Greve nos Correios. Carteiros esperam receber hoje uma proposta salarial vantajosa para retomar o trabalho
Ao contrário do que chegou a ser considerado por alguns cidadãos, não há possibilidade de retirar cartas e encomendas no balcão da agência de Montenegro. A greve nacional dos Correios afeta o deslocamento das correspondências, que começam a ficar acumuladas nos Centros de Distribuição das capitais. No Vale do Caí 85% dos serviços de distribuição estão paralisados e haveria cerca de 30 mil unidades aguardando entrega no Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) de Montenegro.
A reportagem do Ibiá tentou conversar com os gerentes locais, todavia eles foram orientados a não darem entrevista. Informações não oficiais garantem que o atendimento no balcão chegou a ser prejudicado ao longo da semana, com apenas um caixa funcionando. Mas, na sexta-feira, todos os servidores voltaram ao trabalho, normalizando o recebimento de correspondências e demais serviços oferecidos pela autarquia.
A informação quanto a demanda reprimida no Centro de Distribuição foi passada pelo movimento de greve, que se concentram em frente ao prédio na rua João Pessoa. Também revelaram que dos 24 carteiros lotados na unidade, apenas dois seguem trabalhando. Um reforço de colegas de outras cidades teria chegado, mas, por conhecerem pouco o mapa de Montenegro, devem ter contribuição sensível.
Na verdade, as retiradas no balcão seguem a rotina normal dos dias sem greve. Pois quando o destinatário ou endereço de entrega de carta, encomenda, revista ou boleto não são encontrados pelo carteiro, esse documento retorna e fica à disposição no balcão da agência. Uma das grevistas observou que os estados do Rio de Janeiro e São Paulo aderiram forte ao movimento, o que paralisa todo o Brasil.
Através de sua assessoria de imprensa, a gerência no Rio Grande do Sul reiterou o esforço para manter as entregas, orientando a população a esperar em casa. No final de semana foram realizados mutirões, da mesma forma ocorreu a liberação de horas-extras e foi convocado o apoio de empregados de outras unidades para triagem e distribuição.
Chamado de Plano de Continuidade de Negócios, colocando em prática em todos os municípios onde há paralisação parcial, pretende minimizar os impactos à população. A gerência lembrou também que a rede de atendimento está aberta e os serviços, inclusive o Sedex e o PAC, continuam disponíveis. Apenas os serviços com hora marcada (Sedex 10, Sedex 12, Sedex Hoje, Disque Coleta e Logística Reversa Domiciliária) estão suspensos.
A autarquia afirma ainda que 84,42% dos empregados em todo o país (91.651) estariam trabalhando normalmente. No Rio Grande do Sul, 86,32% do efetivo (6.426) não teria aderido a greve. A direção lembra que quinta-feira o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou, em decisão liminar, que a greve dos trabalhadores dos Correios é abusiva. Diante disso, os Correios aguardam o retorno dos empregados e adotarão as providências necessárias para ingressar com dissídio coletivo no TST.
Tendência é aceitar os 3%
Nesta segunda-feira, em Brasília, o comando de greve se reúne novamente com a presidência nacional dos Correios, que havia oferecido 3% de aumento a partir de janeiro de 2018. O sindicato dos servidores projetava como ideal 8%, a partir de 1º de agosto, data do dissídio.
Mas, diante da pressão e das ameaças de demissões e corte de ponto, a categoria deve aceitar os 3%, desde que retroativo. Ao menos a perda de benefícios (plano de saúde e vale alimentação) foi revertida. Os carteiros em greve desabafaram, ao apontar que possuem o mais baixo piso entre o funcionalismo federal (cerca de R$ 2,9 mil), sendo que os benefícios é que fazem valer a pena.
“A população não vê outro servidor trabalhando no sol e na chuva”, declarou uma servidora, que pediu para não ser identificada.