Dia do Motorista: os profissionais que nos conduzem

Nesse sábado, 25 de julho, é celebrado o dia daqueles que, faça chuva ou faça sol, frio ou calor, estarão trabalhando para nos servir o melhor de sua profissão. É o Dia do Motorista! Esse é o Dia de São Cristóvão, padroeiro desses profissionais no calendário católico. Segundo a bíblia, foi ele quem carregou, além de vários outros, Jesus Cristo e “todo o peso do mundo” em suas costas. Por fim, conseguiu chegar ao destino e passou a ser conhecido como o protetor e padroeiro dos motoristas e viajantes. Tal história, que acompanha a humanidade há milênios, reflete a importância dos motoristas e o quanto sua profissão é vital para o dia a dia de todos até hoje.

Luis Volmir Hister já teve experiência também como caminhoneiro, mas seu lugar mesmo é na cabine de ônibus. Fotos: arquivo pessoal

Anos de experiência e muito amor
Luis Volmir Hister, 47, motorista da empresa de transportes Motrix há cinco anos, é natural de São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, mas foi aqui em Montenegro que a paixão por ônibus o levou a ter 22 anos de profissão. Com seus 15 anos de idade, se mudou para o município com a família e foi aí que tudo começou em sua carreira. Seu irmão mais velho era caminhoneiro, assim, com 23 anos, Volmir já estava trabalhando de caminhão e intitula o irmão como seu “maior professor”. Posteriormente teve experiências também no Polo Petroquímico, como caminhoneiro.

Entretanto, Volmir conta que desde pequeno sua fascinação era por ônibus. “Eu gostava de trabalhar com caminhão, só que desde guri, com uns 10 anos, o ônibus já me despertava interesse. Eu viajava de ônibus, ficava observando os motoristas e achava muito bacana, muito importante. Pensava que quando eu crescesse quem sabe Deus me desse oportunidade. Felizmente fui ouvido” relembra. Sua história começou na Viação Montenegro, com 26 anos, onde trabalhou por 16.

Volmir teve outra experiência profissional antes de ser motorista: por 10 anos trabalhou no ramo calçadista. Todavia, é enfático ao afirmar que seu amor é pela profissão atual. “Não voltaria porque hoje eu não me vejo mais fechado dentro de uma fábrica. Eu me acostumei no trânsito e peguei amor por isso. Me orgulho muito da minha profissão”, finaliza.

Natural de Taquari, mas morador de Montenegro desde 1993, Alessandro Silva, 45, é filho de caminhoneiro e tinha tudo para seguir na profissão. E foi quase isso: se tornou motorista de ônibus e carrega consigo 20 anos de profissão, amor, dedicação e desejo de seguir aprendendo. Ele conta que desde muito cedo viajava com o pai e foi “pegando gosto”. Assim como Volmir, Alessandro já teve outras experiências profissionais antes de se tornar motorista. “Mas eu sentia que gostava era do volante e do ônibus mesmo”, pontua. Alessandro é motorista da Viação Montenegro há 14 anos.

Profissão é essencial, mas tem dificuldades

Volmir reitera o grande amor pela profissão, mas não deixa de relembrar sobre suas maiores dificuldades. O trânsito cada vez mais perigoso e as mudanças de clima são destacados. “O maior problema em comum é o risco eminente que a gente sempre corre. O trânsito é uma caixinha de surpresas. As minhas atitudes são seguras. Preservo a minha vida e as de quem eu levo junto”, comenta. Ele ainda relembra a falta de respeito por parte de condutores dos outros veículos. Como caminhoneiro, quando carregava lenha, tijolo e telha, por exemplo, ele destaca que o principal problema era o tempo perdido para descarregar o caminhão no destino. “Isso atrasa, perde muito tempo e é contra o caminhoneiro.”, afirma.

Para ele, a melhor parte da profissão é poder fornecer segurança e simpatia aos seus passageiros e, claro, poder conhecer novos lugares a cada viagem turística que faz. “Fazer um bom trabalho e tratar o passageiro com respeito, como quer ser tratado. Com cortesia”, garante.

Alessandro pensa como Vomir. Ele explica que a melhor parte da profissão é ver seus passageiros bem atendidos, mas que tem outros benefícios. “Na minha área, o bom é quando o passageiro desce, agradece e elogia por ter tido uma ótima viagem. E claro, conhecer vários lugares e a amizade que é feita pelos locais em que passei”, afirma.

Mas, como todas as profissões, ser motorista traz bons momentos e vivências e também tem seu lado negativo. Para Alessandro, acidentes são a pior parte. “Os que têm vítimas então, são muito tristes. Ainda mais quando você sabe que ali, às vezes, tem uma família inteira”, lamenta. Mesmo amando o que faz, ele também destaca que dificuldades existem e que a maioria delas tem um motivo bem comum nos últimos tempos. “A principal é o trânsito dos últimos anos. Muito violento e com pouca empatia dos condutores de todos os tipos de veículos, seja carro de passeio ou até veículo pesado”.

Nem todos os passageiros são gentis
Volmir relembra que, em primeiro lugar, sempre que ocorreu alguma situação desconfortável com passageiros, manter a calma foi essencial. “Isso por maior que seja o desaforo que o passageiro te faça”. Ele conta que passou por uma situação tão desagradável que o levou à se desligar de uma empresa.

“Eu estava fazendo a rota da praia, véspera de Natal e final de ano. Aí um passageiro embriagado na rodoviária de Mariluz me encheu de desaforo enquanto eu embarcava os outros passageiros. Eu fiquei tranquilo, mas muito chateado. Desgostei. Além das ofensas, ainda colocou minha família no meio, falou que me “pegaria” fora dali. Eu contornei a situação e quando cheguei em Montenegro resolvi parar”, relembra. E parou mesmo. Mas o amor falou mais alto. Depois de alguns meses longe do volante, Volmir conta ter espairecido, então, voltou a entregar currículos e assim, encontrou seu atual emprego: Motorista da empresa Motrix.

Alessandro conta que também já teve experiências não muito agradáveis com passageiros, mas é breve em comentar. “Na hora eu fico chateado, mas tudo se resolve. É mínimo o número de ocorrências como essa”.

Bom profissional
Para Alessandro, o primeiro passo para ser um bom motorista é gostar do trabalho que realiza e ainda saber sobre ela e se atualizar constantemente. “Tem que saber que a profissão vai ocupar muito tempo. Também precisa se atualizar com cursos profissionalizantes. No meu caso, direção defensiva, treinamento de condução do veículo aproveitando todos os seus recursos para se ter uma viagem segura e confortável e atendimento ao cliente”, comenta. Tanto Volmir quanto Alessandro pontuam que a profissão anda lado a lado com o conhecimento. Em seu ramo, é aprendizagem nova todos os dias. Volmir pontua, ainda, que a responsabilidade é o maior ponto, além de muito amor pelo que faz e dedicação. “Tu tem que realmente gostar se não tu fica na metade do caminho e desiste”, destaca.

Saudade dos familiares
Quando realizava turismo antes da pandemia, Alessandro conta que as escalas de trabalho eram diferenciadas, e que era comum que passasse feriados longe de casa e dos familiares. “Principalmente nas datas especiais. No início foi difícil para mim, mas depois foi ficando natural, pois comecei a exercitar que não estaria com eles naquele dia, mas estaria em outro”, conta.
Volmir compartilha do mesmo sentimento. “Era complicado, mas eu sei que isso é da profissão, então procuro entender. Por mais que eu esteja longe, aquilo ali é meu ganha pão, foi o que eu escolhi para mim. Mesmo que eu não esteja com meus familiares, eu sei que estou promovendo o bem para outras famílias”, salienta.

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