“Porque nós não podemos nos tornar um polo de turismo sustentável no futuro?”, indaga o gestor da empresa Montepel e integrante do Núcleo Socioambiental da ACI, João Batista Dias, o Tita. No último domingo, 20, o montenegrino participou de um evento mundial representando o município e apresentando dois projetos de desenvolvimento sustentável.
Tita palestrou em um painel sobre parcerias globais para o atingimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, e acredita que através da conscientização da sociedade e de novas parcerias privadas é possível transformar o município em um local mais sustentável. “Claro que a gente ainda tem muita coisa pra fazer, mas esse é o primeiro passo que a gente está dando e que eu acho que a Prefeitura precisa pensar nisso. Os nossos governantes precisam aproveitar isso, pra gente criar um novo movimento na cidade”, comenta.
Exemplo dessas parcerias e do trabalho de conscientização são os dois projetos Ecopila e Educando para o Futuro. Criado em 2018 pelo Núcleo Socioambiental da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI) de Montenegro e Pareci Novo, o Ecopila é uma “moeda” ecológica que busca incentivar a consciência ambiental da separação de lixo na comunidade.
Com quase 30 mil Ecopilas já em circulação, e por volta de 70 toneladas de materiais arrecadados, o projeto, além de incentivar o descarte correto do lixo, também inclui uma parte social. “Eu concordei em 10% do valor destinar para a ACI para ser investido em projetos sociais”, diz João Batista. Um exemplo desse processo é a destinação de quase R$ 2 mil para a Tenda Covid da Secretaria de Saúde.
De acordo com Tita, mais novidades são esperadas para o Ecopila. “Hoje a gente está negociando, por exemplo, a implantação dele em outra cidade”, fala. Uma nota de R$ 10 Ecopila também deve estar em circulação em breve.
Outra parceria de empresas, o projeto Educando para o Futuro foi criado pela empresa Montepel em 2017, em parceria com outras empresas privadas. O projeto estimula a mudança prática de atitudes e a formação de novos hábitos com relação ao meio ambiente. Ao ser desenvolvida junto às escolas, a iniciativa é um eficiente instrumento para formação da consciência ambiental de crianças e adolescentes, que são multiplicadores da ação junto às famílias e comunidade em que vivem.
O projeto teve tanto sucesso que participou de uma premiação da ONU; teve a participação de quase 5 mil crianças e foi introduzido em novas cidades, como Pareci Novo e Triunfo. Infelizmente devido à pandemia do novo coronavírus, o Educando para o Futuro teve de ser suspenso neste ano, mas em 2021 a expectativa é de uma nova proposta. “A gente tinha montado um projeto muito grande pra esse ano. A parceria iria envolver a Associação Comercial, o Sesc, a Associação de Logística Reversa de Embalagens – ASLORE, e eles tinham sinalizado já com R$3 mil em premiação para um projeto de gincana onde a gente ia começar no início do ano”, explica.
O gestor considera esse projeto como um “trabalho de formiguinha”. “O grande papel desse projeto é conseguir criar na criança essa cultura e fazer com que ela também crie nos pais”, explica.
“A gente criou esses projetos basicamente para trabalhar a conscientização, que é o problema que a gente tem. É só tu pegar uma enchente aqui, o São Miguel enche de plástico. O pessoal diz que o Arroio tocou água para fora, mas todo mundo joga tudo pra dentro do Arroio”, considera João Batista. Para ele, é necessário tirar proveito de projetos como esses para pensar em um Montenegro diferente para o futuro.
Confira ainda as respostas do gestor da Montepel sobre desenvolvimento sustentável e o projeto Ecopila:
– Jornal Ibiá: Como tu acha que podemos trabalhar a conscientização no município?
João Batista Dias: Eu acho que podemos trabalhar a conscientização primeiro na escola. As escolas são o nosso ponto principal e o nosso ponto de partida pra isso. A gente tem que investir forte em educação sustentável, preparar os professores para trabalhar o tema em várias matérias, e também trabalhar com as associações de bairro.
As pessoas precisam saber que dia tem coleta seletiva. É começar a criar essa cultura na cidade, para daqui a pouco a gente possa ter Montenegro como exemplo dentro do Estado como cidade sustentável. Isso gera turismo, gera atenção, hoje tu tens empresas buscando na hora de investir locais como esse.
– Jornal Ibiá: Como as pessoas podem ajudar no dia a dia?
João Batista: Começo de tudo: separar o seu lixo em casa. Eu digo para as crianças, por exemplo, no dia-a-dia, quando eu vou fazer palestra nas escolas “não adianta postar uma foto sobre a Amazônia queimando se tu não separas teu lixo em casa, se tu não arrumas a tua cama”, isso é desde o básico. Começa dentro de casa separando o seu lixo. Aquele que tem condições pode fazer uma compostagem, tudo que tu tirar do lixo “comum” tu já está gerando economia na prefeitura. Então se eu puder ter uma composteira em casa e separar o teu lixo tu reduz o que tu destina incorretamente hoje em torno de 90%.
– Jornal Ibiá: A pessoa pode fazer uma composteira com o que tem em casa?
João Batista: A compostagem hoje se tu quer um processinho mais bonito tu tem na internet como comprar estruturas de plástico fechadas com uma torneira para tirar o chorume. Porque quando tu vai fazer o processo em casa; se tu tem horta em casa é mais tranquilo, tu pode fazer uma composteira no chão e se tu tem um terreno com minhoca aquilo automaticamente já vai se formando.
Agora se tu mora em um apartamento ou se tu mora em um terreno pequeno tu vai precisar de uma estrutura. Tu pode ter uma estrutura mais sofisticada que o pessoal tem pra vender na internet ou tu pode fazer em casa com tijolo; com tambor; balde.
– Jornal Ibiá: O Ecopila passou por várias mudanças desde 2018, como isso foi sendo agregado?
João Batista: Na verdade as pessoas foram trazendo necessidades pra gente. A gente abriu com alguns itens, mas as pessoas começaram a pedir por PVC, óleo de cozinha, essas coisas foram sendo trazidas para o projeto. A mesma coisa é o eletrônico, a gente consegue dar destino, mas eu não consigo valorizar. O conceito do nosso negócio não é só comprar resíduo, mas dar destino pra esse resíduo, então vai ter resíduos como eletrônico hoje ou como o vidro que eu não ganho nada, mas faz parte do nosso negócio receber também.
– Jornal Ibiá: Tem novas expectativas para o Ecopila?
João Batista: Sim, a gente quer lançar nos próximos dias a nota de 10 Ecopila, e a gente voltou a trabalhar nessa questão de implantar o Ecopila em outros locai. Já temos uma cidade que aceitou a proposta, então a gente está levando o Ecopila fisicamente para fora da cidade.
– Jornal Ibiá: Tem uma data pra lançar a nota de 10 Ecopila?
João Batista: Acredito que no início do mês de outubro a gente autorize a fabricação.
– Jornal Ibiá: O quanto a pessoa tem que levar para receber essa nota?
João Batista: Depende muito dos materiais que ela tem. Pode ser um pouco de cada, a diferença do Ecopila para um projeto de coleta seletiva, é que a pessoa precisa separar os resíduos. Pra ganhar a nota de dez ele precisa me levar materiais que a soma passe de 10. Se a gente pensar hoje três quilos e meio de latinha, por exemplo, já ganha.