Rap em Ação levou agito à Travessa Steigleder

Evento foi organizado por diversos MCs que promovem o estilo em Montenegro. Intenção é incentivar talentos locais

Pela segunda vez no ano foi realizado em Montenegro o evento Rap em Ação. A atividade aconteceu no sábado, no Country Bar, que fica na entrada da Travessa Steigleder. Oito atrações ficaram responsáveis pela trilha sonora da festa: MC Toni, Guerreiros da Perifa, MC Giba, 300 Gideões, 2 Piá, Rotulados pela Sociedade, Henry Adriel poeta urbano e Paulo de Rua. Quem comandou a apresentação foi MC Pedrão, músico já bem conhecido por aqui.

Pedrão lamenta que muitos lugares não recebam eventos, mas com o Rap em Ação será diferente

Ele destacou durante a abertura da atividade que o principal objetivo do Rap em Ação é incentivar os talentos locais e investir nos jovens que residem ou frequentam as áreas mais humildes de Montenegro. “A gente nem sempre é valorizado por defender essa cultura e muito mais por morar em bairros mais pobres. Mas isso não pode nos impedir de sermos boas pessoas, curtindo o nosso rap e não querendo o mal de ninguém ”, afirma.

O MC comentou ainda que localidades como a Travessa Steigleder dificilmente recebem algum evento para aproveitar. Ele relata que muitos até têm medo de entrar na quebrada. “Aqui mora muita gente de bem, que recebe as pessoas de braços abertos. Mas mesmo assim, nem táxi entra aqui muitas vezes. Trouxemos o evento para cá e levaremos para várias outras áreas também, porque valorizamos a comunidade”, afirma.

Por mais atenção
Jair Santos, 36 anos, é o proprietário do bar onde o evento foi realizado. Ele comenta que construiu o seu estabelecimento, inaugurado no mês passado, justamente para sediar festas e atividades. “Desde que nasci moro aqui e posso garantir que ninguém faz evento nenhum aqui. Parece que se esqueceram da gente”, comenta. Amigo de MC Pedrão, Cowboy, como é conhecido entre os amigos, ofereceu seu espaço gratuitamente para o Rap em Ação.

Cowboy é o responsável pelo espaço onde ocorreu o evento

Nada foi fácil para que o bar fosse edificado. Cowboy conta que construir algo na comunidade é dificultoso. “Tendo os materiais de construção, tu levanta rapidinho, porque todo mundo se ajuda. Agora, o difícil é o dinheiro para construir”, comenta. Ele afirma que gastou mais de R$ 20 mil e que ainda faltam alguns detalhes. Mesmo assim, se sente feliz, pois consegue tirar o sustento da casa no fim do mês.

Ele, sua namorada e seu sobrinho foram os principais responsáveis pela mão de obra. O bar agora servirá de ponto de encontro para a galera da comunidade. “Espero que dê certo para a gente fazer outras vezes festas assim. Aqui a galera é pobre e não tem dinheiro para ir a shows de fora da cidade. Se tudo der certo vão poder aproveitar aqui mesmo”, comenta. Para ele, festividades como essa influenciam os jovens a persistirem em seus objetivos, sem a necessidade de traficar ou de roubar para “vencer” na vida.

Trajetória sem drogas e com vitórias pessoais
Com um estilo diferenciado, tanto o rap quanto a cultura hip hop conquistaram milhares de admiradores pelo mundo. Em Montenegro, a galera que desenvolve esse gênero está se empenhando bastante para que o estilo seja mais valorizado no município e na região.

A falta de investimentos e até mesmo o preconceito ainda existente colaboram para aumentar as dificuldades dos artistas locais.

Quem está vivenciando uma nova fase é o montenegrino Toni Anderson Souza, 36 anos, o MC Toni. Ele está lançando seu primeiro EP em carreira solo, “MC Tony A Trajetória”. Após um ano atuando sozinho nos palcos, o artista apresenta um trabalho que vai contar com seis faixas autorais. “Graças a Deus estou conseguindo gravar e levar o projeto adiante”, comenta. Hoje, o sucesso bate à porta, mas nem sempre foi assim. Nascido em lar humilde, passou por muitas dificuldades, mas nenhuma irreversível.

MC Toni: exemplo de superação, agora curte a decisão tomada há sete anos, quando largou as drogas

Ele começou a escrever letras de música ainda na escola, apenas por diversão, fazendo paródias. Aos 16, começou a se envolver com o rap, dançando e posteriormente cantando também. “Estava tudo se encaminhando, mas aí eu comecei a usar drogas. Aos 25 anos era viciado em crack e para largar não foi nada fácil”, diz. Ele recebeu apoio total dos familiares e isso faz toda a diferença.

Toni conta orgulhoso que já há sete anos não usa drogas e que cresceu muito profissionalmente desde que fez essa opção de vida. Atualmente, ele trabalha no Polo Petroquimico de Triunfo e comanda vários projetos de ações sociais na cidade, com dedicação especial à carreira de MC, é claro. “Foi tão incrível chegar até esse ponto, em que estou até lançando meu primeiro EP, que quero passar para essa galera mais nova que há, sim, a chance de realizar os sonhos, mesmo vindo da comunidade”, explica.

O Rap e o Hip Hop
Embora muitas vezes haja uma confusão em torno dos nomes e definições, eles são gêneros com ritmos e composições diferentes. Na verdade, o Hip Hop é uma cultura artística que foi criada durante a década de 1970, nas áreas centrais de comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Afrika Bambaataa é conhecido como o criador oficial do movimento e foi o responsável pelos quatro pilares essenciais na cultura hip hop: o rap, o DJing, a breakdance e a escrita do grafite.

O Rap, por sua vez, é um estilo musical no qual o texto é mais importante que a linha melódica, que engloba principalmente rimas, e é um dos pilares da cultura hip hop.

Além disso, esse estilo é uma espécie de poesia feita através de rimas, geralmente apresentadas em uma certa velocidade contínua.

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