Com apenas 2 anos e meio de vida, Noah Tormes já pede para lavar as mãos ao executar qualquer tipo de tarefa, inclusive após se alimentar e ao ter contato com superfícies com poeira ou outro tipo de sujeira.
Provavelmente ele não faz ideia, mas, dessa forma, já está cuidando da própria saúde. A lavagem das mãos com água e sabão é considerada uma das principais medidas de prevenção contra infecções. Segundo o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prática reduz significativamente a transmissão de vírus, bactérias e outros agentes causadores de doenças.
A ausência de higienização adequada pode estar associada a surtos de diarreia, infecções respiratórias agudas, conjuntivite, hepatite A, gripe e Covid-19. Essas enfermidades são frequentemente transmitidas pelo contato direto ou indireto com superfícies contaminadas.
As crianças menores de cinco anos estão entre os grupos mais vulneráveis, principalmente em ambientes escolares e domiciliares com pouco acesso a saneamento básico. Idosos e pessoas imunossuprimidas também figuram entre os mais afetados, já que têm maior propensão a desenvolver quadros agravados de doenças infecciosas.
Rudinei Morais, pai do Noah, conta que, com pouco mais de um ano de vida, o filho já começou a ser estimulado a manter cuidados com a higiene. “Não foi difícil fazer ele lavar as mãos, porque ele gosta de demonstrar independência. Ele gosta muito de lavar as mãos e escovar os dentes”, relata o pai sobre a rotina do filho.
“Começamos a mostrar para ele que era bom lavar as mãos desde cedo. E, depois disso, ele já começou a ficar até bem maniático. Ele comia alguma coisa, sujava a mão e, em vez de comer tudo para depois lavar as mãos, dava outra mordida, sujava a mão e já queria lavar de novo. Aí tivemos que explicar para ele que primeiro a gente come tudo e depois lava as mãos”, conta o pai.
Rudinei salienta que reconhece a importância do hábito de higiene com as mãos. “É muito importante. Foi apenas em 1847 que um médico percebeu os benefícios da técnica de lavar as mãos para reduzir a letalidade infantil. Embora hoje pareça algo antigo, o conhecimento sobre a importância dessa prática é relativamente recente”, explica o pai do menino. “Durante a pandemia da gripe espanhola, por exemplo, esse cuidado ainda não era amplamente difundido fora dos meios médicos, o que contribuiu para a propagação da doença”, relembra.
As colocações de Rudinei relacionam-se às orientações de autoridades sanitárias. A recomendação é que as mãos sejam lavadas com frequência, especialmente antes das refeições, após o uso do banheiro, ao chegar da rua, depois de tocar em objetos compartilhados e antes e depois de cuidar de alguém doente. Em locais sem acesso a água e sabão, o uso de álcool em gel 70% é recomendado como alternativa eficaz.
“As mãos são um meio de contaminação, porque a gente mexe em objetos e estruturas contaminadas e, muitas vezes, acaba levando a mão à boca, ao rosto, ao nariz — que são mucosas — sem perceber. A gente pensa que a contaminação acontece só pelo ar, mas não. O contato com as mãos é um dos principais meios de transmissão de doenças”, explica Danielle Felten de Andrade, enfermeira de Saúde Pública da Secretaria Municipal da Saúde de Montenegro.
A preocupação institucional com a higiene das mãos ganhou maior ênfase no século XXI, com a ampliação de políticas públicas voltadas ao controle de infecções hospitalares e, mais recentemente, com a pandemia de Covid-19. Desde 2009, a OMS lidera campanhas globais voltadas à higienização das mãos, promovendo ações em hospitais, escolas e outros espaços coletivos.
A prática é simples, de baixo custo e considerada por especialistas uma medida prioritária para conter surtos epidêmicos e melhorar indicadores de saúde em comunidades de todo o mundo.

Importância Dia Mundial de Higienização das Mãos
A data de 5 de maio é conhecida como o Dia Mundial de Higienização das Mãos. A iniciativa criada, em 2009, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) tem o objetivo de conscientizar profissionais da saúde, gestores de unidades de saúde e a população em geral sobre a importância da higienização correta das mãos como medida essencial para a prevenção de infecções.
As ações desenvolvidas nesse dia envolvem campanhas educativas em hospitais, escolas e espaços públicos; treinamentos com equipes de saúde sobre técnicas adequadas de higienização; distribuição de materiais informativos para o público em geral; divulgação de dados e evidências científicas sobre os benefícios da prática; e avaliação da adesão à higienização das mãos em instituições de saúde. O uso das redes sociais contribui para ampliar o alcance das campanhas.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lidera as ações da campanha, incentivando a adesão dos serviços de saúde e promovendo capacitações sobre higienização das mãos.
Higiene das mãos e uso consciente de luvas
Em 2025, a campanha do Dia Mundial de Higienização das Mãos chama a atenção não apenas para a prática correta da limpeza das mãos, mas também para o uso racional de luvas nos serviços de saúde. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), milhões de pacientes e profissionais de saúde continuam sendo afetados anualmente por infecções relacionadas à assistência, muitas delas evitáveis.
A higienização das mãos, aliada à limpeza ambiental, é apontada como uma estratégia fundamental para reduzir esses riscos. A enfermeira Danielle Felten orienta que a lavagem das mãos deve incluir cuidados específicos, como a atenção às unhas, especialmente no caso das mulheres, que muitas vezes as mantêm mais compridas , além das pontas dos dedos e dos espaços entre eles. Em ambientes hospitalares, o cuidado deve ser ampliado. “A gente lava até o cotovelo, porque essa região do antebraço também entra em contato com superfícies e pode estar contaminada”, explica.
Outro ponto importante é a forma como se finaliza o processo, aponta a enfermeira. “Depois de lavar, a gente não deve fechar a torneira com a mão limpa. Usa-se o papel que serviu para secar as mãos para fechar a torneira, e depois ele vai direto para o lixo”, completa. A orientação é válida para toda a população, podendo ser adaptada às circunstâncias.
Neste ano, o foco da campanha global inclui também a reflexão sobre o uso adequado de luvas. Embora sejam indispensáveis em diversos procedimentos clínicos, as luvas não substituem a lavagem ou desinfecção das mãos. A orientação é clara: a higiene das mãos deve ser realizada antes e depois do uso de luvas para proteger pacientes e profissionais.
Além do aspecto clínico, a campanha de 2025 traz à tona o impacto ambiental gerado pelo uso excessivo ou desnecessário de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Durante a pandemia de Covid-19, as luvas representaram uma parcela expressiva dos resíduos hospitalares descartados diariamente, o que intensificou a preocupação com a sustentabilidade.
A proposta é que profissionais de saúde e gestores passem a considerar, de forma integrada, as boas práticas de prevenção e controle de infecções (PCI) e o uso racional de recursos. A campanha convida à adoção de decisões baseadas em evidências, que aliem segurança e responsabilidade ambiental.

Fatos sobre a higienização das mãos
Estudos indicam que lavar as mãos pode reduzir em até 40% os casos de diarreia infantil.
Em hospitais, a higienização das mãos de profissionais da saúde pode reduzir em até 50% as infecções hospitalares.
O tempo ideal de lavagem com água e sabão é de 40 a 60 segundos.
A higienização com álcool gel deve durar 20 a 30 segundos.
As unhas acumulam maior quantidade de microrganismos do que outras partes das mãos.
Montenegro realiza ações educativas sobre a lavagem das mãos
A lavagem correta das mãos é um dos temas abordados nas ações educativas promovidas pela Secretaria Municipal da Saúde de Montenegro. A iniciativa busca orientar a população sobre a prevenção de doenças, especialmente em espaços coletivos, como escolas e unidades de saúde.
De acordo com a enfermeira de Saúde Pública Danielle Felten, as escolas do município recebem campanhas específicas ao longo do ano, com foco em práticas de higiene. As atividades são desenvolvidas em conjunto com os projetos de cada instituição de ensino e abordam temas como a lavagem das mãos e a prevenção de piolhos. “Desde pequenas, as crianças são incentivadas a entender que precisam lavar as mãos e se cuidar”, explica Danielle.
Além das escolas, os grupos das unidades de saúde também são incluídos nas orientações. Na triagem de pacientes com sintomas gripais, por exemplo, o protocolo inclui o uso de máscara e a higienização das mãos após cada atendimento. “A gente procura lavar as mãos justamente para não transmitir o vírus para outras pessoas”, afirma. Técnicos de enfermagem que aferem pressão ou utilizam termômetro também são orientados a manter os cuidados após o contato com pacientes sintomáticos.

Ação simples apresenta resultados concretos
Conforme estudos na área de Saúde, ao longo dos anos, as campanhas de conscientização sobre a higienização das mãos apresentaram resultados relevantes no setor da saúde. Um dos principais avanços foi a redução das infecções hospitalares em unidades que passaram a adotar protocolos mais rigorosos de limpeza das mãos.
Também foi observado um aumento significativo na adesão de profissionais da saúde às práticas recomendadas, especialmente em hospitais públicos, onde os treinamentos e as rotinas de controle foram intensificados.
A população, por sua vez, passou a ter maior percepção sobre os riscos da falta de higiene — um comportamento que se tornou ainda mais evidente durante a pandemia de Covid-19. Além disso, a higienização das mãos foi incorporada de forma mais estruturada às políticas de segurança do paciente e aos programas institucionais de qualidade nos serviços de saúde.