A Casa do Produtor Rural opera há uma década, trazendo frutas e hostaliças do interior diretamente para a mesa do consumidor. Tudo começou em uma feira de rua, ainda na Capitão Cruz, que com o passar do tempo ganhou um espaço abrigado do frio, da chuva e do forte calor, o que ajuda a manter o frescor dos alimentos. São 16 feirantes que, além dos hortifrutigrangeiros, ainda oferecem nas bancas plantas para jardinagem e artesanato.
Essa cadeia de vendas curta, do produtor para as famílias urbanas, tem garantido não somente o emprego e a renda no campo, mas também o fortalecimento das relações entre feirantes e o público. Mais que um estilo, uma forma de convivência que agrega amizade e companheirismo entre as pessoas, que se reforça ainda com o café colonial servido duas vezes por semana. Só 40% dos ítens vendidos em cada banca pode vir de fora da propriedade do permissionário. São, em geral, frutas trazidas de outras regiões do país, como a banana e o mamão.
Consumidores ressaltam a qualidade e os vínculos
A professora Mari Dhein é uma das que já era cliente nos tempos das barracas de rua e frequenta o espaço desde a abertura. “Seja pelos produtos que encontro aqui, a variedade, quanto pela confiança. Também sempre encontro uma amiga pelos corredores”, aponta a professora.
A aposentada Erna de Mello também é cliente de longa data dos feirantes. Para ela, é importante conhecer o produtor e saber qual a origem dos produtos que está consumindo e colocando na mesa dos filhos e netos. “Comprar aqui é manter as famílias produzindo no campo. Dessa relação com quem produz, é tudo fresquinho”, afirma.
Luis Fernando Goulart se preocupa tanto com a saúde quanto com a preservação ambiental. “Tem produto orgânico, ecológico. E eles são muito simpáticos, praticamente de casa, e os preços acessíveis”, destaca.
Há produtores que, na busca por novos mercados, chegaram há pouco tempo. É o caso da banca de ovos que está há 15 dias no local. Produção que vem direto da Encosta da Serra para as mãos do cliente final. “Além de ampliar mercados, também reduzimos custos para o consumidor, já que não há atravessadores pelo caminho”, afirma a comerciante Ana Paula Moraes.
Novas regras para venda de produtos de origem animal
A Casa do Produtor Rural está vinculada à secretaria de Desenvolvimento Rural e, recentemente, o espaço passou por uma vistoria de rotina por parte da Vigilância Sanitária e Epidemiológica. Segundo a coordenadora do departamento, Silvana Schons, houve mudanças no decreto que rege esses produtos. “Vamos nos reunir com os produtores e falar das normas. Entramos com a parte técnica” aponta Silvana.
Todos os produtos processados ou minimamente processados devem possuir algum tipo de certificação, que assegure condições de higiene e de segurança ao consumidor, aponta o extensionista da Emater, Everaldo da Silva. “O ovo, por exemplo, não pode estar exposto a altas temperaturas, precisa de um controle contra salmonela, se a casca está trincada”, exemplifica.
A chefe de abastecimento da Casa do Produtor Rural, Maria Cecília Bartzen, afirma que a reunião entre vigilância e os produtores está marcada para o dia 31 deste mês. “É uma convocação para os feirantes. E todos nós temos interesse em aprender e aplicar as normas”, pontua.
A produtora Naura Schubert, 66 anos, é uma das mais antigas em atividade na Casa do Produtor Rural. Para ela, o importante é haver prazo para que as adequações ocorram. “As mudanças são bem vindas. O importante é não haver exageros nas cobranças, precisamos de prazo para assimilar as novas práticas”, sintetiza Naura.