“A Cufa mudou minha vida e da minha família”, diz moradora do Senai

Há 16 anos, entidade é referência para quem mora nas periferias

No último fim de semana, a Cufa Montenegro completou 16 anos transformando vidas e oferecendo suporte essencial à comunidade local. Para o coordenador Rogério dos Santos, a construção da organização no município foi um exercício de superar barreiras. A trajetória de Liane Pereira da Silva, moradora do bairro Senai, é uma das histórias de transformação que ilustram o impacto positivo que a entidade tem proporcionado à população. Aos 40 anos, Liane, mãe de seis filhos e avó de uma menina de 1 ano e 8 meses, passou por muitos desafios, especialmente durante o período mais crítico da pandemia. Nesse período, o apoio da Cufa foi fundamental para mudar sua vida e o de sua família.

Liane entrou em contato com a Cufa em 2020, um ano marcado pela crise econômica e social provocada pela pandemia. “Naquele tempo, eu estava desempregada e passando por muitas dificuldades, especialmente com a alimentação dos meus filhos, que eram todos menores”, relembra. “Foi quando conheci o trabalho da Cufa através de uma publicação no Facebook sobre as doações de cestas básicas e outros itens. Entrei em contato e fui prontamente atendida pela Kaká Pinheiro e Rogério dos Santos”, destaca.

Curso de costura oferecido pela Cufa em parceria com Senai foi oportunidade para Liane se qualificar. CRÉDITO: ARQUIVO PESSOAL

O apoio recebido foi fundamental para Liane e seus filhos, que puderam contar com cestas básicas, alimentos orgânicos e produtos de limpeza. “De lá pra cá, fui entrando cada vez mais nessa família chamada Cufa”, diz. Ela passou a ser voluntária, participando das ações da organização, ajudando nas entregas e na separação de roupas e calçados, e colaborando na festa de Dia das Crianças e de Natal, onde contribui com o preparo dos cachorro-quentes.

A participação de Liane na Cufa não se limitou a ajudar os outros. Ela também encontrou apoio e oportunidades para seu próprio desenvolvimento. “Hoje, participo do Núcleo Maria Maria, que é um grupo de mulheres com rodas de conversa para aprimorar o desenvolvimento pessoal e o conhecimento sobre direitos, especialmente para aquelas vítimas de violência doméstica”, explica. Liane, que também foi vítima de violência, encontrou no grupo o suporte necessário para reconstruir sua vida.

Além do apoio emocional e social, a Central Única das Favelas ofereceu a Liane oportunidades de capacitação. Ela participou de cursos profissionalizantes, como o de costureira, oferecido em parceria com o Senai, e se envolveu na horta comunitária do Espaço Isokan. “Na horta, que é 100% orgânica, a Cufa visa que a família trabalhe junta para um futuro melhor”, comenta.

Seus filhos também se beneficiaram dos projetos da Cufa. Participam do projeto Notas da Quebrada, onde têm a oportunidade de aprender violino, flauta e coral percussão, e ainda são levados a passeios culturais. “É uma oportunidade única para eles. Podem tocar em uma orquestra, ter acesso a um ensino de qualidade, tudo de graça”, afirma.

O impacto da entidade na vida de Liane e sua família foi transformador. Ela conta que hoje possui um trabalho, fruto das qualificações realizadas. “De uma situação vulnerável, passamos a ter acesso a alimentos, roupas, materiais escolares e cursos para me aperfeiçoar. Isso nos deu uma base para buscar um futuro melhor, não apenas sobrevivendo, mas lutando por mais oportunidades”, conclui.

A história de Valda com a Cufa
Em um período de desafios e superações, mais uma história de resiliência e gratidão se destaca: a de Valda Adriana da Luz, que também teve a sua vida impactada pela atuação da Cufa Montenegro. Valda, de 43 anos, moradora do Industrial, conheceu a Cufa durante a pandemia, quando foi contatada para receber um cartão no valor de R$ 100,00. “Conheci o trabalho da Cufa através de uma conhecida que fazia os trabalhos com as crianças no bairro Industrial. Ela passou meu contato para a Kaká, que me chamou para receber um cartão”, conta.

Ao longo dos anos, Valda participou de várias ações promovidas, incluindo a entrega de cartões alimentação e vales gás. Ela destaca o impacto positivo que essas iniciativas tiveram em sua vida e na de muitos outros. “Eles são maravilhosos, sempre ajudando”, afirma. Um dos momentos mais marcantes foi o suporte recebido após a enchente de maio deste ano, que atingiu sua casa. “Foi um momento muito difícil, mas eles deram um grande suporte, não só com alimentação, mas também com palavras de conforto”, lembra.
A gratidão de Valda é evidente quando ela fala sobre a importância da organização para a comunidade. “A Cufa é uma grande família, onde todos se ajudam”, diz. Ela destaca como a entidade está sempre buscando inovar para ajudar mais pessoas e como os voluntários estão prontos a ajudar.

Além de seu próprio envolvimento, Valda também vê os benefícios diretos na vida de sua filha, Layla, que participa do projeto Notas da Quebrada, uma iniciativa da Cufa em parceria com a Braskem. “No momento, eles não estão tendo aulas devido às enchentes, mas acredito que logo voltarão”, espera Valda, demonstrando o impacto positivo dos projetos da Cufa na também na vida da família. Valda, por sua vez, continua se envolvendo nas ações da Cufa, sempre que é possível, e expressa sua gratidão. “Sou muito grata por tudo que eles fazem pelas pessoas que precisam”, conclui.

Como a Cufa Montenegro impactou na vida de Danielle
Entre as muitas histórias de transformação proporcionadas pela Cufa Montenegro, a trajetória de Danielle dos Santos de Araujo, de 23 anos, se destaca como um exemplo inspirador de mudança e empoderamento. Desde 2015, quando ela se envolveu com a organização, sua vida e carreira foram transformadas pelos projetos desenvolvidos.
Danielle conheceu o trabalho da Cufa através de Rogério. Ela iniciou no projeto Maria Maria, auxiliando na coordenação ao lado de Kaká e se envolvendo em diversas outras iniciativas, como as Segundas ao Quadrado, as ações emergenciais durante a pandemia e enchentes, e as palestras e seminários promovidos pela organização.

O impacto na vida de Danielle foi grande. “A Cufa é extremamente importante para mim, principalmente em dois aspectos,” afirma. “Foi por meio dos projetos da Cufa que eu me reconheci como mulher negra e entendi o papel que eu tinha na sociedade. Foi um processo difícil e doloroso, e o Rogério e a Kaká foram fundamentais para que eu pudesse entender a importância disso também”, completa. Essa jornada empoderamento pessoal levou Danielle a decidir seguir sua carreira profissional no Direito.

Valda participa das ações da Cufa e a filha, Layla, do projeto Notas da Quebrada. CRÉDITO: ARQUIVO PESSOAL

Durante sua participação nas rodas de conversa do Maria Maria, Danielle percebeu que poderia usar sua formação em prol da comunidade. “Foi participando das rodas de conversa realizadas pelo Maria Maria que eu percebi que, através do Direito, eu poderia auxiliar as mulheres e meninas que participam do grupo,” conta. Hoje, um ano após se formar em Direito, Danielle continua atuando na Cufa, se dedicando a ajudar as mulheres de favelas a buscar e garantir seus direitos.

Para Danielle, a Cufa não é apenas uma entidade, mas uma instituição essencial para a comunidade. “Montenegro tem muita sorte de ter uma entidade tão atuante,” afirma. Ela destaca o papel crucial da Cufa em áreas como na distribuição de cestas básicas, entrega de gás e outros utensílios essenciais. “A Cufa está onde o poder público não chega, realizando projetos que salvam e transformam vidas. Não tem como negar o importante papel que a entidade tem na comunidade montenegrina”.

Danielle também ressalta a dedicação de Rogério, que, segundo ela, se empenha diariamente para garantir que os direitos e a dignidade da população das favelas sejam respeitados. “O Rogério se dedica dia a dia para que a população da favela tenha seus direitos respeitados e, mais que isso, possam ter sua dignidade respeitada”, conclui.

 

Últimas Notícias

Destaques