Jornalista investigativo e ganhador do prêmio Pulitzer, Seymour Hersh é o autor de “O Lado Negro de Camelot”, um dos livros mais interessantes que os amantes das biografias e da Política terão a oportunidade de ler. Começa pela escolha do personagem, ninguém menos do que o 35º presidente dos Estados Unidos, o mítico John Fitzgerald Kennedy. Morto em Dallas, no Texas, em 22 de novembro de 1963, menos de três anos depois de assumir, ele entrou para a história por seu espírito jovial, dinâmico, capaz de semear esperança no coração dos americanos. Como líder da maior potência do século XX, enfrentou com coragem o avanço do Comunismo na América Latina, estendeu direitos civis aos negros e estabilizou a economia.
Hersh faz justiça aos predicados de Kennedy, mas sua obra merece ser lida por mostrar aquilo que a maioria não viu. O “bom moço” que entusiasmou toda uma geração não era tão bonzinho assim. Tanto que o subtítulo da obra é “Sexo e corrupção na Era Kennedy”. Com um texto envolvente, baseado em muitos documentos oficiais e depoimentos coletados ao longo de vários anos de pesquisas, o autor conta que, liderados pelo patriarca Joe e movidos por um código moral próprio, os Kennedy eram capazes de tudo… tudo mesmo.
Para alcançar riqueza e ingressar nos círculos de poder, o clã fez negócios com o crime organizado, patrocinou eleições fraudulentas e integrou complôs de assassinatos, além de nutrir um apetite voraz por lindas atrizes. Embora casado com a bela Jaqueline, JFK era um inveterado “pulador de cercas” e há fortes indícios de que até tenha contraído doenças venéreas durante suas aventuras extraconjugais.
Em cada uma das 510 páginas, o autor traz uma revelação surpreendente. O Lado Negro de Camelot mostra o sexo, a espionagem e a corrupção por trás do poder. Por outro lado, apresenta John Kennedy como um homem fascinante e carismático, embora, na maioria das vezes, ele tenha usado estas características em proveito próprio.
Não espere uma leitura fácil. Publicado no Brasil pela gaúcha L&PM Editores, em 1998, o livro foi editado com fonte pequena, condição que, somada ao imenso volume de informações e detalhes, cansa os olhos e, muitas vezes, o cérebro. Mas para quem gosta de boas histórias e quer saber um pouco mais sobre um dos personagens mais fascinantes do século XX, um conselho: persista! Vale o esforço.