Brochier tem um Papai Noel que não é símbolo comercial

O calor é grande e o ventilador de parede não consegue amenizá-lo no Bolicho do Gaúcho, localizado no Centro de Brochier. Mas não é isso que impede o Papai Noel de se personificar em José Ricardo de Prado, o Rico Prado ou Gauchinho de Brochier. A vasta barba e o gorro vermelho vão de encontro à figura clássica do “bom velhinho”. No entanto, o guarda-pó branco – aberto até a barriga para dar conta do calor – usado para trabalhar no boteco e a bombacha preta destoam da costumeira imagem do Papai Noel.

Rico até tem bombacha e guarda-pó vermelhos para fazer devidamente caracterizado as vezes de Papai Noel. No entanto, não é apenas a semelhança física com o “bom velhinho” que chama atenção nele, mas sim outra característica do símbolo natalino: o amor ao próximo. Há oito anos que Rico faz duas vezes ao ano um galeto para residentes e funcionários do Asilo São João. Um dos almoços é promovido pela metade do ano e o outro, mais especial, próximo do Natal. Na segunda visita de cada ano, Rico se veste de Papai Noel e distribui caixas de bombons e abraços.

Com bombons e simpatia, Rico busca espalhar o espírito natalino pela cidade

“O nosso asilo aqui é 10, muito bem cuidado. Mas acontece que passam datas especiais e têm filhos que não comparecem para ver os pais. Então, resolvi ir lá e quero a cada ano melhorar mais (as suas visitas)”, conta Rico. Ele destaca que tudo é adquirido com dinheiro do seu bolso e que conta com a ajuda de um amigo para assar os galetos. O genro e uma neta também costumam ajudar. Como sua promoção no asilo acabou ficando conhecida, ele passou a ser chamado para outras atividades de fim de ano, onde se transforma em Papai Noel, para a alegria de crianças e adultos. Inclusive, ele foi convidado pelo vice-prefeito Fernando Aurélio Braun para distribuir doces pelo Município. “Vamos sair com o trenó por aí afora entregando pacotinhos”, conta. Nesta data, seu bolicho será fechado mais cedo para que ele possa se dedicar à função de bom velhinho.

Ação em asilo brochiense se repete há oito anos e sempre leva alegria para residentes e funcionários

Apesar de representar um símbolo que, muitas vezes, é visto como o principal representante do consumismo no Natal, Rico busca resgatar o espírito natalino de estar com a família e amigos compartilhando bons momentos. “O Natal, pra mim, é uma das datas mais lindas que existe”, garante o Papai Noel brochiense. Ele conta que suas ações solidárias são feitas “por gosto” e que várias pessoas já vieram lhe pedir se elas deveriam tomar atitude semelhante. A resposta de Rico para os indecisos? “Faz também!”.

“A alegria deles é a minha”
Com seus 62 anos de vida, Rico observa que o “luxo” tomou conta das celebrações de Natal, principalmente quando se trata dos presentes. “Na nossa época, a gente se contentava com uma casquinha de ovo com um amendoim dentro, com um doce, uma broa ou um caramelo”, recorda. Ele tenta reverter essa busca pelo luxo com seu carisma e bombons, que podem parecer coisas simples, mas aquecem o coração de diversas pessoas e também de Rico Prado.

É com essa

Como bom velhinho, Rico resignifica o Natal como época de celebração
em família e não de presentes caros

simplicidade que Rico busca espalhar a alegria entre crianças, idosos e adultos. “A alegria deles é a minha”, garante. Essa forma simples de passar o espírito natalino adiante também se reflete no que ele pensa da vida: ninguém é dono de nada nessa vida. “Hoje tu é ‘dono’ de uma coisa, amanhã tu está morto e tudo fica”, afirma. É também por não dar tamanho valor aos bens materiais que Rico não abre mão de uma coisa: passar a noite do dia 24 em família. “Não é justo eu sair e ir na casa dos outros, alegrando os outros e a minha família ficar em casa sem a minha presença”, comenta.

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