Em seis meses de estiagem, diversas culturas foram afetadas no Rio Grande do Sul. Com o Citros, aqui na nossa região, não foi diferente. Só em Montenegro a previsão da Emater-Ascar é que seja perdido 40% das produções. Mas em contramão a esse cenário o citricultor Fabiano Viegas, de 33 anos, da localidade de Calafate, dobrou os ganhos das suas vendas devido o uso de irrigação por aspersão.
Natural de Pareci Novo, o produtor administra sozinho a propriedade da família há 10 anos, mas antes já trabalhava com a citricultura. Com 18 hectares de bergamota Caí, Pareci, Ponkan, Montenegrina e Morgote, além de laranja do Céu, Viegas conta que a sua safra ocorreu normalmente graças à irrigação. “Foi essencial esse ano, e acho que a partir dos próximos é um investimento a mais que o produtor vai ter que fazer, mas é uma coisa que tem retorno”, diz. Ao todo, foram 40 dias irrigando os seus pomares.
O citricultor, que já estava controlando a estiagem desde o início de dezembro, precisou de uma alternativa para salvar a safra, e graças a um vizinho que emprestou o equipamento, Viegas molhou 70% dos seus pomares por aspersão e também através de tanque, nas plantas mais afastadas. Ele relata que teve sorte com os 30% não irrigados, pois não sofreram tantos danos, mas as frutas desses tiveram uma diminuição de 50% no seu potencial.
“Com a irrigação deu uma fruta de qualidade, com calibre bom, um sabor bom, coloração boa também e uma coisa que ajudou muito é que não teve o estresse que as outras plantas que sofreram com a seca tiveram”, relata Fabiano.
Mas de acordo com o produtor, o maior problema não foi com a mecanização para irrigar, e sim no recurso hídrico. “Existem tratos culturais que tu consegue fazer com que um pomar não sofra tanto com a seca, mas esse ano chegou ao um ponto em que não tinha o que fazer, teu único recurso era a água. Então quem tinha água, molhou seus pomares de um jeito ou de outro”.
Foco no recurso hídrico
O açude de 1 hectare na sua propriedade possibilitou a irrigação inicial do plantio, mas investimentos foram feitos na propriedade. “Eu já fiz um investimento de 12 mil reais no açude; nós fizemos 46 horas-máquina cavadas ali. Ainda tenho mais para investir em açudagem, mas eu consegui aumentar pelo menos em 20% a minha captação de água”, comenta. Além disso, Viegas também fez canais que para implantação da irrigação por aspersão, melhorias na tapia, e outro açude para os pomares afastados.
Para ele, os produtores antes de se preocuparem com a irrigação precisam pensar em recursos hídricos, como a açudagem. “Esse ano afetou muito porque o produtor não tinha recurso hídrico. Muitos pegaram emprestado, alugaram, compraram tanques para molhar, eu peguei emprestado, mas eu tinha o primário que era a água. Hoje o produtor precisa focar em reservatório de água”.
Projetos futuros
O próximo ano promete muito projeto novo na propriedade dos Viegas. Para se preparar para qualquer adversidade ele já está analisando a melhor irrigação, aspersão ou gotejamento. Ele pretende utilizar do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para obter uma irrigação de qualidade. Além disso, o açude também será melhorado, e o produtor está confiante que o investimento vale apena.