelo espaço utilizado. Ao referir-se a essa decisão, o presidente da ACI, Karl Kindel, observa que a medida garante mais independência à entidade e à feira. “Foi uma opção essencialmente nossa, uma linha que preferimos seguir, na medida em que a gente faz algumas críticas e não pretende ter dependência, nem alguma interferência com relação a nada”, afirma. “E nada mais justo e razoável do que pagar pelo uso do espaço, mesmo que a gente traga algumas melhorias”, acrescenta, tendo em vista o uso da Praça.
Além disso, a entidade pretende também mostrar à comunidade em geral que é preciso zelar pelo bem público. “A gente pretende também dar um recado para comunidade, não só empresarial, que a comunidade precisa zelar por aquilo que é público, muitas vezes usa, abusa, suja e acha que o poder público tem que dar conta de tudo”, afirma. “E hoje a gente sabe que o setor público não tem condições, apresenta incapacidade para dar conta dos equipamentos públicos que tem para manter, e na medida em que o público puder colaborar com isso (essa manutenção), se mantém (o bem) por mais tempo útil”, completa.