Campo do Meio celebrou as origens do Vale do Caí

A maior celebração em Montenegro pelos 200 anos da chegada dos alemães no Brasil ficará sendo a Festa do Imigrante da Comunidade Evangélica de Campo do Meio. O tradicional evento reuniu mais de 2.000 pessoas neste domingo, dia 21, das quais 1.400 degustaram o almoço colonial. Repetindo uma tradição no Vale do Caí, o dia começou com Culpo Festivo na Igreja Luterana da localidade rural, de onde saiu um cortejo musical até o salão da festa.

Neste ano, o ginásio recebeu decoração especial, na qual prevaleceu o tricolor da bandeira nacional da Alemanha. Foi montado um pequeno museu com espaço “instagramável” para “selfie”, reunindo itens antigos cedidos pelas famílias de Campo do Meio e dos arredores. Muitos eram ferramentas agrícolas manuais, além de móveis, aparelhos domésticos, uma Bíblia Sagrada escrita em Alemão e fotos do albúm da família Kettermann, uma das mais tradicionais da comunidade.

Para os adultos, sobretudo idosos, eram boas recordações; enquanto os jovens olhavam com curiosidade aqueles aparelhos, como o ferro de passar aquecido com carvão e a lamparina a gás. Os irmãos Henrique e Mateus Kochenborger, de 01 e 03 anos, ficaram empolgados com as novidades.

No pequeno museu, Henrique observava fotos dos Kettermann e Mateus descobria como funcionava aquele aparelho

O mais velho observava tudo através de um aparelho que servia para melhor visualiar fotografias; enquanto o caçula se esforçava para tentar mover um gaita. A mãe deles, Cristiane, disse que o instrumento musical não é novidade, pois o avô paterno, Auri Kochenborger, morador de Campo do Meio, é gaiteiro. “De vez em quando sai uma gaitada em casa”, comentou a moradora de Coqueiral, interior de Pareci Novo.

Mais uma grande homenagem aconteceu antes do baile, com o Grupo de Danças Alemãs Volkstanzgruppe Von Kappesberg, de Salvador do Sul. Os artistas entregaram um momento cultura rico, pois, além das coreografias folclóricas, representaram a história da chegada dos imigrantes, ressaltando o trabalho braçal da terra, o comércio e a religiosidade.

Volkstanzgruppe Von Kappesberg encenou dificuldades e vitórias dos imigrantes

Uma orgulhosa colona com origem alemã
Certamente, uma das pessoas que teve boas lembranças na tarde de domingo foi dona Amanda Krug, que ‘de casa’ tem o sobrenome Weber. Aos 78 anos de idade, contou ao Ibiá algumas memórias do tempo da colônia e revelou informações sobre os ancestrais imigrantes alemães. Da família paterna, os Weber, ela não guarda muitos dados, a não ser que existem muitos descendentes espalhados pela região.

A respeito dos Krug, tem lembranças do pai de seu falecido esposo, seu Norberto, contando que duas famílias Krug chegaram ao Rio Grande do Sul em 1824. “Eram todos colonos que vieram para trabalhar”, reforça. Nestes núcleos familiares havia ao menos nove mulheres jovens que se casaram no Brasil.

Amanda Krog revelou orgulho da família, ontem e hoje

Também segue vivo em sua memória a infância de colona, que aos 7 anos já ordenhava as vacas na propriedade dos pais Elvira e Adolfo Weber, em Alfama. “Era judiado. Isso desde pequeninha eu trabalhava”, descreveu. Na mesma colônia de Montenegro morava o esposo Norberto, e foi onde criaram quatro filhos: Ricardo; Raini; Iloani (hoje Ulrich) e Elízio.

Todos seguiram cultivando a terra, plantando – e criando – comida para alimentar o povo da região. A própria matriarca, dentro da medida do possível, ainda faz alguma coisa na terra. Uma história de orgulho dos imigrantes e de aptidão de colona que repassa aos 8 netos – seis homens e duas mulheres –, dos quais aquela que recebeu seu nome, Amanda, é Agrônoma em lavouras de soja em Roraima.

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