Ecoturismo cresce e diversifica o interior do Vale

Desenvolvimento. No Dia Mundial do Turismo Ecológico, constata-se que o segmento poderia ser melhor explorado

Montenegro e região têm grande potencial para o turismo ecológico, mas ainda é pouco explorado. Em propriedades locais, é comum o ecoturismo ser promovido junto do turismo rural. “Embora sejamos um região interiorana com muita mata nativa, belas cascatas, cachoeiras e trilhas, ainda temos muito que explorar e qualificar este segmento e este convívio no meio rural”, analisa a guia e técnica em Turismo Andrisa Mariano.

Andrisa Mariano
Andrisa Mariano, guia de turismo FOTO: ARQUIVO PESSOAL/ANDRISA MARIANO

No Dia Mundial do Turismo Ecológico, comemorado hoje, a boa notícia é o crescimento deste setor, mesmo que a passos lentos. “Notamos um leve crescimento, tanto em profissionais interessados em se qualificar neste segmento para bem receber e formatar rotas, quanto em turistas procurando destinos de lazer e convívio no meio natural”, analisa. Em sua agência, ela percebe que esses passeios são mais procurados por escolas de Ensino Fundamental, além de jovens e adultos.

Na localidade de Vapor Velho, no Sítio Steffens, o turismo rural anda junto ao ecológico e é explorado pela família que dá nome ao local. Márcia Steffens lembra que a ideia surgiu a partir do interesse das pessoas em conhecer mais sobre a citricultura. “As pessoas vinham conhecer como se trabalha com o citro ecológico e acabavam ficando um turno ou o dia todo”, recorda. Então a família resolveu diversificar as atividades na propriedade, que fica no interior de Montenegro.

Eles investiram e passaram a oferecer atrações que mostram um pouco do trabalho rural, juntamente com as riquezas naturais da propriedade, que podem ser conhecidas durante um passeio de carreta. Márcia acrescenta ainda que há uma atafona, alambique, espaço para esporte, pesca e pracinha para crianças.

O primeiro grupo de visitantes foi recebido em 2007 e, desde então, percebe que a demanda só aumenta. Em janeiro e fevereiro a demanda é menor, por ser época de praia. Após esse período, o movimento recomeça e se intensifica entre setembro e dezembro. O público é diversificado, tanto por empresas e escolas, como por grupos de terceira idade, que podem passar um turno ou o dia inteiro no local. Márcia está satisfeita com o resultado do trabalho que vem aumentando nessa década.

Esse tipo de atividade econômica é uma grande indústria com escala global. O segmento ecológico é o que mais cresce no mundo, com taxas entre 15% e 25% ao ano, conforme divulgado pelo Ministério do Turismo, com base em dados da Organização Mundial do Turismo (OMT).

Sítio Steffen
Realizar trilhas em meio à natureza é uma característica do ecoturismo

Setor precisa de mais investimentos
Na localidade de Santos Reis, a Casa da Atafona é ponto de turismo ecológico e rural explorado por Martin Maurer. No local, as instalações históricas permitem uma viagem no passado. As atrações naturais são um covite a caminhadas em trilhas — uma das várias atrações do local que disponibiliza hospedagem com alimentação e espaço para eventos. Citricultor ecológico, Maurer observa que o potencial turístico de Montenegro e região ainda é pouco valorizado. Ele percebe o aumento na procura, mas afirma que o segmento precisa de mais atenção. Para ele, a Administração Pública deveria apoiar mais, garantindo acessos melhores e placas de identificação nas estradas do interior.

Maurer percebe que é preciso mais investimento na formação de profissionais voltados ao turismo ecológico e rural. Na sua avaliação, deveria haver cursos técnicos focados à área. “Nossa região tem muito potencial, fruticultura, artesanato, água para peixe, paisagens bonitas, trilhas ecológicas, então há como fazer mais”, afirma. “Cada ano está aumentando mais (a procura), mas a gente está freando por falta de pessoas interessadas em assumir responsabilidades e receber os visitantes”, analisa.

Falta de recursos é um limitador
O diretor municipal de Turismo, João Vilso Cruz, observa o potencial do ecoturismo que, embora seja mais explorado no meio rural, há espaço também na área urbana. Ele faz referência ao Morro São João, que está com acesso interditado há mais de cinco anos. Cruz reconhece o potencial do local, que é referência em Montenegro, mas diz que a revitalização esbarra na falta de recursos. Para isso, a Prefeitura espera verba federal sem data para chegar.

Turismo ecológico e rural na Casa da Atafona

Ele admite que é preciso fazer mais, mas lembra que a falta de recursos é um limitador. Recentemente foi anunciada uma verba de R$ 250 mil para investimentos em turismo, através de emenda do senador Paulo Paim. Cruz é cauteloso ao falar neste recurso, pois ainda não está disponível nem tem aplicação definida. “Há indicação da verba, que, quando chegar, iremos definir o que será feito”, esclarece. Ele menciona uma ideia, ainda em fase embrionária, que seria criar a “Rota da Fortaleza”, no interior de Montenegro. Além disso, vê crescer o interesse da população por tudo que envolve ecologia e propicia um convívio saudável com a natureza.

Ecoturismo proporciona contato com a natureza

Turismo sustentável
Ecoturismo ou turismo ecológico utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de consciência ambientalista. É um segmento turístico importante que contribui com o bem-estar ambiental, social, cultural e econômico.

A Organização das Nações Unidas declarou 2017 o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento. Para a guia e técnica em Turismo, Andrisa Mariano o ecoturismo sustentável é uma realidade. “Sempre, quando for formatar a atividade e colocar em operação, que ter a finalidade de sustentável. Respeitar a cultura local, os acessos, o ambiente, ser economicamente viável e ter valor agregado à sociedade, como respeito à natureza.”

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