Multiartista alto-felizense lança música sobre vida além dos palcos
Natural de Alto Feliz, no Vale do Caí, a multiartista Renata Schneider lançou, recentemente, seu primeiro single, Boneca Russa. O clipe oficial bateu 500 mil visualizações em poucas horas de lançamento e já ultrapassa quatro milhões de visualizações no Youtube, A obra, produzida a muitas mãos, aborda as diferentes facetas do artista e as dificuldades enfrentadas nos bastidores. “Quem me vê tão perfeitinha assim, só conhece um lado de mim”, é a frase inicial da música.
Ao Ibiá, Renata revela que a inspiração veio de vivências próprias e também de experiências de outros artistas, como as incontáveis horas de ensaios e as dores físicas e emocionais para chegar ao sucesso. “O artista abre mão de muitas coisas para se dedicar à profissão. Muitas vezes eu recusei convites porque tinha ensaio e isso doeu, porque eu queria estar com os meus amigos ou com a família”, exemplifica. O medo de perder momentos importantes ou até mesmo vínculos por conta da rotina atribulada foram uma constante, segundo ela.
O lançamento também fala de questões mais sensíveis, como a pressão estética e dificuldades financeiras inerentes à desvalorização da arte como uma profissão. De acordo com a cantora, a arte não tem o mesmo tratamento de profissões mais convencionais, fazendo com que muitas vezes seja vista como algo com menos valor financeiro. Esta visão atravessada impacta na subsistência dos profissionais que se dedicam à carreiras artísticas.
Isso também é exemplificado em trechos da música, como “As contas não esperam, devendo 3k [mil]” e “3k na balança vai ter que baixar”, em alusão à pressão sofrida principalmente por profissionais do ballet, para ter o corpo sempre muito magro, algo visto como sinal de disciplina, muitas vezes, no meio. “Eu também trouxe um lado mais ‘feio’ da arte. Porque muitas vezes os artistas descontam essas frustrações em vícios, como cigarro e bebida”, relata a criadora, sobre outro aspecto abordado no lançamento.
Do Vale para o mundo
Aos 23 anos, Renata Schneider é, além de cantora, bailarina, contorcionista, atriz e criadora de conteúdo, com 3,6 milhões de seguidores no TikTok e 1,6 milhão no Instagram. Há dois anos, ela reside em São Paulo, para onde foi após a aprovação em um processo seletivo, em busca de aperfeiçoamento e crescimento profissional. “Minha história com a arte começou em oficinas oferecidas pela prefeitura de Alto Feliz, onde eu fazia aula de graça”, ressalta a multiartista. “Eu faço questão de sempre falar de onde eu vim, de valorizar a região, porque eu saí de uma cidade muito pequena, do interior do Rio Grande do Sul, e hoje vivendo em São Paulo, sinto que tenho um privilégio em ter essas duas visões de mundo”, avalia. Alto Feliz, no Vale do Caí, tem 3.143 habitantes, de acordo com o IBGE, e faz divisa com Feliz, Bom Princípio, São Vendelino, Carlos Barbosa, Farroupilha e Vale Real.
Com o tempo, ela foi ampliando os horizontes e se especializando, fazendo aulas de dança na Escola de Dança BCA, que atua em várias cidades do Vale do Caí. “Eu comecei no ballet tarde, com 15 anos. Eu fazia aulas com meninas muito mais novas do que eu”, recorda, falando sobre a pressão e a corrida contra o tempo para melhorar a prática. “Depois eu dei aulas de dança também”, recorda.
Em 2019, a bailarina foi aprovada para atuar nos espetáculos do Natal Luz, em Gramado. “Ali eu conheci o contorcionismo”, recorda.
O investimento nesta prática fez também com que ela crescesse nas redes sociais. Desde a adolescência, Renata já tinha um canal no Youtube com outras colegas, em que elas publicavam esquetes e vídeos em conjunto. “Quando veio a pandemia a gente parou”, conta. “Nem todas queriam essa vida de artista, elas tinham outros projetos, e só por isso paramos com o canal”. A partir de 2021, ela passa a postar mais intensamente sobre alongamentos, rotina de exercícios e contorcionismo, chamando à atenção na internet e viralizando em redes sociais.
“Eu havia sido aprovada para uma turnê de apresentações em um cruzeiro, mas meu visto foi negado”, relata, sobre o crescimento profissional e como o acaso a levou a uma rápida mudança para São Paulo.
“Então fiz o teste para o Cena 1, que seria no mesmo período do cruzeiro – e não teria como fazer. E fui aprovada”, recorda. Nesse período, Renata já fazia faculdade em Montenegro, e trancou o curso para mudar de estado.
Projetos futuros
Atualmente, além de planejar o próximo clipe, ela está em cartaz com peça Peter Pan, no Teatro das Artes, publica vídeos diários em seu canal no TikTok, dois vídeos por semana no Youtube e está gravando uma série para a TV Cultura, da qual ainda não pode dar detalhes. “Posso falar que é sobre uma família circense e é muito divertido. Uma produção para toda a família”, revela.
