As doenças respiratórias estão entre os principais motivos de internação hospitalar no Brasil e representam a quarta causa de morte no país, segundo dados do Ministério da Saúde. Elas são provocadas, principalmente, por vírus, bactérias e substâncias alérgicas, como ácaros, fungos e poeira, afetando diversas partes do sistema respiratório, incluindo as vias nasais, garganta, traqueia e pulmões.
De acordo com o Boletim InfoGripe, divulgado em 30 de abril, o vírus sincicial respiratório (VSR) lidera os casos de SRAG. O aumento tem sido mais expressivo entre crianças de até dois anos, especialmente nas regiões Centro-Sul, Norte e Nordeste. Já entre adultos e idosos, observa-se crescimento nas hospitalizações por influenza A, com destaque para Amazonas, Mato Grosso do Sul e Pará, que apresentam níveis de incidência de moderado a alto entre os idosos.
O rinovírus também tem contribuído para o aumento de SRAG entre crianças e adolescentes de 2 a 14 anos, embora haja indícios de desaceleração nessa faixa etária. A atualização do boletim mostra ainda que 18 das 27 capitais estão em nível de alerta, risco ou alto risco para SRAG, com tendência de crescimento.
São elas: Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis, Goiânia, Macapá, Manaus, Natal, Porto Alegre, Porto Velho, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória.

O clínico-geral Tiago Fontana, integrante do grupo de colaboradores da Clínica Omédic e da Unimed Vale do Caí, explica que as doenças respiratórias comprometem o funcionamento do sistema respiratório como um todo. “Elas causam inflamações nessa região, que podem provocar, nos casos mais graves, obstrução na passagem de ar, impedindo a respiração”, afirma o médico. Ainda segundo ele, são registradas no Brasil mais de meio milhão de hospitalizações por ano devido a causas respiratórias.
Entre as doenças mais comuns estão gripes, resfriados, bronquites, asmas e pneumonias. A transmissão ocorre, principalmente, por gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar, além do contato com superfícies contaminadas.
Para reduzir os riscos, o médico destaca algumas medidas básicas de prevenção. “Evitar o tabagismo, manter os ambientes limpos e bem arejados, controlar a umidade e o acúmulo de poeira são cuidados essenciais”, orienta Tiago. Ele também recomenda manter uma alimentação equilibrada, rica em vitaminas, praticar atividades físicas regularmente, ter boas noites de sono e reduzir os níveis de estresse.
A higiene das mãos continua sendo um fator decisivo na prevenção. “Lavar bem as mãos com água e sabão após usar o banheiro, antes das refeições e antes de tocar os olhos, nariz ou boca ajuda a impedir a propagação de vírus e bactérias”, explica o médico. O uso de máscaras também é indicado em caso de sintomas gripais, como forma de proteger outras pessoas.
Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação anual contra a gripe é outra medida importante, especialmente para grupos de risco, como idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também recomenda evitar locais fechados e aglomerações durante os períodos de maior circulação de vírus respiratórios, especialmente no outono e inverno.
“São cuidados simples, mas que fazem diferença na nossa qualidade de vida e na prevenção dessas doenças que afetam tanta gente todos os anos”, comenta Fontana.
Vacinação e hábitos diários ajudam a proteger contra doenças respiratórias
Com a chegada do outono, cresce a circulação de vírus respiratórios, o que aumenta o número de casos de gripes, resfriados, sinusites e pneumonias. Segundo o infectologista Felipe Canello Pires, que atua no Hospital Montenegro e no Hospital Unimed Vale do Caí, esse aumento de infecções é comum nesta época do ano e exige atenção. “A maioria dos quadros são virais e acometem principalmente as vias aéreas superiores. Em alguns casos, eles evoluem para infecções bacterianas”, afirma o médico.
Entre os grupos mais vulneráveis estão os extremos de idade: crianças pequenas e idosos. O clínico geral Tiago Fontana destaca que pessoas com doenças crônicas, com baixa imunidade ou em tratamento contra o câncer também precisam de atenção redobrada. “Esses pacientes devem manter as vacinas em dia para evitar formas graves das doenças”, orienta.
Ambos os médicos reforçam a importância da vacinação como medida eficaz de prevenção. O calendário vacinal brasileiro inclui vacinas contra influenza, covid-19, coqueluche, tuberculose e pneumonias por diferentes agentes. Algumas delas exigem reforço na idade adulta. Tiago lembra que efeitos colaterais podem acontecer, mas que é fundamental relatar esses eventos ao serviço de saúde para que se avalie a melhor forma de manter a proteção. “Mesmo que a vacina não evite totalmente a infecção, ela reduz significativamente os riscos de quadros graves”, explica.
Durante o outono e o inverno, o cuidado com ambientes e hábitos cotidianos pode fazer a diferença na prevenção. A orientação dos médicos é clara: manter-se informado, seguir as recomendações de saúde e estar atento aos sinais do corpo são passos essenciais para atravessar o período com mais segurança.
Atenção à gravidade dos sintomas para evitar complicações e contágio
O infectologista Felipe Canello reforça que medidas simples podem evitar a propagação de vírus e proteger a saúde coletiva. Entre elas está o uso da máscara por pessoas com sintomas gripais, como tosse, espirros, coriza ou dor de garganta. “É uma prática comum em países do Oriente, mas ainda pouco adotada no Ocidente. Mesmo fora do período pandêmico, usar máscara em locais públicos quando se está doente ajuda a evitar o contágio de outras pessoas”, explica.

Outra recomendação é quanto à forma de tossir e espirrar. Segundo Canello, o ideal é usar a parte interna do braço, como o antebraço ou a dobra do cotovelo. “Evitar as mãos, que tocam objetos, superfícies e outras pessoas. As mãos são as principais responsáveis pela disseminação de micro-organismos no ambiente”, afirma o médico.
Sobre quando procurar atendimento médico, o infectologista alerta que infecções respiratórias virais são comuns e geralmente autolimitadas. “Crianças saudáveis podem ter de cinco a oito quadros de resfriado por ano. Em geral, não exigem medicação específica, apenas cuidados com os sintomas”, diz. Porém, sinais como febre persistente, falta de ar e dor ao respirar indicam a necessidade de avaliação médica.
Felipe também chama atenção para a importância de revisar o calendário de vacinação. Ele lembra que, recentemente, o município registrou casos de coqueluche, uma doença que pode ser prevenida com vacina. “Estamos vendo o retorno de doenças que estavam controladas. A redução da procura por vacinação tem impacto direto na reemergência desses casos”, alerta.
Para evitar complicações e o avanço de doenças respiratórias, o médico orienta que todos, inclusive adultos, verifiquem sua situação vacinal nas unidades de saúde. A prevenção, segundo ele, começa por ações simples e pela responsabilidade coletiva.
Fisioterapia respiratória ajuda no enfrentamento de doenças

A fisioterapia respiratória é indicada para o tratamento de diversas disfunções do sistema respiratório, com destaque para doenças como bronquiolite, pneumonia, asma e distrofias musculares, entre outras. A fisioterapeuta geral Andreia Cristina Passer Lopes, atende crianças de até dois anos de idade. Segundo ela, a maior demanda atualmente é de infectados com bronquiolite viral.
Ela explica que, em casos de bebês e lactentes, a intervenção é feita por meio de manobras manuais específicas e técnicas de higiene brônquica.Essa última inclui a aspiração das vias aéreas superiores, realizada com o auxílio de um aparelho que utiliza vácuo para remoção da secreção. As técnicas são complementadas com orientações destinadas aos pais e cuidadores.
A fisioterapia também atua na prevenção, com exercícios e práticas que favorecem a mobilização da secreção e facilitam a expectoração. Para crianças, especialmente no ambiente domiciliar, Andreia recomenda atividades lúdicas como soprar bolhas de sabão, encher balões e brincar com canudinhos em copos com água.Essas ações estimulam a respiração e contribuem para manter o trato respiratório desobstruído.
A movimentação corporal é vista como um componente essencial da reabilitação respiratória. Brincadeiras como correr, saltar e jogar bola auxiliam na mobilização dos membros superiores e na expansão da caixa torácica. Segundo Andreia, o simples exercício de inspirar e expirar lentamente já atua positivamente na dinâmica respiratória.
Em relação à congestão nasal, a fisioterapeuta explica que esse sintoma está diretamente relacionado a processos inflamatórios. O tratamento exige avaliação médica e, em muitos casos, envolve uso de medicamentos prescritos por pediatras para reduzir o edema e melhorar as trocas gasosas.
Montenegro tem Dia D de vacinação contra a gripe neste sábado
A população pertencente aos grupos prioritários poderá receber a vacina contra a gripe neste sábado, 10, durante o segundo Dia D da Campanha de Vacinação contra a Influenza. A ação, organizada pela Secretaria Municipal da Saúde, ocorrerá das 8h às 16h em cinco pontos de atendimento distribuídos pela cidade.
As doses estarão disponíveis na sede da Secretaria, na Unidade Básica de Saúde do Centro, na Unidade de Saúde da Família 1 (Germano Henke), na USF 3 (bairro Industrial) e também na sede da Vigilância em Saúde, localizada na Rua Capitão Cruz, número 1761.
A campanha contempla os grupos prioritários estabelecidos pelo Ministério da Saúde. A Secretaria reforça que a vacinação é uma forma importante de proteção, principalmente para quem apresenta maior risco de complicações decorrentes da gripe. Para o público infantil, é necessário apresentar a caderneta de vacinação.
Devem se vacinar:
crianças de 6 meses a menores de 6 anos;
gestantes e puérperas;
idosos com 60 anos ou mais;
população indígena;
trabalhadores da Saúde e da Educação;
pessoas com deficiência;
profissionais das forças de segurança e salvamento;
caminhoneiros, trabalhadores dos Correios e do transporte coletivo;
pessoas com comorbidades.
Governo libera R$ 100 milhões para atendimento a síndromes respiratórias
Diante do aumento expressivo nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil, o Ministério da Saúde anunciou o repasse excepcional de R$ 100 milhões para fortalecer o atendimento a crianças no Sistema Único de Saúde (SUS). A medida foi formalizada por meio da Portaria nº 6.914/2025, publicada no Diário Oficial da União, nessa terça-feira, dia 6.
Segundo dados do boletim Infogripe da Fiocruz, já foram notificados 45.228 casos de SRAG em 2025. Desses, 42,9% tiveram confirmação laboratorial para algum vírus respiratório. O vírus sincicial respiratório (VSR) lidera entre os diagnósticos, com 38,4% dos casos, seguido por rinovírus (27,9%), covid-19 (20,7%), influenza A (11,2%) e influenza B (1,6%).
O repasse será destinado ao custeio de atendimentos na Atenção de Média e Alta Complexidade, voltados especialmente ao público infantil. Estados, municípios e o Distrito Federal poderão acessar os recursos mediante declaração de emergência em saúde pública relacionada ao crescimento de casos de SRAG. A liberação será feita por transferência fundo a fundo.
Como parte das ações preventivas, o Ministério da Saúde confirmou o Dia D de vacinação contra a gripe para 10 de maio. A campanha visa ampliar a cobertura vacinal entre os grupos prioritários e reduzir casos graves e óbitos. Segundo a pasta, a imunização contra a gripe pode diminuir em até 60% a gravidade das infecções.
Ao todo, o governo federal adquiriu 73,6 milhões de doses da vacina para 2025. A maior parte será aplicada no primeiro semestre nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, enquanto 5,9 milhões de doses serão reservadas para a região Norte, com base na sazonalidade local.
