Carreta. Juntas de bois ainda são utilizadas para o trabalho na roça e também não deixam a desejar na lida campeira
Pesados, lentos, cara de maus e uma força bruta capaz de carregar quilos e mais quilos do que for. Essa é uma forma de definir a junta de bois formada por Leão e Alegre, utilizada pelo casal Elton Luis Müller, 53 anos, e Loiva Teresinha Müller, 52, na sua lida diária no campo. Moradores de Linha Lerner, do interior de São José do Sul, os dois também utilizam na roça o par formado por Queimado e Dourado. Chamando a atenção com sua carreta quando passam pela estrada, o casal é um dos que mantém vivo o costume de utilizar esses animais para o trabalho pesado na agricultura.
A opção por manter o hábito trazido pelos primeiros imigrantes é, em parte, por necessidade, uma vez que o casal já pensou várias vezes em comprar um trator, mas foi obrigado a mudar de ideia por diversas dificuldades, desde um acidente de moto sofrido por Elton até um tratamento contra o câncer de útero feito por Loiva. Outro fator são os declives de suas propriedades. “Tem muito morro e temos medos de colocar trator”, destaca a agricultora.
Apesar da vontade de um dia ter uma máquina, o casal se diz feliz em poder continuar trabalhando com as juntas de bois. Praticamente toda a produção da propriedade dos Müller é puxada da lavoura para o caminhão em carroças. “Puxamos laranja, carvão e mato de eucalipto. Trabalhamos com eles em tudo. Só para plantar e lavrar pegamos o trator através de convênio com a Prefeitura”, conta Loiva.
Mesmo enfrentando uma ou outra dificuldade – como quando uma junta se mostra mais arredia, caso de Queimado e Dourado –, Elton e Loiva garantem que é muito fácil trabalhar com os bois. Treinados para o trabalho duro da roça, os bois costumam obedecer imediatamente aos comandos dados através de puxões nas cordas ou gritos em alemão. Porém, o casal admite que não é fácil encontrar uma boa junta.
Como seu rebanho sofreu com uma doença no último ano, os agricultores acabaram perdendo suas juntas e tiveram que ir atrás de novos animais. “Encontramos bastante dificuldade para comprar uma junta. As que temos agora trouxemos de Triunfo e Brochier”, revelam. Eles destacam ainda que treinar uma parelha desde pequena é um trabalho que exige paciência e que leva tempo.