Nada pior do que ter uma dificuldade para resolver e, batendo de porta em porta, ouvir apenas justificativas vazias, um empurrando a razão do problema para outro e, pior, ninguém oferecendo a certeza de solucionar a questão. É exatamente isso que funcionários de uma empresa terceirizada, contratada do Estado, que prestam serviço de limpeza e merenda em escolas, estão passando. Eles têm serviço pra fazer, carga horária para cumprir e contas para pagar ao final de cada mês.Só não têm a certeza de que o salário irá cair na conta, como todo o trabalhador espera e tem o direito.
Quando se cobra por explicações, há uma aparente tranquilidade. Parece que nada há de errado. E, se há, a responsabilidade é sempre da outra parte. O Estado alega que a empresa não entregou documentos para poder receber. E a empresa reclama do atraso nos pagamentos. No meio disso estão trabalhadores que dependem de seus salários para viver. Pessoas que viram nesta contratação emergencial uma chance de melhorar a renda da família, deixando suas casas diariamente no meio de uma pandemia não por diversão, mas por necessidade. Por isso, não está tudo bem o salário chegar com 15, 30 ou 45 dias de atraso. Eles não pedem nada além do que trabalharam para receber e, no mínimo, mereciam ser tratados com mais respeito.
Esta não é a primeira vez que coisas deste tipo ocorrem. Também não é um problema restrito a esta empresa de terceirização. O Ibiá, durante 2020, já tinha dado luz a um caso semelhante, de outra empresa. Outro caso teve manchetes pelo Estado todo, num problema similar que atingiu terceirizados que fazem a limpeza de delegacias de polícia. Muitos só tinham o que comer porque agentes da Polícia Civil se uniam para comprar cestas básicas e doar ao trabalhador que, apesar de bater ponto todo dia, não tinha salário. Por estes e outros tantos casos já registrados, fica claro que as contratações de terceirizados em muitas empresas não respeita regras básicas da relação entre trabalhador e patrão.
E as autoridades precisam agir. No mínimo, o que se espera é que Estado e Prefeituras mantenham vigilância sobre as empresas que contratam. Terceirizar algo não é sinônimo de lavar as mãos. E, ao contrário do que alguns fazem pensar, trabalhador terceirizado não tem menos valor que o contratado ou concursado. Se trabalha, tem o direito de receber. E em dia. Não quando a terceirizada quer. Se há problemas de documentação ou de qualquer outra burocracia, a empresa e o Estado têm de se resolver. Mas não deverá ser o servente nem a merendeira a pagarem essa conta.