Popularmente conhecida como pressão alta, a hipertensão arterial é uma condição crônica caracterizada pela elevação sustentada da pressão que o sangue exerce contra as paredes das artérias. O problema é grave e afeta mais de 30% da população adulta brasileira, segundo dados do Ministério da Saúde. Em boa parte dos casos, a doença se instala de forma assintomática, o que reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
A hipertensão é diagnosticada quando a pressão arterial se mantém igual ou superior a 140 por 90 mmHg (14 por 9). Quando não tratada, pode levar a infartos, acidentes vasculares cerebrais (AVCs), insuficiência renal e outras complicações. Apesar de muitas vezes silenciosa, a condição pode apresentar sinais como dor de cabeça frequente, tontura, visão embaçada, dores no peito e falta de ar.
Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento da hipertensão. Entre os principais estão: excesso de sal na alimentação, sedentarismo, obesidade e sobrepeso, tabagismo e consumo abusivo de álcool, estresse crônico e histórico familiar da doença.
Além disso, o envelhecimento natural do corpo também favorece o aparecimento da condição. A hipertensão é mais comum entre pessoas com mais de 60 anos, mas pode acometer adultos jovens e até crianças em casos específicos.
A hipertensão afeta homens e mulheres de todas as idades, mas estudos do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas) indicam que a prevalência é maior em mulheres, especialmente acima dos 60 anos. Pessoas negras também apresentam maior propensão ao desenvolvimento da doença, o que pode estar associado a fatores genéticos e socioeconômicos.
Embora silenciosa, a hipertensão é uma ameaça real à saúde pública. A boa notícia é que ela pode ser controlada – e até prevenida – com informação, hábitos saudáveis e acompanhamento médico regular. Ficar de olho na pressão pode significar muitos anos a mais de qualidade de vida.
Dados sobre a hipertensão
O Brasil tem cerca de 38 milhões de hipertensos, segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Aproximadamente 50% das pessoas com a condição não sabem que têm.
A hipertensão arterial é a principal causa de morte evitável no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
Uma única refeição rica em sal pode aumentar a pressão por várias horas, mesmo em pessoas saudáveis.
Medir a pressão regularmente é o primeiro passo para o autocuidado.
Hipertensão e alimentação: o que reduzir, o que priorizar
A relação entre alimentação e o controle da pressão arterial é explicado pela nutricionista Karina Silva. Segundo a profissional, os cuidados com o que se consome diariamente fazem parte das estratégias para evitar o aumento da pressão.
Entre os pontos destacados, Karina afirma que o aumento de peso é um dos principais fatores de risco. Por isso, manter o peso corporal dentro de limites considerados adequados ajuda a reduzir a pressão arterial. A nutricionista também menciona a importância da prática de atividade física como aliada ao controle alimentar.
A presença de sódio na alimentação é uma das questões mais sensíveis quando se fala em hipertensão. “A gente tem que tentar reduzir o máximo que puder e priorizar os alimentos minimamente processados, in natura”, explica. Alimentos como frutas, legumes, cereais integrais e leguminosas — incluindo feijão, lentilha, soja e ervilha — são apontados como alternativas mais adequadas para compor uma alimentação voltada à prevenção da hipertensão.
Karina comenta ainda sobre o consumo de carne e bebidas alcoólicas, com foco nos hábitos comuns de fim de semana. Em relação ao famoso “churrasquinho” gaúcho, a sugestão é dar preferência a carnes com menos gordura e reduzir o uso de sal no tempero, substituindo-o por temperos naturais, como chimichurri, limão, pimenta-do-reino e açafrão.
Quanto ao consumo de cerveja, e demais bebidas alcoólicas, Karina defende o princípio do equilíbrio. “A cerveja tem que ser em moderação. É o que eu digo para os pacientes: tudo é equilíbrio. Se o paciente já está com nível muito alto e tomando medicação, a gente tem que tentar cortar o máximo. Mas, se não tem, dá para beber e intercalar com água”, orienta. Segundo ela, a hidratação adequada ajuda a evitar a sobrecarga renal.
A nutricionista reforça que a prevenção da hipertensão arterial envolve um conjunto de escolhas diárias, que inclui moderação, substituições e atenção à composição dos alimentos.

Fatores emocionais influenciam o aumento da pressão

De acordo com o Ministério da Saúde, a hipertensão arterial é uma das principais causas de doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), e atinge cerca de 30% da população adulta brasileira. Entre os fatores que contribuem para o aumento da pressão arterial está o estresse. A exposição frequente a situações estressantes desencadeia reações no organismo, como a liberação de adrenalina e cortisol, que podem aumentar a frequência cardíaca e a pressão. A longo prazo, esses episódios contribuem para o desenvolvimento da hipertensão.
A nutricionista Karina Silva explica que o estresse afeta diretamente os hábitos alimentares. Muitas vezes a pessoa tem a intenção de mudar, sabe da importância de cuidar da saúde, mas por questões de estresse e da correria do dia a dia, acaba não conseguindo. “Tudo é uma questão de hábito. A mudança precisa partir do cuidado com o próprio corpo. A nutrição pode ser adaptada à rotina e ao gosto de cada pessoa. Existem alimentos que já fazem parte da rotina que podem ser mantidos, e outros que podem ser introduzidos aos poucos.”
Karina alerta também para os sintomas mais comuns da hipertensão: dor de cabeça, tontura, enjoo, zumbido nos ouvidos e palpitações. Diante desses sinais, a recomendação é buscar avaliação médica e evitar a automedicação. “Se a pressão estiver baixa e a pessoa usar remédio para pressão alta, pode haver agravamento. Por isso é fundamental consultar um profissional e realizar exames periodicamente.”
Outro ponto mencionado pela nutricionista é a predisposição genética. Ter familiares com histórico de hipertensão aumenta o risco, mas o desenvolvimento da doença pode ser prevenido com alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e moderação no consumo de álcool. “É importante pensar em como queremos estar no futuro.”
Grupo de saúde promove orientação para hipertensos em Montenegro

Há cerca de dois, um grupo vinculado à Unidade Saúde da Família (USF1), do bairro Germano Henke em Montenegro, tem promovido ações voltadas à prevenção de complicações relacionadas à hipertensão e ao diabetes. O grupo, chamado Hiperdia, realiza encontros mensais com foco em formação continuada, autocuidado e acompanhamento dos participantes.
As reuniões ocorrem na última terça-feira de cada mês, na associação comunitária do bairro atendido pela unidade. Em média, dez pacientes participam de cada encontro, que tem duração de aproximadamente uma hora e meia. Moradores de outros bairros também podem participar.
O próximo encontro está agendado para terça-feira, dia 29, às 15h, com discussão sobre os efeitos da ansiedade no controle da hipertensão e do diabetes. Durante os encontros, os participantes têm acesso a palestras com profissionais da área da saúde e espaço para esclarecimento de dúvidas. Aferição da pressão arterial e do nível de glicemia (HGT) também fazem parte da rotina dos encontros.
Segundo a enfermeira Sheila Assoni, a busca ativa por participantes é realizada pelas agentes comunitárias de saúde. “O trabalho delas é fundamental para a existência do grupo”, afirma a enfermeira.
O médico clínico geral e especialista em saúde da família Waldemar Cabral explica que o grupo surgiu após o período da pandemia, com o objetivo de ampliar o acesso à informação e melhorar o acompanhamento de pacientes com hipertensão e diabetes. Conforme o médico, levar informação a comunidade, contribui para o controle das doenças e prevenção de complicações como infarto, AVC e doença renal.
As dúvidas mais frequentes relatadas pelos participantes estão relacionadas ao uso correto de medicamentos, à alimentação e aos efeitos do estresse sobre a saúde. Waldemar aponta o consumo excessivo de sal, alimentos industrializados, o sedentarismo e a descontinuidade do tratamento medicamentoso como fatores que dificultam o controle da pressão arterial e da glicemia.
Além de orientação com médicos e enfermeiras, os encontros contam com a participação de nutricionista e, eventualmente, de psicólogos. De acordo com a equipe da USF1, a identificação de novos pacientes ocorre tanto nas consultas médicas quanto nas visitas domiciliares realizadas pelas agentes comunitárias.
A verificação da pressão arterial e a solicitação de exames como a hemoglobina são etapas do acompanhamento exigido para garantir a renovação de receitas e prevenir agravamentos.
O grupo Hiperdia é uma alternativa que permite à equipe de saúde monitorar e orientar um número maior de pessoas simultaneamente, ampliando o alcance das ações preventivas. A abertura de novos grupos, em outros postos de saúde do município, vem sendo estudada.
