Jovens e famílias estão com grandes expectativas para este domingo, 16
Os seminaristas João Vitor Freitas dos Santos e Jonas Gomes serão ordenados diáconos nesse domingo, 16, na Catedral São João Batista em Montenegro, às 15h. A Celebração Eucarística de ordenação será realizada por Dom Carlos Romulo, e todos estão convidados a participar.
Momento especial foi uma das várias denominações descritas para essa ocasião pelos dois jovens da Diocese de Montenegro. Natural de Taquari, João Vítor Freitas dos Santos, de 26 anos, é de família de origem católica, mas a participação efetiva na Igreja se deu graças aos seus esforços.
“Eu me lembro quando era pequeno da minha mãe me levar até o Santuário Nossa Senhora da Assunção, em Taquari. Também me recordo de em alguns domingos ir à missa, mas nenhuma participação na vida da comunidade”, relembra João Vitor. Segundo ele, a sua primeira comunhão foi realizada mais como uma tradição e teve momentos recordáveis para o futuro diácono. “Eu fugia da catequese, tinha situações que eu dizia pra minha mãe que estava indo na catequese e ficava em casa. Um dia a catequista ligou para dizer que eu não estava indo, chegando em casa eu levei um chingão porque dizia que estava em um lugar e não estava”, comenta em tom de brincadeira.
Mas a experiência profunda com Deus não demorou a chegar para João Vitor. Em 2006 o seminarista começou a ter crises de sentido de vida, e foi através de uma amiga da sua mãe que começou a participar de um grupo de jovens da sua paróquia, e em novembro de 2007 fez o retiro de três dias do Curso de Liderança Juvenil (CLJ). “Esse retiro foi um grande marco na minha vida de fé, porque a partir desse retiro a fé não era algo distante de mim. Nesse retiro eu fiz uma experiência de Deus, foi um despertar para fé”, fala com emoção.
A partir desse retiro a participação no grupo de jovens continuou e quando João Vitor percebeu a Igreja estava fazendo parte de toda a sua vida. João Vitor entrou no curso de Filosofia como leigo, e foi em julho de 2012 que o jovem a convite de um padre realizou uma experiência de cinco meses em uma Paróquia de Canoas, e em 2013 ingressou no seminário maior de Viamão. Segundo ele, a decisão de ser padre foi um discernimento que ocorreu aos poucos. “O querer de Deus, da Igreja e o meu. Chegou um tempo da caminhada que eu percebi que esses três quereres estavam caminhando juntos”, diz ele.
O seminarista dedicou dois anos de sua vida na pesquisa do curso de Direito Matrimonial Canônico, e os frutos foram colhidos com a implantação do setor pré-matrimonial na Diocese e destaque no portal de notícias oficiais do Vaticano. “Fico bem feliz com o resultado. Me encantei por essa área da família, desde a parte o direito até o acompanhamento pastoral em si”, fala.
A apreensão está alta para domingo, mas João Vitor relata que o sentimento é de felicidade, apesar de tudo. “O sentimento é de muita alegria e gratidão, porque olhando toda essa história vocacional eu percebo a ação de Deus e o seu chamado”, conclui. A sua ordenação presbiteral está prevista para o dia 20 de dezembro, em Taquari, e segundo ele será a primeira ordenação de padre na igreja local.
Desejo de criança que virou uma realidade
Amigo de João Vitor desde 2011, Jonas Gomes, de 27 anos, é natural de Feliz, mas teve sua infância e juventude em Capela de Santana. Diferente do amigo, o seminarista Jonas idealiza a vida de padre desde seus cinco anos de idade. “Lembro que foi saindo de uma missa que falei para os meus pais que tinha a vontade de ser padre”, relembra ele. Um grande incentivador e referência para Jonas foi o pároco de Capela de Santana, Pe. José Inácio Messa, que o acompanhou durante 11 anos de caminhada até o ano em que entrou no seminário. “Ele foi um grande amigo da nossa família. O Pe. José Inácio foi aquele sinal de Deus na minha vida; pelo jeito de ser padre; pelo jeito dele testemunhar o ministério, foi através disso que eu senti o chamado de Deus”, comenta.
De acordo com o jovem, uma grande motivação para seguir a vida sacerdotal foi ser coroinha na comunidade. “Foi muito importante, e eu lembro que era coroinha nem tanto por gostar de ir à missa, ou poder servir no altar, mas gostava para estar ao lado do padre. A figura dele sempre me chamava a atenção”, fala o seminarista.
Participante ativo da comunidade e de grupos jovens como o Objetivo Novo de Apostolado (Onda) e o Kairós, Jonas Gomes ingressou no seminário no ano de 2006, com apenas 14 anos.
Em 2009 o seminarista terminou o seu último ano do Ensino Médio no Seminário de Bom Princípio, e em 2010 retornou para Gravataí para o curso propedêutico, que hoje é realizado em Montenegro. Jonas cursou Filosofia e neste ano conclui Teologia. “Depois do terceiro ano de Teologia fazemos o ano pastoral, que é um ano morando em uma paróquia, no ano passado eu vivi o ano pastoral em Teutônia, acompanhado por dois padres”, explica ele.
A experiência foi altamente motivadora, e a oportunidade do contato direto com os padres da paróquia, a atribuição de atividades e convivência com o povo foi enriquecedora para Jonas. “Em Teutônia existem muitos movimentos pastorais e destaco um dos que mais consegui enxergar o ministério de padre, que foi a pastoral da saúde. Toda semana visitava com as senhoras o hospital, visitava doentes, isso me fez despertar ainda mais a presença do padre junto ao povo mais sofrido”, relata ele.
São treze anos de caminhada, de Jonas se preparando para receber a ordenação, e o sentimento definido por ele é de felicidade, por estar abraçando um projeto de vida. “Estou entregando de fato a minha vida para Deus, é um sentimento de gratidão pelo caminho trilhado, por tantas pessoas que passaram a fazer parte da minha vida através desse caminho e ao mesmo tempo uma certa ansiedade pelo que vem pela frente”, define. Momentos de dúvidas foram vividos por ele, mas segundo o seminarista o importante é se abrir e deixar Deus ajudar.
A sua ordenação presbiteral está prevista para o dia 13 de dezembro em Capela de Santana. Sem nenhum registro histórico, Jonas será o primeiro padre de lá a ser ordenado, e a primeira ordenação presbiteral da Paróquia. “Esse é um motivo de alegria para mim. Às vezes o padre provoca, porque eu não nasci em Capela de Santana, mas cresci lá. Eu acredito que seja um sinal de Deus na comunidade e também na minha vida, poder celebrar esse momento junto com eles”, completa.
Inquietação na escola
A primeira lembrança de Cássia Freitas dos Santos, mãe de João Vitor, quanto ao seu interesse real aos assuntos da igreja parte de uma inquietude do filho em uma aula de História na escola. Segundo Cássia, João Vitor era muito calmo na escola, gostava muito de ler e era interessado pela área das humanas. E foi através dessa área que a sua vocação teve início.
“Ele tinha mais ou menos uns 12 anos, e estava em uma aula de história. A professora dele escreveu um livro intitulado “Por que deixei de ser católica?”, e na aula de história ela começou a falar sobre as razões que levaram ela a deixar de ser católica, e ele chegou em casa muito incomodado com aquilo”, relata Cássia.
De acordo com a mãe, João Vitor não acreditava no que a professora estava falando, mas que não tinha fundamentação para argumentar com ela. “Ele me perguntou várias coisas naquele sentido, e eu não sabia responder. Foi então que pedi para o pároco de Taquari conversar com ele a respeito”, comenta. Depois disso a mãe só viu o filho se interessar cada vez mais pela Igreja.
A mãe relata que foi João Vitor que fez com que a família participasse ativamente da comunidade, e esse momento que todos estão vivendo é só alegrias. “Eu tenho uma admiração muito grande por ele, pela forma que ele pensa, pela caminhada dele. Sinto muita alegria também”, diz Cássia.
A família sempre apoiou a ideia que o seminarista tinha, mas a preocupação pela responsabilidade a ser assumida também existe. “É uma responsabilidade muito grande, ele vai certamente irá enfrentar problemas, mas apesar de tudo eu confio. Sei que ele é um vocacionado, Deus escolheu ele e sei que não vai faltar fé nem coragem para ele enfrentar”, completa a mãe.
Brincando de missa
Tudo que Jonas Gomes é hoje foi fruto da sua busca desde a infância e vocação sacerdotal. Segundo a família, os traços dessa vocação tão marcante já apareciam com os seus cinco anos de idade. “O Jonas com cinco anos de idade já puxava terço em grupo de oração”, fala o pai Arpeu de Oliveira Gomes. Segundo ele, a família é católica, mas que aprofundou a fé de todos foi o jovem.
O pai relembra que Jonas tinha uma preocupação muito grande grande criança, como ele poderia ser um padre e também motorista?. Arpeu que opera máquinas relata que Jonas era muito envolvido com o seu trabalho e que na época o pároco de Capela de Santana levou um álbum de fotografia e mostrou para Jonas um padre dirigindo um ônibus e levando seminaristas. Por enquanto Jonas só está seguindo um dos sonhos de infância, que é ser padre.
Outro momento marcante na infância do seminarista foi as suas rezas diárias. “A gente questionou também o padre pela questão de ele rezar a missa em casa. Então o padre disse que ia explicar a ele como rezar uma missa. Falou para ele pedir pra mim comprar um pacote de bolacha maria e um guaraná, e da bolacha era para fazer a hóstia e do guaraná fazer o vinho”, relembra com alegria Arpeu. Com um altar preparado por Jonas em casa, e vestes improvisadas a brincadeira tornou-se coisa séria.
Sempre disponíveis para Jonas, os pais só tem a agradecer a Deus. “Vivendo nesse mundo de hoje, em que se vê a situação da juventude em relação às drogas, a prostituição, e poder ter o teu filho em uma tarefa dessas e nos trazendo tantas e tantas amizades, de tantos lugares diferentes, isso é fantástico”, diz Arpeu.
Apesar de vivenciarem essa caminha há 13 anos junto a Jonas a expectativa para a ordenação diaconal está alta. “Vamos precisar tomar um calmante pro coração acalmar. É uma alegria muito grande pra gente”, fala o pai.
As vocações
Para o Bispo da Diocese de Montenegro, Dom Carlos Romulo, João Vitor e Jonas são dois seminaristas muito dedicados. Fazendo uma caminhada de longa data, os dois são colegas de mais jovens vocacionados a vida sacerdotal. Segundo o Bispo, ao total são 34 seminaristas na Diocese de Montenegro. Além disso, a Diocese também conta com mulheres que procuram a vida religiosa e são acompanhadas em Montenegro, realizando a sua formação em outras cidades.
De acordo com Dom Carlos Romulo, todos os jovens cristãos são vocacionados, mas ao longo do tempo é feito o discernimento. “A atividade juvenil, de grupos de jovens, é um dos principais lugares onde eles vão descobrindo”, diz. A vida em comunidade é fundamental para a descoberta. “É em comunidade, com os jovens, que cada um descobre o seu carisma, porque o mais importante é ser cristão, não importa em qual a forma. Depois sendo cristão você vai descobrindo qual o seu chamado”, fala o Bispo.
O trabalho vocacional na Diocese de Montenegro é antigo e são várias as etapas na ajuda aos jovens. “Nós temos, por exemplo ‘Cada comunidade uma nova vocação’, que é um projeto de evangelização em que os ministros rezam pelas vocações, as catequistas trabalham as vocações nas turmas de catequese, e os jovens fazem divulgação das vocações”, explica Dom Carlos Romulo.
Além disso, a Diocese conta com o serviço de animação vocacional, o SAVE, que trabalha com os retiros de jovens e semanas vocacionais. Também existe o Kairós, que Jonas e João Vitor participaram, que são retiros e encontros com os jovens. “Também existe o próprio trabalho dos seminários. Esse trabalho envolve bastante a diocese, todos trabalhamos muito pelas vocações, muitos não ficam padres, mas descobrem uma vocação de ministro, catequista, liderança na igreja, etc”, comenta o Bispo.
Dom Carlos Romulo pede aos jovens que não tenham medo de seguir a Jesus Cristo. “Uma pessoa que se encontra, consegue se expressar muito melhor, fazer o discernimento é fundamental para que a pessoa viva bem, seja na vida sacerdotal ou leiga”, completa o religioso.